Esporte uma abordagem com a fenomenologia

KUNZ, Elenor. Esporte: uma abordagem com a fenomenologia. Movimento, vol. VI, núm. 12, 2000, pp. I-XIII Escola de Educação Física – Rio Grande do Sul, Brasil.

Esclarecimentos Introdutórios

A refletir sobre o assunto esporte precisei de muito tempo de estudo e reflexão. Sempre poderá emergir novas ideias, como as diferentes formas de apresentação do esporte no contexto social, de rendimento, de lazer, da escola etc. aspectos polêmicos existem, e muitos, em relação às abordagens sobre o esporte na atualidade.

Análise de algumas perspectivas temáticas sobre o esporte

O esporte constitui-se hoje num dos mais importantes objetos de análise, não apenas das ciências do esporte, mas de múltiplas abordagens literárias.

O esporte como fenômeno sociocultural complexo é visto em três níveis de análises, conforme as estruturas representativas de seu desenvolvimento.

1. Representação prática, quer dizer, de sua efetiva realização em diferentes contextos, formas e participantes;

2. Representação de imagem midiática, isto é, da formação de significados e parâmetros de agir no e pelo esporte a partir da imagem fornecida pela mídia;

3. Representação simbólica, com a construção de uma simbologia da realidade esportiva a partir de conceitos teóricos especialmente desenvolvidos pelas ciências do esporte.

Por meio dessas análises distinguem-se, hoje, dois grandes campos de atuação do esporte. Em primeiríssimo lugar, o esporte do chamado leque olímpico fundado sobre valores físicos como força, velocidade, resistência, coordenação e flexibilidade, entre outros.

Para o desenvolvimento desse esporte, o profissional da área, notadamente o professor de educação física, encontra à sua disposição amplo suporte teórico e tecnológico que permite tanto avaliações sistemáticas, como desenvolver avanços e aperfeiçoamento no desempenho esportivo.

A Fenomenologia

A fenomenologia tem sua origem em Edmund Husserl (1859-1938). Husserl inaugurou o que ficou conhecido como “movimento fenomenológico”, com sua primeira obra, As investigações lógicas (1900-1901). Tratava-se de resgatar o significado original e puro da filosofia que, desde a filosofia grega, discutia a dicotomia entre opinião (doxa) e verdade (episteme).

Essa ideia de resgate de uma verdadeira filosofia nasce de Husserl, pelo sentimento de crise da cultura que dominava suas preocupações teóricas. A ciência no seu modelo positivista que preenchia os espaços pela ausência de um pensamento filosófico mais rigoroso. Logo, os primeiros escritos de Husserl já eram dominados por uma crítica às ciências formais que se interessavam unicamente pela busca de conhecimento objetivos transformados em leis pela experimentação comprovada de sua verdade.

A fenomenologia é, muitas vezes, conhecida como filosofia das essências, o que não é bem verdade. Talvez fosse melhor dizer o “estudo das aparências”. O ser de cada fenômeno é sua aparência. O problema para a fenomenologia é, no entanto, que o que aparece, a facticidade do real, é sempre mais rico do que dele podemos apreender pela nossa percepção. A aparência não esconde a essência, mas ela a revela: ela é a essência.

O objetivo da fenomenologia é “chegar às coisas mesma” pela descrição não pela analise nem pelo esclarecimento interpretativo. A fenomenologia interessa-se pelo mundo das experiências,