Lesões Causas por Prótese
Por: paulofgodoy • 2/10/2023 • Trabalho acadêmico • 3.141 Palavras (13 Páginas) • 120 Visualizações
Lesões causadas por próteses totais mal adaptadas em pacientes idosos ? Relato de casos clínicos
Kátia Maria Martins Veloso
Mestre em Estomatologia pela UFPB
Adriano Marques de Brito
Aluno do 2º ano do Curso de Odontologia do CEUMA/FICEUMA
RESUMO
Apresentação de casos clínicos de lesões bucais causadas pelo uso de próteses totais mal confeccionadas e mal adaptadas. A autora relata a ocorrência de três casos clínicos detectados em pacientes idosas, classificando as lesões, descrevendo o aspecto clínico observado e o tratamento indicado. Enfoca-se a prevalência das lesões realizando uma revisão de literatura atualizada a respeito dos casos descritos.
1. INTRODUÇÃO
A falta de informações sobre a confecção, uso e manutenção das próteses totais ainda é um fato encontrado dentre os usuários deste tipo de aparelho. As lesões causadas pela presença de microorganismos acumulados sobre as superfícies protéticas graças à deficiência na higienização destas ou causadas por traumatismos gerados pela adaptação deficiente das mesmas sobre os rebordos alveolares são as mais comumente encontradas na prática odontológica diária.
Dentre essas lesões, a Estomatite Protética, a Hiperplasia Fibrosa Inflamatória e a Lesão Periférica de Células Gigantes são abordadas no presente estudo, enfatizando-se suas etiologias, características clínicas e tratamentos de modo a conscientizar o Cirurgião-Dentista da importância não só de confeccionar próteses, mas confeccioná-las corretamente e também instruir o paciente da necessidade de recorrer a um Cirurgião-Dentista sempre que for indicada a confecção de próteses além de procurar mantê-las em bom estado de asseio e conservação.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Para BUDTZ- JORGENSEN et al. (1996a) a Estomatite Protética caracteriza-se por ser uma reação inflamatória dos tecidos bucais que estejam em contato com as próteses sendo bastante comum em idosos e podendo estar associada a quadros de Candidose Atrófica e Queilite Angular.
Estes mesmos autores, após examinarem 233 idosos internos em hospitais, observaram que 104 apresentavam um quadro de Estomatite Protética com 51% dos casos associados a presença de Candidose Atrófica, sem haver diferenças significativas no que se refere ao sexo ou presença de condições sistêmicas favoráveis como o diabetes e o câncer.
ARENDORF, WALKER (1979) citam o uso de próteses como sendo uma fator favorecedor da presença e desenvolvimento de várias espécies de Cândida, cujas colônias se mostram mais intensas nos indivíduos que tem o hábito de dormir com as mesmas.
ROSSIE, GUGGENHEIMER (1997) relatam ser a candidose uma infecção de múltiplas manifestações, tendo, dentre outras causas, os longos tratamentos com antibióticos, falta de higienização deficiente, imunodeficiência e diabetes. KULAK, ARIKAN, KAZAZOGLU (1997) analisaram indivíduos portadores e não portadores de próteses e encontraram a presença de uma pequena combinação de Cândida albicans com outros microorganismos como os mais prováveis responsáveis pelos quadros de Estomatite Protética. SAKKI et al. (1997) constataram, ao examinarem 780 idosos Filandeses, dentre os quais 452 usavam próteses, um alto índice de Estomatite Protética naqueles que tinham as condições de vida mais precárias e pouca noção de higiene bucal. No Brasil, SÁ (1995) também observou a presença de Estomatite Protética associada à Candidose em seu estudo com idosos institucionalizados.
Para JOKSTAD, AMBJORSEN, EIDE (1996), o acúmulo de placa bacteriana e cálculo sobre as próteses contribuem para o surgimento de colônias de Candida albicans sobre as mesmas.
Para tratamento do quadro de Candidose associada à Estomatite Protética. DIAS, SAMARANAYAKE, LEE (1997) indicam o Miconazol como uma opção viável e bastante satisfatória para os portadores de Próteses. MARTIN et al.(1997) obtiveram 97% de cura usando Fluconazol nos casos de Candidose e para os 3% restantes, aplicações de Itraconazol foram usadas conseguindo-se o total de 100% de cura.
PIETROKOVSKI (1995) relata que a maioria dos pacientes idosos institucionalizados portadores de prótese não fazem a sua higiene correta e tanto os internos dessas instituições quanto os não internos demonstraram uma grande carência de informações quanto a higienização bucal.
COELHO, ZUCOLOTO (1998) definem a Hiperplasia Fibro-epitelial Inflamatória como um aumento tecidual ocasionado pelo trauma resultante de próteses totais ou parciais mal adaptadas. Como sinonímia para esta lesão, MILLER (1977) e PRIDDY (1992) citam o termo epulis fissuratum. COOPER (1964) e KENG et al. (1981) afirmam que sua etiologia pode estar associada a inserção de novas próteses com bordos cortantes que exercem pressão excessiva sobre os tecidos bucais.
A maioria dessas lesões se apresenta como um aumento volumétrico nodular com variados graus de inflamação (BUDTZ- JORGENSEN 1996b). PADILHA, SOUZA (1998) acreditam que este tipo de hiperplasia, presente no palato de idosos portadores de próteses totais se justifica pela diminuição da capacidade de proteção da camada de queratina apresentada pelo epitélio palatino. Estes autores examinaram os 270 idosos institucionalizados e encontraram este tipo de Hiperplasia em 11,8% dos casos. BROWN et al. (1997) consideram esta lesão como muito comum na clínica odontológica. NEVALAINEN, NÄRHI, AINAMO (1997) detectaram, com seu estudo realizado em 338 idosos institucionalizados, este mesmo tipo de lesão associada a quadros de Queilite Angular que se mostraram mais comum no sexo feminino. No Brasil, todos os casos encontrados por FRARE et al. (1997) relacionavam-se a presença de Câmaras de Sucção. SALONEN, RAUSTIA, OIKARINEN (1996) esclarecem que, para o tratamento, os antifúngicos recomendados para estes casos apenas eliminam infecções presentes, não promovendo o desaparecimento da lesão tecidual, que deve ser removida cirurgicamente e após isto, confeccionada uma nova prótese.
De etiologia basicamente traumática, a Lesão Periférica de Células Gigantes ou Granuloma de Células Gigantes é uma lesão bem caracterizada sob o ponto de vista clínico e histopatológico ocorrendo exclusivamente na gengiva ou mucosa alveolar de pacientes desdentados sendo descrita, clinicamente, como uma massa de tecido mole bastante vascularizada, de coloração variando entre o vermelho vivo ao rosa pálido com tendência a sangramento quando submetida a traumas e recorrendo com freqüência TOMMASI (1989).
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