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Abundância, Diversidade e Alimentação da Fauna no Oceano Profundo

Por:   •  5/5/2019  •  Monografia  •  3.672 Palavras (15 Páginas)  •  229 Visualizações

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Abundância, diversidade e alimentação da fauna no Oceano Profundo

                Rafaela Cerejo de Mello[1]

Thayane Rezende Gerhard da Silva1

Thais Alexandrino de Lima1

Laís Pazeto Câmara1

Bernardo Miguel de Oliveira Pascarelli[2]

RESUMO

Este trabalho visa abordar os principais padrões e processos da fauna de mar profundo, entre eles a abundância e a mudança da diversidade dos organismos bentônicos de acordo com o aumento de profundidade. Uma breve descrição dos aspectos físicos é feita, mostrando como o conhecimento do mar profundo cresceu passo a passo com o desenvolvimento tecnológico. O trabalho ainda mostra como antigos conceitos sobre a biologia das espécies caíram por terra, mostrando um ambiente altamente dinâmico. São apresentados, ainda, os principais ambientes redutores existentes em regiões profundas, entre eles fontes hidrotermais e carcaças de baleias, e sua peculiar biologia. Por fim, aspectos da biologia e dinâmica do ambiente profundo são revelados.

Palavras chave: Planícies abissais, Zona Azoica, Ambientes redutores.

ABSTRACT

The great part of the surface of the earth is covered by Oceans and Seas, which makes up around 70% of the all earth's surface. Of these, about 90% has depths greater than 1000 meters, and the averages depth is 3800m.  That makes the deep oceanic regions more extensive, and common of the planet. In the 19th century, there was an idea that the deeperareas of the oceans were azoic. This general agreement was disseminated by English Sir Edwards Forbes (1815-1854).  Later, this idea of azoic area was overturned, with the journey of English ship HMS Challenger (1872-1876), what it was a Historic mark in oceanographic science because that has made collections of many organisms in the deep ocean. The fauna that was found in this environment has a great diversity of organisms, as well the benthic marine invertebrates of the abyssal slopes.  However,  much these environments do not have so much structural heterogeneity,  these organisms present high diversity, has little differentiation, or endemism, and has high dispersal power.  The abyssal plains may be, in fact, very heterogeneous, due to the biogenic processes (BROWN, JAMES H. 1942).   These discoveries, and those all that will come to, have a huge impact in the way that we see the deep oceans and how we treat it.

INTRODUÇÃO

A grande parte da superfície terrestre é coberta por Oceanos e Mares, que compõe 70% da superfície da terra. Destes, cerca de 90% possui profundidades superiores a 1000 metros, e possui uma profundidade media de 3800m. Isto faz com que as regiões oceânicas profundas sejam os ambientes mais extensos e comuns do planeta (CRESPO ESOARES 2009). No século XIX, havia uma ideia de que as zonas mais profundas dos Oceanos eram azoicas. Este consenso geral foi disseminado pelo cientista inglês Sir Edwards Forbes (1815-1854). Posteriormente, esta ideia de zona azoica foi derrubada, com a viagem do navio inglês HMS Challenger (1872-1876), que foi um marco na ciência oceanográfica que fez diversas coletas de organismos no oceano profundo. A fauna encontrada nesses ambientes possui grande diversidade de organismos, assim como os invertebrados marinhos bentônicos dos taludes abissais. Por mais que estes ambientes não possuam muita heterogeneidade estrutural, esses organismos apresentam alta diversidade, pouca diferenciação, ou endemismo, e alto poder de dispersão. As planícies abissais podem ser, na verdade, muito heterogêneas, devido aos processos biogênicos (BROWN, JAMES H. 1942). Essas descobertas, e as que ainda virão, possuem um enorme impacto na forma como vemos os Oceanos profundos e também como o tratamos.

