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A DESCOBERTA DE NOVOS FÁRMACOS

Por:   •  28/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  988 Palavras (4 Páginas)  •  373 Visualizações

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DESCOBERTA DE NOVOS FÁRMACOS

O processo de pesquisa e desenvolvimento de fármacos é complexo, longo e de alto custo. O uso de medicamentos pode ter vários impactos na sociedade: podem aumentar a expectativa de vida das pessoas ou podem aumentar os custos de atenção à saúde se usados de maneira incorreta ou em decorrência de reações adversas (NASCIUTTI, 2012).

Desde os primórdios da civilização, o homem busca recursos naturais a fim de saciar sua fome, aliviar a dor e no tratamento de doenças. Entretanto, a utilização de plantas medicinais foi propagada no Egito, Índia e China há mais de 8.000 anos, sendo posteriormente praticado por outras regiões (BARBERATO FILHO, 2006).

Há ainda registros do manejo de diversas plantas medicinais há muitos anos a.C, como a Papoula (Papaver somnniferum), maconha (Cannabis sativa), babosa (Aloe vera) entre outras. No entanto, apenas no século XIX é que se iniciou os estudos pelas substâncias ativas nessas plantas, aparecendo assim os primeiros medicamentos com as características que conhecemos hoje (NASCIUTTI, 2012).

O médico e pesquisador Paul Erlich estabeleceu conceitos essenciais acerca do mecanismo de ação dos medicamentos, o que possibilitou a criação de novos medicamentos. A partir das descobertas de Paul Erlich foi possível estabelecer conceitos relativos sobre os receptores farmacológicos. Em 1906, Paul Erlich trabalhava com corantes e decidiu modificar as estruturas dos compostos chamados arsenobenzenos. Após sintetizar 606 compostos, descobriu a arsfernamina, mais tarde denominado como Salvarsan, utilizado no tratamento de sífilis. No início do século XX surgiram ainda importantes fármacos que marcaram a história como a sulfonamida e, mais tarde a penicilina por Alexander Fleming em 1928. Outras conquistas de Paul Erlich para a saúde foram as primeiras noções sobre pesquisa clínica, desenhando os primeiros protocolos clínicos para avaliar a eficácia dos fármacos. (CALIXTO & SIQUEIRA JÚNIOR, 2008).

Portanto, entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial surgiu a necessidade de realizar estudos pré-clínicos em animais para avaliar a ação de novos compostos e possíveis efeitos tóxicos, sugerido por Ceiling e Cannon (1938) após um acidente ocorrido nos Estados Unidos, onde 76 pessoas  morreram após o uso de Sulfonamida contendo 72% de dietilenoglicol como solvente altamente tóxico que causa insuficiência renal e hepática (CALIXTO & SIQUEIRA JÚNIOR, 2008).

A partir disso foi criado o código de Nuremberg, válido até hoje estabelecendo os seguintes critérios antes do fármaco ser administrado em humanos voluntários:

  • composição química;
  • método de preparação e grau de pureza estabelecidos;
  • testes de toxicidade aguda e crônica por doses repetidas (segurança) em diferentes espécies animais;
  • completa análise patológica em diversos órgãos animais (especialmente rins e fígado);
  • absorção, excreção e concentração nos tecidos conhecidas;
  • e se ocorre interação com outros medicamentos e alimentos;

Paralelamente foi criado nos Estados Unidos a “Food and Drug act”, que posteriormente passou a ser denominada de Agência Americana para o Controle de Alimentos e Medicamentos (FDA), que tem o objetivo de assegurar que os medicamentos humanos e veterinários e as vacinas e outros produtos biológicos e dispositivos médicos destinados ao uso humano sejam seguros e eficazes. No Brasil, o órgão responsável pela vigilância sanitária é a ANVISA (CALIXTO & SIQUEIRA JÚNIOR, 2008).

Surgiram então, os estudos clínicos conhecidos hoje como pesquisa pré-clínica, pesquisa clínica (fase I, II e III), e pesquisa pós-comercialização (farmacovigilância).

  • Pesquisa pré-clínica

O estudo pré-clínico é realizado por testes in vitro (ensaios laboratoriais sem o uso de animais) e in vivo (ensaios laboratoriais com o uso de animais). Estas etapas têm o objetivo de analisar se a substância ativa encontrada ou sintetizada é eficaz e segura (LIMA et al., 2003).

  • Pesquisa Clínica

A pesquisa clínica é o estudo sistemático que segue métodos científicos aplicáveis aos seres humanos, denominados voluntários da pesquisa, sadios ou enfermos, de acordo com a fase da pesquisa.

  1. Fase I: esta fase é realizada em grupos de voluntários sadios. Tem a duração de aproximadamente 3 anos e possui o objetivo de definir a melhor dose tolerada pelos seres humanos (LIMA et al., 2003);
  2. Fase II: esta fase é realizada em um grupo maior de voluntários enfermos pela doença investigada. Os objetivos são avaliar sua eficácia, estabelecer uma melhor dose e a melhor via de administração. Duração de aproximadamente 3 anos (LIMA et al., 2003);
  3. Fase III: Nesta fase a dose e o regime terapêutico estão parcialmente definidos. O número de voluntários é maior e avalia a efetividade da droga em relação aos tratamentos existentes, ou placebo se for o caso. Possui duração de aproximadamente 4 anos (LIMA et al., 2003).
  • Pesquisa pós-comercialização (farmacovigilância)

 Esta fase se inicia após a inserção do novo medicamento ao mercado. Estas pesquisas são executadas com base nas características com que foi autorizado o medicamento. Geralmente são estudos de vigilância pós-comercialização para estabelecer o valor terapêutico, o surgimento de novas reações adversas e/ou confirmação da frequência de surgimento das já conhecidas (CGEE, 2017; LIMA et al., 2003).).

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