RESUMO/ANÁLISE CRÍTICA - Plano Estratégico para Desenvolvimento Sustentável da Maricultura Catarinense 2015-2025
Por: Tawane Muniz • 21/10/2019 • Resenha • 1.827 Palavras (8 Páginas) • 318 Visualizações
RESUMO/ANÁLISE CRÍTICA - Plano Estratégico para Desenvolvimento Sustentável da Maricultura Catarinense 2015-2025
Foco econômico
Devido ao crescimento da Aquicultura nos últimos anos mundialmente, somando números significativos de produção segundo a FAO e empregando milhões de pessoas neste setor, ficou evidente a necessidade de um plano estratégico para o planejamento do seu desenvolvimento. Visando a necessidade de redução de riscos, estabelecer objetivos e bater metas. Desta maneira, focando no estado de Santa Catarina, foi criado a planejamento estratégico para o desenvolvimento sustentável da maricultura catarinense. Três pilares sustentam este planejamento estratégico: o econômico, o ambiental e social. Este plano foi criado para um período de cinco anos pela EPAGRI e será discutido com todos os integrantes desta atividade considerando a associação dos três pilares.
O documento do plano estratégico apresenta 6 partes: introdução, diagnóstico, estratégia, plano de ação, mecanismo de ação dos pequenos produtores e considerações finais. Seguindo a linha do documento, passamos pela leitura do diagnóstico social, econômico e ambiental. Historicamente a maricultura no estado por incentivada pela ACARPESC junto a UFSC no final da década de 80 para incentivar um maior ganho de renda dos pescadores artesanais. Os projetos foram bem sucedidos e hoje Santa Catarina é o maior produtor de molusco do país gerando milhares de empregos pelos setores produtivos. A dificuldade da pesca artesanal foi um grande fator de incentivo para a população em relação à prática da maricultura. Socialmente, resumidamente, foi possível observar ao longo dos anos o crescimento de renda de famílias catarinenses e pesquisas revelam a satisfação da população por esta atividade. Observou-se também o surgimento de diversos restaurantes especializados em Florianópolis criando uma rota gastronômica e a criação da FENAOSTRA.
Em 2012 foi criado o PDIC (Programa de Desenvolvimento Industrial Catarinense) pela FIESC com o objetivo de estimular a competição entre os setores industriais de Santa Catarina. As atividades relacionadas ao Mar foram consideradas projetos ligados ao futuro e um dos mais promissores do estado até 2022. Mas a maricultura ainda precisa melhorar sua produção e obtenção de lucros, para assim de afirmar a competitividade dos seus produtos.
A maricultura enfrenta alguns desafios em seu aspecto econômico, começando pelo sistema artesanal do cultivo de mexilhões. A atividade ainda é considerada muito atrasada tecnologicamente, obtendo uma baixa produtividade por hectare. Enquanto o Brasil produz aproximadamente 16 mil toneladas, seu vizinho, o Chile tem uma produção de aproximadamente 243 mil toneladas. Este fato causa certo medo, pois o mercado se torna cada vez mais competitivo à medida que o Chile avança conquistando novos horizontes para comercializar seus produtos.
Para o melhoramento tecnológico da malococultura serão necessárias medidas como a união dos produtores para obtenção de novas tecnologias, mecanização e automação de alguns processos de produção, adoção de métodos mais intensivos, controle sanitário e de rastreamento entre outras práticas. Tudo isto é necessário para padronizar a produção de moluscos ao mercado global que já realiza estas atividades e os produtores devem estar atentos para participar deste processo evolutivo para não serem excluídos por não conseguirem acompanhar as exigências do mercado.
Na malococultura artesanal, a semeadura e colheita são atividades que necessitam de um grande esforço da mão de obra, pois tudo é feito à mão. Desde a implantação dos canos e sementes no mar até a colheita e raspagem das pencas, o que compromete muito a coluna vertebral dos maricultores. Os últimos comprometem sua qualidade de vida, desenvolvendo diversos problemas de saúde provenientes deste esforço físico exagerado. O texto apresenta uma possível solução para este problema, que é o sistema de cultivo contínuo, no qual as sementes são retiradas e replantadas mecanicamente garantindo todo aproveitamento das sementes.
Outro problema em relação à produção artesanal de molusco é a falta de controle do custo de produção pelos maricultores. Muitos não contabilizam a mão de obra quando é familiar e não tem controle de gastos resultando em produtores que não sabem informa o custo real da produção.
Há uma dificuldade por parte dos produtores de conseguir produzir mais moluscos por hectare o que gera uma estagnação da atividade no país. Mantendo fixo o valor de 10/20 mil toneladas por ano, por produtor. Isto também se deve a pequena capacidade individual de investimento e a prática de investir em curto prazo, ou seja, adquirindo equipamentos mais baratos de baixa qualidade e durabilidade. Um exemplo disto é o uso de galões recicláveis como boias no sistema de cultivo. Estes galões afetam todo o ecossistema, pois são usados anteriormente para carregar produtores químicos, o que pode contaminar a água e a carne do molusco. Estes também se despendem e vão parar nas regiões costeiras poluindo o ambiente. Além de que quando se desprendem levam a perda de moluscos no leito marinho.
Outro problema apontado é a obtenção de sementes para iniciar a produção, pois estas não podem ser mais raspadas dos costões rochosos sem licença. Consequentemente são usados coletores de sementes, feitos artesanalmente com rede velhas, o que pode atrasar o processo.
A necessidade de mecanização dos processos é cada vez mais agravada, pois diminuiria os custos de produção para R$ 0,30/kg que é um valor que asseguraria a competitividade do produto no mercado globalizado, já que o Chile, por exemplo, apresenta um preço bem melhor do que o do Brasil.
A concessão de áreas aquícolas para o cultivo de ostras é também uma grande dificuldade para o progresso da atividade. Muitos produtores tenta conseguir mais áreas colocando nomes de familiares, para assim valer a pena o investimento. É necessário que o governo estude formas mais rápidas, inteligentes e menos burocráticas para conceder áreas e expandir os cultivos, e após garantir estas áreas para os pequenos e médios produtores, abrir espaço para as grandes indústrias.
Outro desafio econômico da malacocultura é o mercado interno brasileiro. O consumo dos moluscos está concentrado no litoral do país e a população do interior tem difícil acesso para ao produto final, já que o processamento deste também é uma dificuldade. Também há uma parcela da população que não conhece o alimento e para isso é necessário que campanhas publicitárias sejam desenvolvidas para aumentar a popularidade do consumo de moluscos e mudar gradativamente o hábito dos brasileiros. Mas como sabemos a dificuldade para mudar este aspecto cultural da população demanda tempo e que provavelmente veremos resultados há longo prazo, é indispensável que se foque no mercado mundial, no qual em muitos países o consumo de moluscos já é muito apreciado.
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