CONHECENDO AS ZONAS ABISSAIS

A Zona abissal é a faixa do oceano que se situa logo abaixo da zona pelágica (zona situada entre a superfície da água e a profundidade de 200m e logo acima da planície abissal), possui uma profundidade média de 200 a 5000 metros de profundidade (M.SZPILMAN, 2000). É uma região onde a pressão da água é enorme, podendo ir de 200atm a 1000atm, e onde a falta de nutrientes e a baixa temperatura só permitem poucas formas de vida. Representa 42% dos fundos oceânicos. Estes locais atingem temperaturas em torno de 4oC (maior densidade de água), são profundidades não atingidas pela luz solar e, portanto, sem fotossíntese. Os seres abissais são dotados de adaptações especiais, pela total falta de luz e a elevada pressão, sendo exemplos os peixes cegos e polvos gigantes. As zonas abissais são áreas extensas e profundas, como dito anteriormente, que possuem um relevo relativamente plano, e se estende da base das elevações continentais até os relevos íngremes e abruptos das cordilheiras oceânicas (W.TEIXEIRA, DECIFRANDO A TERRA, 2000). As águas profundas diferem das águas rasas de três formas, elas são mais frias (as águas polares mais densas e mais frias afundam sob as águas tropicais mais quentes); contém mais dióxido de carbono, além de absorver mais CO2 que as águas mais quentes, as águas mais frias tendem a oxidar qualquer matéria orgânica que estejam carregando durante sua longa circulação para formar CO2; E estão sob pressão mais alta devido ao maior peso da água sobrejacente. (GROTZINGER, JONH 2013). Existe uma vasta área elevada, que emerge do assoalho do Oceano Pacífico, que faz parte de um enorme sistema de cadeia oceânica de muitas montanhas submarinas. Nessas cadeias, ou perto delas, estão as aberturas hidrotermais submarinas, de onde é descarregada a água superaquecida para água do mar. As águas dessas aberturas não somente sustentam comunidades de organismos, como também são responsáveis pela acumulação de alguns minerais economicamente importantes (S.MONROE. JAMES, 2009).

PASSOS HISTÓRICOS E AS PRIMEIRAS EXPEDIÇÕES

Mesmo antes da investigação do mar profundo, muitos autores haviam especulado sobre a possibilidade da vida e das condições das mesmas nas grandes profundezas. O fundo do mar ainda é uma das maiores esferas de vida explorada. Muitos relatos de animais foram negligenciados ou mesmo desacreditados, já haviam reportado a coleta de animais a uma profundidade abaixo de 1900m (ROSS, JOHN, A VOYAGE OF DISCOVERY, 1819). Então não é possível afirmar com certeza quem foi o primeiro a conseguir captar as primeiras espécies conhecidas de animais do mar profundo. Até cerca de 1860, acreditava-se que não existia vida nas profundezas, devido às condições de vida e pressão. Tendo como expedição mais valiosa a HMS Challenger (1872 – 1876), a expedição financiada pelo governo britânico, sob a direção do professor de história natural Charles Wyville Thomson (1830-1882), percorreu cerca de 120 mil quilômetros e possuía 362 estações oceanográficas. Abordo tripulava duzentos e quarenta e nove pessoas, dentre eles seis cientistas, incluindo o naturalista e futuro oceanógrafo John Murray (1841-1914). A expedição, que ocorreu em dezembro 1872, foi o que marcou o início da Oceanografia moderna, onde um navio da marinha real britânica foi equipado com um laboratório de química, uma sala de historia natural e salas de trabalho projetadas especificamente para trabalhos biológicos, químicos e físicos (laboratório fotográfico). Foram coletados desde dados climáticos, amostras de água e sedimentos até organismos marinhos, cerca de 4700 novas espécies e 700 novos gêneros. Comprovando assim, que nas profundezas abissais se encontravam abundantes diversidades marinhas. Entre essas profundezas, foi realizado dragagens também na Fossa das Marianas (local mais profundo do oceano). Esse local é atualmente, denominado por Challenger Deep. Esta expedição trouxe diversos benefícios para diferentes áreas, assim como, meteorologia, oceanográfica, geologia, botânica, zoologia, geografia, entre outras. Após a morte de Wyville Thomson (1882), os resultados da expedição foram publicados por Murray em cinquenta volumes e ocuparam 29.500 páginas elaboradas entre 1885 a 1895. Sendo até hoje a expedição e os resultados mais importantes sobre as profundezas do mar.

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