RESENHA DA SEGUNDA PARTE DO LIVRO: CULTURA: UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO
Por: CELINA04LUIZ • 3/9/2021 • Resenha • 1.225 Palavras (5 Páginas) • 250 Visualizações
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS - CCHL
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS - DCIES
DISCIPLINA: SOCIOANTROPOLOGIA
CELINA NUNES CRUZ
RESENHA DA SEGUNDA PARTE DO LIVRO: CULTURA: UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO.
Teresina, 2020
CELINA NUNES CRUZ
RESENHA DA SEGUNDA PARTE DO LIVRO: CULTURA: UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO.
Resenha da segunda parte do livro Cultura; um conceito antropológico, apresentado à disciplina Socioantropologia, do Curso de Nutrição da Universidade Federal do Piauí.
Profa. Me. Nayra Joseane e Silva Sousa.
Teresina, 2020.
CULTURA: UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO
O capítulo inicial da segunda parte do livro Cultura um Conceito Antropológico, traz diversos exemplos de como o ser humano, em decorrência da cultura, pode ter comportamentos diferentes, possuindo o mesmo aparato biológico. A princípio, alguns comportamentos fisiológicos básicos deveriam ser iguais por questões somáticas, como acontecem com os outros seres vivos, mas apresentam grandes diferenças em determinadas culturas, em decorrência do próprio processo de endoculturação, como por exemplo o riso, a sexualidade, o parto, o modo de comer, a própria comida e a visão do espaço.
Na discussão sobre a atuação da cultura sobre o biológico, Laraia refere-se ao campo das doenças psicossomáticas, dizendo que estas são fortemente influenciadas pelos padrões culturais. Muitos brasileiros, por exemplo, dizem padecer de doenças do fígado, embora grande parte dos mesmos ignorem até a localização do órgão. Entre nós são também comuns os sintomas de mal-estar provocados pela ingestão combinada de alimentos. Quem acredita que o leite e a manga constituem uma combinação perigosa, certamente sentirá um forte incômodo estomacal se ingerir simultaneamente esses alimentos. Assim, Laraia, diz que a cultura também é capaz de provocar curas de doenças, reais ou imaginárias. Estas curas ocorrem quando existe a fé do doente na eficácia do remédio ou no poder dos agentes culturais.
O segundo capítulo abrange a influência da cultura em questões biológicas mais complexas, determinantes de saúde e de sobrevivência. Exemplos como perda de referências culturais (apatia), crenças, saudades e outros fatores podem interferir no plano biológico dos seres humanos e comprometer seu funcionamento somático equilibrado, levando-os muitas vezes à morte. Já em outros casos, as crenças e hábitos podem ser capazes de curar, restabelecendo o bom funcionamento biológico dos seres humanos. Talvez este seja o capítulo mais interessante da obra, pois revela como determinada cultura é capaz de transpassar barreiras somáticas através do processamento psicológico e solucionar problemas biológicos que em outras culturas pode não ser eficaz. Laraia começa por afirmar que a participação do indivíduo em sua cultura é sempre limitada; nenhuma pessoa é capaz de participar de todos os elementos de sua cultura. Ainda segundo o autor, qualquer que seja a sociedade, não existe a possibilidade de um indivíduo dominar todos os aspectos de sua cultura. Isto porque, como afirmou Marion Levy Jr., "nenhum sistema de socialização é idealmente perfeito, em nenhuma sociedade são todos os indivíduos igualmente bem socializados, e ninguém é perfeitamente socializado. Um indivíduo não pode ser igualmente familiarizado com todos os aspectos de sua sociedade; pelo contrário, ele pode permanecer completamente ignorante a respeito de alguns aspectos". Assim, conclui Laraia, o importante, porém, é que deve existir um mínimo de participação do indivíduo na pauta de conhecimento da cultura a fim de permitir a sua articulação com os demais membros da sociedade.
No capítulo seguinte, o autor demonstra que a participação de um indivíduo em sua cultura é limitada e diversa. Tanto as limitações como as participações do indivíduo em sua própria cultura podem ser determinadas por diferentes fatores como por exemplo o sexo, a idade e costumes. Mais do que isso, esses fatores também podem diversificar e limitar papéis de maneira diferente em outras culturas, isto é, papéis desempenhados por determinados indivíduos de uma cultura podem ser desempenhados por outros em outra cultura. O autor ainda acrescenta que nenhum indivíduo é capaz e compreender o seu sistema cultural, mas que é necessário conhecer e englobar para si o essencial do mesmo para que se identifique e possa viver em harmonia consigo e com os demais. Segundo o autor, todo sistema cultural tem a sua própria lógica e não passa de um ato primário de etnocentrismo tentar transferir a lógica de um sistema para outro. Infelizmente, a tendência mais comum é de considerar lógico apenas o próprio sistema e atribuir aos demais um alto grau de irracionalismo. Nesse sentido, a coerência de um hábito cultural somente pode ser analisada a partir do sistema a que pertence. Consequentemente, as explicações encontradas pelos membros das diversas sociedades humanas, portanto, são lógicas e encontram a sua coerência dentro do próprio sistema.
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