BLOQUEIO DE NERVO PERIFÉRICO NO CONTROLE DA DOR CRÔNICA EM PACIENTES ONCOLÓGICOS: REVISÃO DE LITERATURA
Por: Juciê Vasconcelos • 24/11/2017 • Trabalho acadêmico • 2.691 Palavras (11 Páginas) • 531 Visualizações
BLOQUEIO DE NERVO PERIFÉRICO NO CONTROLE DA DOR CRÔNICA EM PACIENTES ONCOLÓGICOS: REVISÃO DE LITERATURA
PERIPHERAL NERVE BLOCK IN THE CONTROL OF CHRONIC PAIN IN CANCER PATIENTS: LITERATURE REVIEW
Alice Rachel Bandeira de Araújo, Indira Maria de Almeida Barros, Mariana Bezerra Doudement, Juciê Roniery Costa Vasconcelos Silva, Sávia Normando
ABSTRACT
KEYWORDS
Nerve block; cancer pain; chronic pain
RESUMO
PALAVRAS-CHAVE
Bloqueio do nervo; dor oncológica; dor crônica.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão bibliográfica sistemática de abordagem descritiva acerca do controle da dor crônica em pacientes oncológicos a partir do bloqueio de nervo periférico. Dessa forma, utilizaram-se, como bases de dados, os seguintes periódicos eletrônicos: LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde), Biblioteca COCHRANE, MEDLINE/PubMed – NCBI (National Center for Biotechnology Information) e EMBASE (Excerpta Medica Database) .
Quanto aos critérios de inclusão, introduziram-se apenas artigos escritos na língua inglesa; publicados e indexados entre os anos de 2008 e 2016 nas bases de dados escolhidas; e que retratassem na íntegra a terapia do bloqueio de nervo periférico para controlar a dor crônica sofrida pelos pacientes com neoplasias malignas. Em relação aos critérios de exclusão, dispensaram-se os artigos que se distanciavam da temática central desta revisão; e aqueles presentes em mais de uma base de dados foram contabilizados apenas uma vez.
Sendo assim, para a construção deste artigo, aplicou-se o seguinte questionamento: Seria o bloqueio de nervo periférico uma conduta eficaz para a melhora da qualidade de vida de pacientes oncológicos no controle da dor crônica? Para isso, foram coletados 27 artigos relacionados à temática abordada nesta revisão de literatura, e destes, apenas 06 foram excluídos com base nos critérios de inclusão e de exclusão mencionados anteriormente. Além disso, os descritores utilizados nas bases de dados foram: bloqueio de nervo, dor oncológica e dor crônica.
DESENVOLVIMENTO
A Organização Mundial de Saúde (OMS) defende fortemente o alívio da dor moderada e grave no câncer, uma vez que a maioria dos pacientes com câncer precisa de cuidados paliativos e de controle da dor. (THAPA, D.; RASTOGI, V.; AHUJA, V., 2011) Mais de dois terços dos pacientes com câncer metastático experimentam dor e a maioria dos pacientes com câncer continua apresentando dor moderada a intensa que, lamentavelmente, permanece subtratada (GHOSH. A.; BERGER A., 2014), sendo que a dor crônica afeta um em cada cinco pacientes com câncer. (KISSOON, N. R. et al., 2014)
Dentre a literatura revisada, os autores convergem com o fato de o tratamento da dor crônica – sem caráter fixo, com múltiplas etiologias complexas e recorrente (THAPA, D.; RASTOGI, V.; AHUJA, V., 2011) – de pacientes oncológicos ser uma tarefa desafiadora e contínua. Assim, necessita de uma boa avaliação para fornecer melhores resultados e qualidade de vida aos pacientes.
