Albumina sérica como marcador alimentar para pacientes com hemodiálise
Projeto de pesquisa: Albumina sérica como marcador alimentar para pacientes com hemodiálise. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: periclesrocha • 9/11/2014 • Projeto de pesquisa • 5.736 Palavras (23 Páginas) • 517 Visualizações
Revista de Nutrição
Print version ISSN 1415-5273
Rev. Nutr. vol.17 no.3 Campinas July/Sept. 2004
http://dx.doi.org/10.1590/S1415-52732004000300007
COMUNICAÇÃO COMMUNICATION
Albumina sérica como marcador nutricional de pacientes em hemodiálise
Serum albumin as nutritional marker of hemodialysis patients
Nelma Scheyla José dos Santos†; Sérgio Antônio DraibeI; Maria Ayako KamimuraII; Lilian CuppariII, 1
IDepartamento de Medicina, Disciplina de Nefrologia, Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina. R. Pedro de Toledo, 282, Vila Clementino, 04039-000, São Paulo, SP, Brasil
IIPrograma de Pós-graduação em Nutrição, Universidade Federal de São Paulo, Escola Paulista de Medicina. São Paulo, SP, Brasil
RESUMO
A prevalência de desnutrição protéico-energético em pacientes com insuficiência renal crônica submetidos à terapia de hemodiálise é elevada. Dentre os diversos parâmetros disponíveis para a avaliação do estado nutricional, a albumina tem sido o mais comumente utilizado para este fim visto a sua estreita associação com a morbidade e mortalidade nesta população. No entanto, vários fatores como idade, comorbidades, hipervolemia e perdas corpóreas podem influenciar as concentrações séricas de albumina. Além disso, na vigência de inflamação, condição comumente presente neste grupo de pacientes, o metabolismo da albumina pode encontrar-se alterado, influenciando os seus níveis plasmáticos. Sendo assim, esta comunicação tem como objetivo abordar os aspectos gerais da albumina e discutir a sua utilização na avaliação do estado nutricional de pacientes com insuficiência renal crônica submetidos à hemodiálise.
Termos de indexação: albumina sérica, mortalidade, pacientes, desnutrição energético-protéico.
ABSTRACT
The prevalence of protein-energy malnutrition is high in patients with chronic renal failure on long-term hemodialysis therapy. Among several parameters available for the assessment of nutritional status, albumin has been the most commonly used given its strong association with morbidity and mortality in those patients. However, many factors such as age, comorbidities, hypervolemia and body losses, can affect the serum albumin concentration. Furthermore, the albumin metabolism can be altered in the presence of inflammation, a common condition in this group of patients. Thus, this communication aimed to address the general aspects of albumin and discuss its usefulness for assessing nutritional status in chronic renal failure patients undergoing hemodialysis.
Index terms: serum albumin, mortality, patients, protein-energy malnutrition.
INTRODUÇÃO
×Ads by Browsers AppA prevalência de desnutrição energético-protéica em pacientes com insuficiência renal crônica em programa de hemodiálise é elevada1. A depender do parâmetro utilizado, esta prevalência pode variar de 10% a 54%2. Resultados obtidos pelo método da avaliação subjetiva global do estado nutricional chegam a apresentar 64% dos pacientes em hemodiálise com algum grau de desnutrição3.
Avaliar corretamente o estado nutricional destes pacientes é um aspecto de fundamental importância, já que a desnutrição energético-protéica nesta população, é um fator de risco de morbi-mortalidade1. Um dos fatores responsáveis pela desnutrição energético-protéica é a ingestão alimentar insuficiente. Como esta condição leva a uma redução, tanto das reservas de gordura quanto da MASSA MAGRA corporais, a procura de métodos capazes de efetivamente quantificar esta depleção é uma constante.
Diante disto, além de métodos subjetivos, como a avaliação subjetiva global, tem-se utilizado métodos objetivos, como a antropometria e marcadores bioquímicos para avaliar a desnutrição4. Concentrações séricas de albumina, pré-albumina, transferrina e fator de crescimento1, também foram usadas para avaliar o estado nutricional de pacientes em hemodiálise; no entanto, a albumina é o marcador mais comumente utilizado para este fim5. Razões para isso, incluem a facilidade com que esta proteína pode ser medida e o poder da albumina como determinante de eventos clínicos nesta população.
Uma pesquisa multicêntrica, que estudou as variáveis relacionadas com a sobrevida dos pacientes em diálise, mostrou que níveis de albumina sérica inferiores a 2,5g/dL estavam associados a maior risco de mortalidade, tanto na população em hemodiálise como em diálise peritoneal6. Contudo, aspectos como alterações na sua distribuição corporal, resposta lenta às intervenções nutricionais, e o seu papel potencial como uma proteína negativa de fase aguda da resposta inflamatória, podem limitar o seu uso como único marcador do estado nutricional7. Desta forma, avaliar corretamente o estado nutricional destes pacientes é ainda um desafio a ser enfrentado pela nefrologia clínica8.
Este trabalho tem como objetivo abordar os aspectos gerais da albumina e discutir a sua utilização na avaliação do estado nutricional de pacientes com insuficiência renal crônica submetidos à hemodiálise.
Propriedades fisiológicas da albumina
As propriedades fisiológicas da albumina foram reconhecidas pela primeira vez em 1837 por Ancell9 e, a partir de então, sua complexidade vem sendo revelada. Entretanto, o seu papel fisiológico ainda não é totalmente conhecido, despertando, ainda hoje, a curiosidade de muitos pesquisadores10.
A albumina é a mais abundante proteína plasmática, perfazendo um total de 50% das proteínas totais do soro humano. Comparada a outras proteínas, ela é uma molécula relativamente pequena, formada por uma cadeia de 584 AMINOÁCIDOS, constituindo-se em um polipeptídeo simples com um peso molecular em torno de 69000 Daltons, arranjada
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