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Espinha bífida

Por:   •  20/4/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.954 Palavras (8 Páginas)  •  401 Visualizações

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Intervenção em Crianças com Défice

Motor

Spina BífidaQuística – Mielomeningocelo

1. Introdução

O presente trabalho, realizado no âmbito da disciplina “Heterogeneidade — Estudos Aprofundados em Problemas Cognitivos e Motores” e “Intervenção Diferenciada em Problemas Cognitivos e Motores” da Pós- Graduação em Educação Especial, constitui uma abordagem teórica do quadro clínico-patológico de Spina Bífida Manifesta com Mielomeningocelo, numa aluna fictícia, naquilo que são as suas características gerais e possíveis estratégias de intervenção, em contexto escolar, na área da linguagem.

A escolha do tema revestiu-se como a oportunidade de investigar mais acerca de uma realidade onde sentíamos conhecimentos insuficientes e, nessa medida, escassa preparação para, eventualmente, intervir.

1. Estudo de caso / Enquadramento teórico

1. Identificação

M. é uma criança de doze anos, do sexo feminino, nascida a 10 de Janeiro de 1995, através de cesariana, previamente combinada entre a parturiente e o obstetra, devido à idade tardia da mãe (45 anos e primeira gravidez) e ao diagnóstico pré-natal de patologia no tubo neural do feto.

Após o nascimento, confirmou-se uma patologia no tubo neural, mais concretamente, Espinha Báfida Manifesta com Mielomeningocelo, isto é, protusão com meninges e raízes nervosas, ao nível da região lombo-sacra.

2. Escolaridade

M. frequenta o 5° ano de escolaridade numa EIB 2,3 de Braga, apesar de apresentar uma inteligência normal, evidencia défices cognitivos, dificuldades específicas de aprendizagem e de relacionamento, mostrando-se muito introvertida e anti-social.

O percurso escolar de M. aponta três reprovações, fruto de longos períodos de doença e/ ou de internamento, e, consequentemente, grandes lacunas a nível de pré-requisitos, nas várias disciplinas. A Encarregada de Educação, as Directoras de Turma, a Professora do Ensino Especial, perante as lacunas evidenciadas pela aluna, assim como uma certa imaturidade, mostraram-se coniventes com as referidas reprovações.

3. Descrição do quadro patológico

Como já foi anteriormente referido, M. apresenta Spina Bífida Manifesta sob a forma quística - Mielomeningocelo.

Etimologicamente, o termo Spina BjJïda remete-nos para a expressão “espinha dividida ou cindida”, podendo ser entendida como uma “deficiência na zona óssea da coluna vertebral, a qual, durante os dois primeiros meses de gravidez, não se desenvolveu de forma a constituir um só elemento” (Associação Americana da Espinha Bífida) ou como uma “patologia decorrente do anormal encerramento do canal ósseo da coluna vertebral, a qual pode acompanhar-se de anomalias nas estruturas nervosas subjacentes. Ocorre no período embrionário e pode localizar-se em qualquer nível do neuroeixo, sobretudo na região sacrolombar.” (Wright, 1980) Verifica-se, deste modo, que a espinha bífida consiste numa malformação congénita que ocorre nos primeiros meses de gestação, na embriogénese, em virtude do encerramento defeituoso do tubo neural e que poderá afectar as vértebras, a espinal medula, as meninges e até o encéfalo. Nesta medida, o indivíduo vê afectada a recepção e a emissão de ordens motoras provenientes do sistema nervoso central, o que, inevitavelmente, afectará significativamente a sua autonomia quotidiana.

Esta malformação varia em gravidade, apresentando desde defeitos insignificantes dos arcos vertebrais L5 ou Si a grandes malformações da espinal-medula torácica, daí os termos SB oculta e SB manifesta.

A SB oculta é comum, é o grau mais ligeiro desta malformação congénita e verifica- se quando existe apenas uma falha nos arcos vertebrais acompanhada ou não de malformação medular, mas sem protusão. Frequentemente é assintomática, não apresentando consequências que interfiram com a qualidade de vida e segundo Nielsen (1997), pelo menos 40% dos americanos apresentam espinha bífida oculta que só é diagnosticada, aquando de exames radiográficos. Apenas uma marcha atípica com ligeira descoordenação motora dos membros inferiores, deformidades motoras nos joelhos e nos pés, bexiga espástica, frequentes infecções urinárias, tufos de pêlos, parésias flácidas poderão ser indicadores desta patologia.

No que concerne à SB Manifesta, o quadro clínico surge bem mais complexo e grave. A lesão evidencia-se através de uma protusão em forma de quisto, na área da coluna vertebral afectada, podendo surgir sob duas formas distintas: meningocelo e mielomeningocelo.

A SB Manifesta com Meningocelo apresenta uma bolsa que contém tecidos que cobrem a espinal-medula, as meninges, e líquido cefalorraquidiano, que protege o cérebro e a espinal-medula. Frequentemente, está localizado na região sacrolombar, mas pode também surgir nas regiões cervical e lombar. Comparativamente ao mielomeningocelo, as sequelas são bem menos graves, afectando, essencialmente, a locomoção, o sistema urinário e esfincteriano.

Em contrapartida, o Mielomeningocelo é o mais grave dos dois tipos de SB, correspondendo ao defeito de pelo menos três arcos vertebrais, onde se forma um tumor na parte posterior da coluna vertebral. Para além do líquido cefalorraquidiano, a protusão contém medula espinal e raízes raquídeas, consistindo, por isso, numa lesão quística ou aberta, sendo esta muito grave e exigindo, de imediato, uma intervenção cirúrgica, para afastar uma contaminação do sistema nervoso por bactérias e de forma a proceder ao encerramento do tubo neural, preservando as estruturas nervosas e os níveis neurosegmentais.

Esta patologia pode localizar-se em qualquer parte do neuroeixo, mas em 75% dos casos situa-se na região lombo-sacra. Quanto mais alta e/ou extensa for a lesão, maiores serão as lesões associadas, mais afectadas serão certas funções.

Dependendo da região medular afectada, as manifestações clínicas desta patologia podem estar subjacentes à hidrocefalia, a alterações intestinais, com incontinência e paralisia do esfincter anal e rectal, alterações vesicais com bexiga neurógenea e incontinência (Lima, 2006).

II. Intervenção

1. Dificuldades evidenciadas no contexto escolar

M. evidencia alterações vesicais e intestinais, mais concretamente, bexiga neurógenea flácida, isto é, incontinência parcial e frequentes infecções urinárias que lhe causam temperatura, dores e comprometem a sua assiduidade escolar; tem, ainda, incontinência fecal, uma vez que se dá o Reflexo Intestinal do neurónio Motor Inferior, sem que M. o consiga controlar, pois apresenta intestino flácido.

M. patenteia, também, uma certa insensibilidade nos membros inferiores, assim como pouca força muscular que a obrigam a deslocar-se com a ajuda de canadianas. A nível cognitivo, salientam-se dificuldades de aprendizagem relacionadas com défices:

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