A Malaria na Africa
Por: Johannes Lambert Blackouf • 25/10/2017 • Trabalho acadêmico • 2.885 Palavras (12 Páginas) • 480 Visualizações
INTRODUÇÃO
A malária é uma doença sistémica causada por protozoário do género Plasmódium transmitido pela picada de um mosquito fêmea, infectado da espécie Anopheles. O primeiro parasita agente da Malária foi descoberto por Laveram em 1880 na Argélia, quando pesquisava em um doente de febre Quartã, a origem do pigmento malárico já visto por Meckel em 1847. O parasita recebeu o nome de Oscillária malarie. Este foi o ponto de partida para os estudos sobre a Malária que se sucederam até aos dias de hoje.
A malária humana inclui quatro formas fundamentais:
- Terçã benigna ou terçã vivax (pasmódium vivax)
- Terçã maligna ou terçã falciparum (pasmódium falciparum)
- Quartã (plasmódium malarie)
- Terçã ovale (plasmídium ovale)
As quatro formas da malária possuem em comum características que as aproximam do ponto de vista patogénico e sintomatológico, e outros pertinentes a cada uma isoladamente que as individualizam como entidades mórbidas e diferenciadas.
A distribuição geográfica da malária humana é condicionada pelos factores ecológicos que determinam a existência dos anofelinos transmissores. Estes factores dependem da latitude e altitude associados a correntes marítimas, da flora do regime fluviométricos, da topografia, dos cursos de àgua, da temperactura média, e do grau de humidade relativa do ar. Em fim, são necessárias as condições climáticas e físicas que não só favorecem a proliferação de anofelinos como também a evolução dos plasmódios no seu organismo.
Actualmente no estudo da distribuição geográfica da malária, tem se considerado os seguintes tipos de áreas:
- Áreas em que os factores climáticos impedem a proliferação dos anofelinos (latitudes e altitudes extremas, savanas, caatingas e desertos)
- Áreas potencialmente malarigenas por possuírem os factores climáticos e edáficos necessários a proliferação dos anofelinos e a evolução dos oocistos, porém não invadidos por espécies transmissores.
- Áreas malarigenas onde houve erradicação dos transmissores graças a aplicação dos insecticidas de acção residual e as obras de engenharia sanitária.
- Áreas malarigenas onde não houve combates dos agentes transmissores e que não foram beneficiadas pelas obras de engenharia sanitária.
FONTE: (Parasitologia E Micologia Humana 5ª edição, Ruy Gomes de Moraes).
Em Angola, a malária é um problema dominante da saúde pública, é a primeira causa de morte, de doença e de absentismo laboral e escolar. A malária tem, não só um impacto negativo sobre a saúde das populações, como também sobre o desenvolvimento social destas, tornando-as mais pobres. A malária é endémica nas 18 províncias do país, com a transmissão mais elevada registadas nas províncias do Norte (Cabinda, Uíge, Malange, Cuanza Norte, Lunda Norte e Lunda Sul), nas províncias do Sul (Namibe, Cunene, Huíla e Cuando Cubango), ocorrem surtos epidémicos. Nota-se um aumento de transmissão durante as estações das chuvas, com um pico entre os meses de Janeiro e Maio.
O quadro epidemiológico do país é caracterizado por doenças transmissíveis e parasitárias com destaque para as grandes endemias como Malária, VIH/ Sida e Tuberculose, e as doenças tropicais negligenciadas como tripanossomose Humana Africana, filariose e geo-helmintose. Apresentam-se também doenças imunopreveniveis, com destaque para o sarampo, as doenças respiratórias agudas e as doenças diarreicas agudas. A malnutrição é igualmente um problema de saúde importante, relacionado a questões de segurança alimentar e ao impacto das doenças transmissíveis.
As doenças crónicas não transmissíveis começam igualmente a surgir como uma preocupação importante no perfil nosológico do país a par dos traumatismos ligados à acidentes de aviação, a malária mantém-se como a principal causa de morbilidade e de mortalidade em Angola e é responsável de cerca de 35% da procura de cuidados curativos, 20% de internamento hospitalar verificando-se uma redução importante na mortalidade materna, estimada em 2005 em 25%.
FONTE: (Inquérito de Indicadores da Malária -Angola 2011-Ministério da Saúde)
RELAÇÃO DA MALÁRIA COM A ANEMIA
Embora a malária não seja a única causa da anemia, as crianças infectadas de malária correm um risco maior de sofrer de anemia.
O presente trabalho destina-se a investigar um dos aspectos das relações entre anemia e malária apontados aqui, ou seja, descrever a prevalência de anemia em indivíduos habitantes de uma área endémica de malária e discutir o possível impacto da malária sobre a epidemiologia da anemia nessa população.
O controlo da malária e o combate à anemia estão entre os programas prioritários da Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 1980, a OMS estimava a existência de 700 milhões de indivíduos anémicos em todo o mundo, com importantes repercussões sobre seu desenvolvimento físico e mental . A deficiência de ferro na alimentação tem sido apontada como a determinante causal principal da esmagadora maioria dos casos, tornando-a a carência nutricional mais prevalente no mundo.
Anemia e malária coexistem em diversas regiões do mundo. A malária é causa importante de anemia hemolítica, durante a doença aguda e na fase de recuperação da infecção, quando parecem actuar mecanismos auto-imunes ainda pouco esclarecidos. Nas relações entre anemia e malária, outro aspecto importante a ser destacado refere-se à possível protecção relativa conferida pela anemia ferropriva à malária em áreas holoendêmicas.
Os parasitas do gênero Plasmodium instalam-se nos eritrocitos, provocando hemólise e utilizando-se de ferro-heme para sua nutrição. O uso de quelantes de ferro em culturas "in vitro" de P. falciparum inibe o crescimento do parasita. Dados provenientes da África Ocidental sugerem que indivíduos portadores de P. falciparum, com anemia ferropriva, têm menor susceptibilidade às manifestações clínicas da malária, embora possam surgir sintomas de parasitemia após a correção da anemia.
FONTE: (Marly A. Cardoso,art. Anemia em área endémica de malária).
PERGUNTA PESQUISA
O paludismo ou malária é a principal causa de morte em crianças menores de cinco anos em Angola, o que constitui um problema de saúde pública.
- Porquê pretende-se avaliar a anemia em crianças com malária atendidas no Hospital Pediátrico David Bernardino?
JUSTIFICATIVA
A abordagem deste tema é de extrema importância para mim como profissional de saúde bem como para a sociedade em geral. No nosso país, a malária continua a causar várias vítimas afectando toda a sociedade, muitas famílias perdem os seus ante queridos com esta epidemia. Vi-me na necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre a malária afim de contribuir com informações sobre os cuidados de prevenção e controlo da doença para as comunidades, bem como aplicar técnicas laboratoriais para diagnosticar e tratar a doença.
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