O Tambaqui Colossoma macropomum

O tambaqui Colossoma macropomum (Cuvier, 1818), é originário da América do Sul, onde habitam as áreas inundáveis das bacias dos rios Orinoco e Amazonas, é considerado o segundo maior peixe de escamas de água doce dessa região. Por ser um peixe de ambientes de várzea e igapó, desenvolveu características adaptativas e morfológicas que permitem a esta espécie viver em locais com baixas concentrações de oxigênio dissolvido na água, tal como o prolapso labial, que consiste no aumento do lábio inferior, permitindo ao animal captar a água da camada mais superficial, a qual possui elevadas concentrações de oxigênio” (SOUSA et al. 2016). Além disso o C. macropomum é onívoro com tendência a herbívoro, filtrador e frutívoro. Tem grande capacidade de digerir proteína animal e vegetal e de fácil adaptação à alimentação fornecida. (NUNES, 2006).

O tambaqui sendo um animal onívoro possui uma complexidade de enzimas digestórias especializadas no seu trato gastrointestinal, e os hábitos alimentares estão correlacionados com características fisiológicas e anatômicas do peixe, logo ao desenvolver uma ração para uma determinada espécie o pesquisador deve atentar-se as individualidades do animal que irá ser utilizado na pesquisa. (RIBEIRO et al. 2012). E por conta desse fato é estritamente essencial que se tenha pesquisas relacionadas a área de nutrição, levando em consideração ainda os gastos com a alimentação que chegam a 50% do custo total da produção. Além das despesas com nutrição dos peixes é válido ressaltar que a pesquisa se torna essencial por trazer dados como exigências nutricionais, afim de ter um aprimoramento na elaboração e produção de rações balanceadas que tenham uma maior resposta produtiva, adicionando aos animais saúde e diminuindo a poluição ambiental. (DAIRIKI e SILVA, 2011).

O conhecimento sobre tais informação do regime alimentar dos peixes nos traz ideias de adaptativas com intuito de formular novas rações com ingredientes alternativos visando duas coisas em potencial, minimizar os impactos ambientais e principalmente diminuir os gastos com a alimentação, e um componente alternativo utilizado é o glicerol. Segundo Balen et al. (2014) A adaptação é fácil de ser cultivada e para o animal consumir um número diversificado de alimentos um ingrediente de substituição é o glicerol, que é o principal subproduto gerado na produção de biodiesel, um combustível alternativo obtido a partir de lipídios renováveis. Estima-se que até 2016 o mercado de biodiesel mundial vai atingir a quantidade de 37 bilhões de litros, o desenvolvimento de novos mercados para absorver a produção de glicerol bruto pode reduzir a acumulação, e uma alternativa para superar este problema é o uso como alimentação animal de energia.

Justificativa

Segundo o IBGE, em 2015 a produção total de peixes foi de 483.241 toneladas, com aumentos nas Regiões Norte (6,2%), Sudeste (12,7%) e Sul (13,1%). No Nordeste e Centro-Oeste, foram registradas quedas de 4,7% e 19,7%, respectivamente. A segunda espécie mais criada no Brasil foi o tambaqui, com 28,1% do total de peixes em 2015. Sua despesca foi de 135.867 toneladas, representando uma queda de 2,7% em relação a 2014. (CARVALHO, 2016).

Em todo mundo houve um crescimento significativo no consumo de peixe o que tem reforçado as dietas das pessoas à procura de uma alimentação diversificada e nutritiva, sendo o peixe uma fonte rica de fácil digestão, com alta taxas proteínas de qualidade com todos aminoácidos além da cadeia ômega-3 e ácidos graxos, vitaminas (D, A e B) e minerais (incluindo o cálcio, o iodo, zinco, ferro e selênio).  O peixe é extremamente rico em gorduras insaturadas que fornece benefícios para a saúde evitando algumas doenças cardiovasculares como também a obesidade. (FAO, 2016).

Com o crescimento da aquicultura diversos pesquisadores procuram alternativas para formular dietas cada vez mais eficientes e econômicas, como cortes de custos de alimentação para aproximadamente 70% dos custos totais de produção. Para além da investigação aquícola, vários estudos têm sido realizados sobre o uso de fontes de energia renováveis, em especial biodiesel. Com o aumento da produção de biodiesel, uma potencial nova ração de energia está disponível: glicerina bruta, um subproduto da produção de biodiesel (PERES et al. 2005).

O tambaqui é uma espécie que se destaca por apresentar diversas características que tornam possível a criação em cativeiro em praticamente todos os estados brasileiros (ARAUJO-LIMA e GOULDING, 1997). Apesar disso, a escassez de estudos que ajudem no entendimento da fisiologia do sistema digestório na literatura, dificulta o desenvolvimento de atividades produtivas nutricionais, preparo de rações, manejo alimentar e minimização dos impactos ambientais gerados pela atividade de piscicultura (FERNANDES et al. 2014).

1. Objetivos

1. Objetivo Geral

Avaliar a influência nutricional do Glicerol Bruto adicionado nas rações de tambaqui em viveiros.

1. Objetivos Específicos

- Quantificar alterações bioquímicas dos tambaquis no período que ocorrer o experimento

- Analisar a digestibilidade aparente das rações fornecidas como alimento para os animais

- Fazer análise histológica do trato intestinal de alevinos de tambaqui

- Realizar uma análise bromatológica dos animais estudados

1. Referências

BALEN, R. E.; TETU, P. N..; BOMBARDELLI, R. A.; POZZA, P. C.; MEURER, F. Digestible energy of crude glycerol for pacu and silver catfish. Ciência Rural, Santa Maria, v.44, n.8, p. 1448-1451, ago, 2014.