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Os Distúrbios Neurológicos

Por:   •  17/8/2018  •  Pesquisas Acadêmicas  •  8.085 Palavras (33 Páginas)  •  281 Visualizações

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COLERA

CONCEITO

A cólera (CID A00.9) é uma doença infecciosa intestinal aguda causada pela enterotoxina do Vibrio cholerae O1 ou O139. É de transmissão predominantemente hídrica.

Doença infecciosa aguda, transmissível, caracterizada, em sua forma mais evidente, por diarréia aquosa súbita, cujo agente etiológico é o Vibrio cholerae (bactéria Gram negativa, em forma de bastonete encurvado, móvel), transmitida principalmente pela contaminação fecal da água, alimentos e outros produtos que vão à boca. A cólera é um modelo clássico de enterotoxigenicidade.

As manifestações clínicas ocorrem de formas variadas, desde infecções inaparentes ou assintomáticas até casos graves com diarreia profusa, podendo assinalar desidratação rápida, acidose e colapso circulatório, devido a grandes perdas de água e electrólitos corporais em poucas horas, caso tais perdas não sejam restabelecidas de forma imediata. Os quadros leves e as infecções assintomáticas são mais frequentes do que as formas graves.

ETIOLOGIA

O agente etiológico da cólera é o Vibrio cholerae O1 toxigênico ou O139, bacilo gram negativo, com flagelo polar, aeróbio ou anaeróbio facultativo, isolado por Koch no Egipto e na Índia, em 1884, inicialmente denominado de Kommabazilus (bacilo em forma de vírgula).

O Vibrio cholerae é um bacilo Gram negativo, móvel, por flagelação polar e pertencente à família Vibrionaceae. Pode ser classificado em dois biótipos:

- Clássico

- El Tor

Dependendo da constituição antigênica podem ser divididos em três sorotipos:

- Inaba

- Ogawa

- Hikojima.

Poder imunogênico: independentemente de a infecção ter sido clínica ou subclínica, os antígenos e a toxina do Vibrio cholerae induzem, no homem, a produção de anticorpos aglutinantes e vibriocidas (antígenos somáticos) e anticorpos neutralizantes (toxina). Os anticorpos vibriocidas persistem por tempo mais curto e as antitoxinas por mais tempo.

Os antígenos são:

- Antígeno H flagelar;

- Antígeno O somático, que o classifica em grupos; no grupo O1, toxigênico, os antígenos A, B e C, em diferentes combinações, identificam os sorotipos;

- Antígeno da toxina.

Os dois biótipos de Vibrio cholerae O1: o clássico, foi descrito por Koch, e o El Tor, isolado por Gotschlich em 1906, de peregrinos procedentes de Meca, examinados na estação de quarentena de El Tor, no Egipto. Ambos os biótipos são indistinguíveis bioquímicas e antigenicamente; de igual forma, enquadram-se na espécie Vibrio cholerae e integram o sorogrupo O1, que apresenta três sorotipos, denominados Ogawa, Inaba e Hikojima.

CARACTERÍSTICAS DO AGENTE ETIOLÓGICO, RELACIONADAS AO HOSPEDEIRO

- Infectividade (capacidade de se alojar e multiplicar no hospedeiro): é relativamente baixa, variando a 1 dose infectante entre 106 a 1010.

- Patogenicidade (capacidade de induzir a doença): varia conforme o biótipo, sendo maior no clássico (1 caso grave para cada 5 infectados) e baixa no El Tor (1:25 a 1:100). A contrapartida de se ter uma predominância de casos leves ou inaparentes, é que a maioria das fontes de infecção é desconhecida. ou O biótipo El Tor é menos patogénico que o biótipo clássico e causa, com mais frequência, infecções assintomáticas e leves. A relação entre o número de doentes e o de portadores com o biótipo clássico é de 1:2 a 1:4; com o biótipo El Tor, a relação é de 1:20 a 1:100.

- Virulência (gravidade da doença): avaliada pela letalidade e considerando a história natural da doença, é alta, sendo maior em gestantes. Na presença de tratamento precoce e adequado, a letalidade cai para menos de 1%.

- Resistência: é sensível ao dessecamento, exposição ao sol, cloro e outros desinfectantes, fervura, pH menor do que 5 e à competição com outros germes. A curva de sobrevida é maior com um rápido congelamento (80ºC/minuto) do que no congelamento lento (2ºC/minuto). Pode sobreviver em meios como leite ou estrato de carne por mais de um mês à temperatura de -20ºC e por muito mais tempo a -70ºC. O vibrião El Tor adapta-se bem à água salobra e aos moluscos e crustáceos, o que permite sua permanência prolongada.

Outro factor que favorece a disseminação do biótipo El Tor é a maior resistência deste às condições externas, que o permite sobreviver por mais tempo do que o biótipo clássico no meio ambiente. Essas características do El Tor dificultam significativamente as acções de vigilância epidemiológica e,na prática, impedem o bloqueio efectivo dos surtos de cólera, principalmente quando ocorrem em áreas com precárias condições de saneamento.

ECOLOGIA

O Vibrio cholerae é um microorganismos autóctone natural do ecossistema aquático e pode ser encontrado em forma livre na água ou associado ao zooplâncton, ao fitoplâncton, às plantas e aos organismos marinhos, como peixes, ocasionando a contaminação passiva da ostra e do mexilhão, no processo de filtração da água que contenha o plâncton. Dentre os factores abióticos mais estreitamente relacionados à sobrevivência do agente da cólera, destacam-se:

 a) A temperatura da água: a faixa mais favorável situa-se entre 10º e 32º C. Nessa variação, o V. cholerae tende a se localizar na superfície. Com a temperatura abaixo de 10º C, a bactéria tende a se localizar no sedimento na forma viável, porém não cultivável.

b) A salinidade: na faixa de 0,3% a 1,79%, a salinidade concorre para a maior viabilidade do vibrião. Abaixo de 0,3%, a viabilidade passa a depender da concentração de nutrientes orgânicos e da temperatura mais elevada, particularmente em água doce.

c) O pH: mais favorável na faixa de 7,0 a 9,0, com limites de tolerância de 5,5 a 10,0, principalmente no caso do biótipo El Tor.

d) A humidade: o Vibrio cholerae não resiste à dissecação. Experimentalmente, o Vibrio cholerae pode sobreviver de 10 a 13 dias em temperatura ambiente e até 60 dias em água do mar sob refrigeração. Em água doce, sua sobrevivência atinge até 19 dias; em forma de gelo, de quatro a cinco semanas.

As observações em ambiente marinho assinalam a maior sobrevivência em águas costeiras e estuarinas, em contraposição as de alto mar. Seja por alteração de qualidade e quantidade de organismos marinhos, ou da salinidade, o Vibrio cholerae não é detectado em pescados de alto mar. Entretanto, seu isolamento nas águas doces superficiais e de estuários somente é possível quando a contaminação fecal for constante. Isso significa que, aparentemente, não há fixação ou multiplicação da bactéria no ambiente de água doce, ao contrário das observações de água marinha

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