O tumor ou sua avaliação contribui para até 90% da dor enquanto o resto é atribuído a outros geradores de dor não relacionados. Destes 90%, 70% é devido à invasão tumoral ou compressão de tecido mole, osso ou estruturas neurais, enquanto 20% da dor é devido a procedimentos relacionados à avaliação ou terapêutica. (THAPA, D.; RASTOGI, V.; AHUJA, V., 2011) Desse modo, invasão perineural por células de câncer pancreático, juntamente a destruição enzimática do pâncreas podem levar a dor crônica, exemplifica RANA, M. V. et al. (2014).
Muitos pacientes que possuem neoplasias malignas com dor crônica obtêm um alívio da dor satisfatório a partir das recomendações atuais – uso de medicamentos não-analgésicos opióides, opióides e co-analgésicos e opióides espinhais – publicadas pela Associação Européia de Cuidados Paliativos (AECP) e pela OMS. (KLEPSTAD P., 2015) No entanto, um subconjunto de pacientes com doença avançada desenvolve dor intratável que pode exigir intervenções adicionais, como bloqueios regionais e terapia intratecal. (GEBHARDT R.; WU K., 2013) Desse modo, essa abordagem consiste em bloquear os nervos periféricos e, assim, impedir a sinalização de dor pelo tumor para o sistema nervoso. (KLEPSTAD P., 2015) Além disso, o bloqueio do nervo periférico também pode diminuir a dose necessária de analgésicos convencionais e a inovação nos procedimentos cirúrgicos em técnicas anestésicas, incluindo o uso de ultrassom para identificar os nervos, têm expandido o uso desta terapia. (KLEPSTAD P., 2015)
BLOQUEIO DO PLEXO CELÍACO
O bloqueio do plexo celíaco feito por neurólise é muito utilizado como cuidado paliativo para alívio da dor abdominal em cânceres de vísceras abdominais superiores, principalmente no câncer de pâncreas. ( THAPA, D. et al, 2011; GEBHARDT R.; WU K., 2013) Uma variedade de abordagens foram descritas, de forma que quando alia-se o método da endoscopia guiada pelo ultrassom (sigla em inglês EUS) há um aumento na eficácia do tratamento da dor em 73% dos pacientes com câncer de pâncreas devido a melhor visualização do gânglio a ser atingido pelo bloqueio.( KAUFMAN, M. et al.2010) A seleção da técnica utilizada deve considerar a instalação existente e a extensão da malignidade. ( THAPA, D. et al, 2011;) A localização do tumor pancreático influi na eficácia do alívio da dor, sendo mais eficiente quando o tumor está no corpo ou cauda do pâncreas. (KAUFMAN, M. et al.2010).Embora haja pouco impacto na sobrevida do paciente, devido a curta duração do bloqueio de 4 semanas, há uma diminuição no uso de opióides e consequentemente da constipação melhorando a qualidade de vida do paciente ( KAUFMAN, M. et al.2010; THAPA, D. et al, 2011, RANA, M. V. et al. 2014)
BLOQUEIO DO PLEXO HIPOGÁSTRICO SUPERIOR
A dor pélvica, perianal ou pelviperineal relacionada ao câncer pode ser aliviada por meio da neurólise do plexo hipogástrico superior (GEBHARDT R.; WU K., 2013; MOHAMED S.A-E, 2013) O alívio desta comorbidade foi observado em 69% a 79% dos pacientes além de reduzir entre 43% a 72% o consumo de opióides após o bloqueio do plexo. ( THAPA, D. et al, 2011; MISHRA, S. et al.2013). A técnica tradicional de bloqueio anterior pode acarretar em perfuração de vísceras que estão acima do plexo como bexiga e intestino, de forma que, se ocorrer perfuração deste último há um risco de infecção. (MISHRA, S. et al.2013; MOHAMED S.A-E,2013) O bloqueio hipogástrico inferior é mais seguro porque elimina o risco de ferir tais estruturas (MOHAMED S.A-E,2013) A técnica celíaca e o bloqueio do plexo hipogástrico superior guiada por ultrassonografia é uma técnica segura, menos demorada e pode ser feito no leito do paciente (MISHRA, S. et al.2013)
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