Amputação de membros inferiores (CARVALHO,2003)
Por: camisss • 23/9/2015 • Resenha • 10.197 Palavras (41 Páginas) • 1.284 Visualizações
Amputações de membros Inferiores
- História
As amputações de membros são extremamente antigas. A evidência mais antiga é de um crânio humano de 45 mil anos, com os dentes desgastados e alinhados, que indicam a amputação de membros superiores.
Também existem evidências de pinturas em cavernas da França e Espanha com aproximadamente 36 mil anos, que retratam mutilações de membros superiores.
A referencia escrita mais antiga sobre amputações é o Rig-veda, um antigo poema sagrado indiano que conta a história de uma rainha guerreira que, com um membro inferior amputado por ferimento de guerra, confeccionou uma prótese de ferro e retornou à batalha.
As primeiras amputações eram feitas, principalmente, para retirar o tecido que já estava morto. Isso devido à falta de tecnologia para conter o sangramento e a falta de sensibilidade do tecido já necrosado.
Os avanços nas cirurgias de amputação acompanhavam as grandes guerras. O número de soldados amputados durantes as batalhas era extremamente elevado, o que forçou o avanço das pesquisas em reabilitação. A maior preocupação era colocar esses soldados em pé novamente para retornarem ao campo de batalha.
Desde então novas técnicas cirúrgicas, novos medicamentos e novos conceitos de reabilitação foram evoluindo e continuam em desenvolvimento, proporcionando uma melhora na qualidade de vida dos amputados, os quais, nos dias de hoje, se encontram totalmente reintegrados à vida social e profissional.
- Definições
Amputação é uma palavra derivada do latim: ambi = ao redor de/ em torno de e putatio= podar/retirar.
Podemos definir o termo amputação como sendo a retirada, geralmente cirúrgica, total ou parcial de um membro.
- O Coto
O coto é o membro residual da amputação, agora, considerado um novo membro, responsável pelo controle da prótese durante o ortostatismo e a deambulação. Para que isso seja possível ele precisa apresentar as seguintes características:
- Nível adequado: não pode ser muito longo ou muito curto;
- Coto estável: a presença de deformidades nas articulações proximais ao coto podem dificultar a deambulação e a protetização;
- Presença de um bom coxim com mioplasia e miodese;
- Bom estado da pele: pele com boa sensibilidade e sem úlceras;
- Ausências de neuromas terminais e espículas ósseas: a presença de neuromas ou espículas impede o contato e a descarga distal;
- Boa circulação arterial e venosa: evitar isquemia e estase sanguínea;
- Boa cicatrização: as suturas devem ser realizadas em locais adequados conforme o nível de amputação. Não devem ser irregulares, hipertróficas (elevadas no limite da ferida original) ou apresentar aderências, retrações, deiscências (abertura espontânea das suturas) e supurações (liberação de pus);
- Ausência de edema importante.
Para que o coto apresente essas características depende dos seguintes fatores:
- Mioplastia: utilizada para fixar as extremidades dos músculos antagônicos e para proteger o coto ósseo distal;
- Miodese: reinserção dos músculos e tendões seccionados á extremidade óssea amputada;
- Hemostasia: cauterização dos vasos, visando conter hemorragias;
- Neurectomia: deve ser realizada com leve tração e corte brusco. O coto nervoso deve estar profundo e protegido pelos tecidos musculares, previnindo neuromas terminais (tumor nervoso);
- Tecido ósseo: deve ser realizada a ressecção (retirada) das arestas e arredondamento das bordas para evitar áreas ósseas salientes e crescimento de espículas (matriz óssea na formação de um novo osso);
- Suturas: realizadas em planos para se evitar aderências cicatriciais e sem tensões exageradas;
- Posicionamento: evitar as retrações e encurtamentos musculares.
- Etiologia das Amputações
O perfil das amputações mudou muito nos últimos tempos, devido ao avanço dos medicamentos, quimioterapia e radioterapia, fixadores externos, técnicas cirúrgicas, entre vários outros fatores.
Nas amputações de membros inferiores, podemos encontrar etiologias relacionadas a processos:
- Vasculares; sendo esses responsáveis pelo maior numero de amputações de membros inferiores;
- Neuropáticos;
- Traumáticos;
- Tumorais;
- Infecciosos;
- Congênitos;
- Iatrogênicos;
As amputações de membros inferiores causadas por doenças vasculares periféricas são mais comuns em pacientes com uma faixa etária maior, os quais são mais suscetíveis a doenças como arteriosclerose (enrijece a artéria e diminui o fluxo sanguíneo). As doenças vasculares podem ser arteriais, venosas ou linfáticas.
A neuropatia periférica também é considerada um fator etiológico. Dentre as neuropatias, a neuropatia diabética tem levado a altos índices de amputações. Os pacientes com neuropatia diabética apresentam diminuição dou perda da sensibilidade vibratória, térmica, tátil e dolorosa, aumentando o risco de ulcerações em pés diabéticos.
As amputações traumáticas acometem, principalmente, adolescentes e adultos jovens, os quais estão mais expostos a acidentes de trabalho e automobilísticos. Encontramos também amputações causadas por arma de fogo, queimaduras graves e descarga elétrica. Com o avanço das técnicas cirúrgicas e a utilização de fixadores externos, tem diminuído razoavelmente as amputações por traumas.
As amputações tumorais ocorrem principalmente em crianças e adolescentes. Também tem diminuído bastante, devido aos avanços no diagnostico precoce e a tratamentos como quimioterapia e radioterapia.
As amputações infecciosas, como o nome já diz, são causadas por infecções. Tem sido menos frequente devido ao grande avanço laboratorial e do desenvolvimento de medicamentos mais específico.
Os pacientes portadores de anomalias congênitas, geralmente crianças, são encaminhados para cirurgia quando apresentam deformidades que impedem a protetização ou dificultam a função do membro residual.Podem ser anomalias transversais, que são parecidas com as verdadeiras amputações, pois há ausência total ou parcial do membro; ou podem ser anomalias longitudinais, que apresentam uma falha na formação longitudinal com ausência parcial ou total de um segmento do membro unido a extremidade distal deste.
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