A MAQUIAGEM COMO ELEMENTO CÊNICO
Artigo: A MAQUIAGEM COMO ELEMENTO CÊNICO. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Paulo_marcos • 4/12/2014 • 9.533 Palavras (39 Páginas) • 1.467 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
Cada passo dado na vida sugere um caminho interessante e nos leva sempre a descobertas às vezes inimagináveis. Quem diria que, antes tão entusiasmada com o trabalho corporal dos atores e de como era magnífico, através dos personagens, eu poder demonstrar personalidades diversas apenas aliando a caracterização dos personagens formas e posturas corporais diversas, pudesse encontrar outro tema para pesquisar.
Durante uma oficina ministrada por Marcelo Andriotti , realizada na IV Semana de Teatro no Maranhão em março de 2009 pude perceber os grandes efeitos causados pela maquiagem teatral, que refletiam diretamente sobre a caracterização dos personagens. Várias pinceladas, truques, dicas e pronto: o ator não era mais o ator, era um personagem com um novo rosto que sugeria uma nova história. Vi-me então encantada por tudo aquilo! Um mundo de novas possibilidades! Há anos fazendo teatro e só naquele período poder conhecer a capacidade de transformação através da maquiagem.
Um ano depois, no curso de Teatro Licenciatura da Universidade Federal do Maranhão, fui contemplada com uma magnífica disciplina denominada Caracterização onde pude experimentar, criar e recriar diversas maquiagens para o teatro e ali foi o momento definitivo para eu descobrir qual assunto iria abordar em meu projeto de conclusão de curso: a maquiagem teatral.
Então, ainda inexperiente e muito ansiosa para desbravar esse novo mundo, comecei a procurar referências práticas e teóricas sobre o assunto. Com o passar do tempo fui percebendo que essa área ainda é pouco estudada e valorizada. Poucas bibliografias pude encontrar. Mas por quê? Não queria mudar o assunto abordado em meu projeto, no entanto como faria para desenvolvê-lo? Estava diante de questões que eu não poderia responder. Por um lado eu estava fascinada por este tema por outro lado não sabia como dissecá-lo. Foi então que procurando referências na internet e encontrei o e-mail de Mona Magalhães que muito me ajudou enviando sua dissertação de mestrado e tese de doutorado, ambas sobre maquiagem teatral, o que me ajudou a conhecer uma série de possibilidades existentes acerca do processo criativo.
Mas ainda com informações valiosas não conseguia saber o que exatamente estudar em Maquiagem Teatral. Então me vi rodeada de mais perguntas. Como uma estudante de teatro que quer fazer monografia sobre maquiagem teatral pode tornar sua pesquisa real se bibliografias que envolvam o tema escolhido são raridade? E as referências em português em sua maioria lidam com o passo a passo da construção da maquiagem? Foi então que depois de algumas reuniões com minha orientadora descobri que os vários problemas existentes no ramo da maquiagem teatral talvez pudesse haver com a formação dos maquiadores.
Comecei a investigar nas universidades públicas do Brasil em que existia o curso de teatro e nas escolas técnicas de teatro quais possuíam alguma disciplina que contemplasse a maquiagem teatral e quem ministrava essas disciplinas, para perceber se na verdade ali eu encontraria as respostas para minhas questões, pois inicialmente a pretensão era que estas fossem o foco da pesquisa, porém posteriormente senti necessidade de mudar, pois os cursos superiores públicos brasileiros em teatro possuem especializações em cenografia, interpretação, direção e indumentária, não havendo na área da maquiagem, e eu poderia correr o risco de falar de uma possível formação inexistente.
A presente pesquisa baseia-se na investigação da formação de maquiadores teatrais. Para tanto, foram eleitos três maquiadores, Marcelo Andriotti- RS escolhido após eu ter participado de sua oficina na VI Semana de Teatro no Maranhão em 2011, Beto França - SP escolhido por indicação da minha co-orientadora e Renata Cardoso - RJ convidada a participar desta pesquisa após eu observar seus estudos escritos, que vem contribuir com informações interessantes acerca da formação e desta profissão. As entrevistas foram feitas via e-mail, oralmente via internet e pessoalmente, conforme disponibilidade dos maquiadores.
Nesta pesquisa foram utilizados como referência para a construção do texto, os estudos de Mona Magalhães, contribuindo no que se refere ao processo de construção de uma maquiagem para teatro, análise das características do personagem e a importância da maquiagem para a cena. Ana Carlota R. Vita vem contribuir com seus estudos sobre uso da maquiagem na sociedade, de onde se pode traçar um paralelo com o uso da maquiagem no âmbito teatral. Luis Millá Gacio e José Jansen trazem um rico material contribuindo principalmente no aspecto histórico do tema abordado. E também as entrevistas e criações dos maquiadores já citados.
No capítulo A Maquiagem como Elemento Cênico, é revelada a importância da maquiagem para cena, onde são investigados indícios da maquiagem na história do teatro. Aqui são discutidos alguns fatores como a maquiagem no seu aspecto essencial e contribuinte e também sua autonomia. Já no capítulo A Formação dos Profissionais da Maquiagem Teatral e sua Relação com a Construção de um Pensamento Crítico abordam-se algumas nomenclaturas utilizadas para designar os profissionais da área e algumas características presentes nestes. Neste capítulo é que são apresentados os maquiadores entrevistados, suas respectivas formações e atuais atividades desempenhadas.
Na seção Da Formação são esclarecidos alguns meios de formação profissional reconhecidos pelo Ministério da Educação e a lei que garante registro profissional para maquiadores teatrais através do Ministério do Trabalho e Emprego. Na seção Dos Problemas Encontrados verificam-se algumas problemáticas enfrentadas por esta profissão e que são relatadas pelos entrevistados. Na seção Análise das Disciplinas são analisadas as disciplinas que contemplam a maquiagem teatral que foram cursadas pelos entrevistados em suas graduações no caso de Marcelo Andriotti e Renata Cardoso e o curso profissionalizante em maquiagem no caso de Beto França, além de analisarmos a proposta do “Curso Superior de Tecnologia em Estética e Cosmética: Maquiagem Profissional” da Universidade Anhembi Morumbi de São Paulo, por este ser no país o primeiro curso de graduação tecnológica na área da maquiagem e também por esta instituição garantir que os formados neste curso estão aptos a desenvolver trabalhos no âmbito teatral. Na seção Maquiadores Entrevistados e suas Criações são colocados em evidência os modos de trabalho dos entrevistados, suas criações e principalmente no que se embasaram para tais criações.
Este estudo cujo foco é a investigação da formação dos maquiadores teatrais, poderá contribuir para o desenvolvimento do conhecimento
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