Arquitetura, A Historicidade De Um Conceito - Um Breve Estudo Sobre A Mitologia Da Fundação Da Arquitetura
Monografias: Arquitetura, A Historicidade De Um Conceito - Um Breve Estudo Sobre A Mitologia Da Fundação Da Arquitetura. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: larisarmto • 28/7/2014 • 1.017 Palavras (5 Páginas) • 1.417 Visualizações
Fichamento do texto “Arquitetura, a Historicidade de um Conceito - Um Breve Estudo Sobre a Mitologia da Fundação da Arquitetura”, de Adson Cristiano Bozzi Ramatis Lima.
Quando, exatamente, teria surgido a arquitetura? Partindo da premissa de que quando houve um objeto ao qual foi conferido o epíteto de construção, houve, igualmente um construtor, ou construtores. E para se pensar historicamente a construção e os seus trabalhadores é necessário estabelecer a historicidade do conceito, isto é, o que teriam significado em diferentes momentos os vocábulos arquitetura e arquiteto em momentos e lugares precisos. Vamos proceder, então, a uma análise que possa ser compreendida como a "história do léxico", o recorte pretendido inicia-se na Grécia, passa por Roma e encontra a sua síntese no Renascimento florentino.
A palavra arquitetura foi introduzida na literatura ocidental a partir da Grécia. Assim como a palavra arte pertence ao vocabulário da Idade Média, a palavra arquitetura está indissoluvelmente ligada ao mundo grego. Diante de um templo grego, sabemos que se trata de arquitetura, como um objeto para o qual teríamos reservado um espaço mental bastante preciso. O que teria significado, então, a arquitetura para os gregos antigos? Qual é o sentido de um templo e da palavra archetekton para um grego? Temos, então, que recorrer aos textos para uma compreensão mínima da historicidade da palavra e do objeto.
Apesar da importância social da sua atividade, artistas não tinham lugar na Polis ideal concebida por Platão. Não poderiam alcançar as ideias, posto que eram prisioneiros das determinações da matéria. Mas, os arquitetos gregos teriam, pelo menos, um parco consolo: não fariam, diretamente, cópias do mundo, existindo como matéria, somente se realiza como cópia sensível do não-sensível, do imaterial, e, portanto, da Verdade.
Segundo Sócrates, um templo, assim como uma casa, deve ser, antes de mais nada, "útil", isto é, mais ligado ao Bem do que ao Belo. Um templo é uma "realização técnica", um artefato do mundo da Téchne¸ um objeto para ser "convenientemente usado" e não para ser fruído como uma obra-de-arte. Um templo é, então, archetekton, e não arquitetura.
Os arquitetos romanos passam, frequentemente, por herdeiros da arquitetura grega, responsáveis pela continuidade lógica de uma tradição construtiva fértil e rica. Acredita-se que a escultura grega teria sido superior às romanas pelo simples fato de muitas das esculturas romanas serem compreendidas como cópias de esculturas gregas. Porém, em que sentido foram os romanos arquitetos? Isto é, qual era o sentido histórico da architectura? Em relação aos gregos os romanos apresentam uma grande vantagem: há ao menos um livro romano conhecido sobre arquitetura. Entretanto, De Architectura Libri Decem apenas muito indiretamente pode ser compreendido como um "livro de arquitetura" no sentido moderno. O livro latino estaria melhor compreendido se for descrito como estando entre o "Manual do Construtor" e a "Arte de Projetar", uma compilação e sistematização de regras e procedimentos para o bom exercício da profissão. O que os romanos compreendiam por arquitetura está muito distante da compreensão moderna, isto é, da nossa compreensão de arquitetura.
Pensemos na arquitetura da Era Moderna a partir de um dos seus principais mitos fundadores: após a dissolução do Império Romano ocidental, a Idade Média, um período histórico longo, rico e variado, mas que não teria sido nada brilhante, posto que "médio", foi compreendida como a decadência da cultura ocidental, e, por extensão, de toda a civilização ocidental.
A arquitetura medieval ocidental teve que esperar por quase quatro séculos para ser devidamente estudada e ter os seus valores "resgatados”. Assim, no século XIX, alguns estetas retomaram em novas bases o que os primeiros modernos haviam realizado em relação a arquitetura greco-romana, isto é, interpretaram à luz dos seus valores culturais uma tradição pretensamente
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