As Palmeiras e Pássaros amazônia

Coatingas

As Coatingas fazem parte de uma família grande de pássaros, a Coatingidae que é endêmica da região neotropical e reúne alguns dos pássaros mais bonitos das américas. Existem 66 espécies que ocorrem do México a Argentina, sendo 31 destas encontradas no Brasil com maior diversidade registrada na Amazônia.  As espécies desta família são aves predominantemente florestais e frugívoras que podem incluir insetos e outros artrópodes a dieta sendo importantes dispersoras de sementes. Frequentemente, as fêmeas apresentam cores mais simples que os machos e durante o acasalamento os machos em geral se associam em arenas dispersas pelas copas exibindo-se em voo ou por meio de rituais comunitários e não participam dos cuidados com os filhotes. O galo da serra, capitão do mato e o Anambé preto são exemplos de espécies da família.

Anambé Azul, Spangled Coatinga

Presente em toda a Amazônia brasileira e nos demais países amazônicos - Guianas, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Frequenta o dossel de florestas de terra firme, sendo de difícil observação a partir do solo.

Anambé pombo, Bare-necked Fruitcrow

É o único membro do gênero Gymnoderus é encontrado em matas de várzea e terra firme podendo viver em bandos. A fêmea é menor e escura  e sem detalhes azuis nas asas ou na face.

Traços vegetacionais interessantes da Amazônia

• Flores (cores, formas, cheiros e formas de polinização)

As angiospermas são o grupo mais diverso e abundante de plantas da terra atualmente.  Existem aproximadamente 260.000 espécies registradas que variam muito em morfologia, composição química e especialmente em sua biologia reprodutiva com alta diversificação floral.  As flores possuem uma enorme variedade de tamanhos, formas, estruturas, cores e recompensas, diversidade que é explicada como adaptações a diferentes agentes bióticos e abióticos com os quais as plantas interagem e que demonstram a evolução de diferentes estratégias reprodutivas.

Existem plantas que são polinizadas pelo vento e pela água.  Estas flores geralmente não possuem nenhuma característica chamativa como cores ou odores e são estruturadas para que a polinização ocorra mecanicamente.  As plantas polinizadas pelo vento produzem uma enorme quantidade de pólen, visto que ele irá se espalhar por todo o ambiente para ter a chance de cair sobre uma  flor da mesma espécie. Por isso as anteras, parte da flor onde o pólen é produzido, são longas e flexíveis para balançarem ao vento. Além disso o estigma, a parte feminina e  área que recebe os grãos de pólen, é muito volumoso e uma superfície grande para receber estes grãos . Na floresta este tipo de polinização está restrito a algumas espécies de árvores com copas muito altas.

As flores polinizadas pela água são encontradas em áreas alagadas e são incomuns mesmo nestes ambientes. Elas produzem uma grande quantidade de pólen que é liberado na superfície.  Em algumas poucas espécies de plantas aquáticas o pólen denso é liberado na água, afundando e se ligando a outras plantas no processo.

As flores polinizadas por insetos, pássaros e morcegos são as que possuem maior diversidade.  Se considerarmos apenas a polinização por insetos percebemos que existem centenas de diferentes tipos como borboletas, mariposas, abelhas e besouros. Cada um destes grupos é atraído por diferentes características como cheiros, formas e cores e assim ao longo da evolução flores especializadas em certos grupos surgiram. Como em um floresta tropical existem muitos animais polinizadores também existe uma gigantesca variedade de flores.  Comparado a outros tipos de ambientes na floresta as flores tendem a serem grandes e ricas em néctar.

 Borboletas são atraídas por cores vibrantes, sem a necessidade cheiros fortes enquanto abelhas, besouros e mariposas são atraídos por odores fortes sendo que cada grupo possui um tipo de odor favorito. As Abelhas enxergam a frequência ultravioleta e não veem o vermelho, mas são atraídas por amarelo, azul e branco e pelo odor. Flores polinizadas principalmente por beija flores possuem grande quantidade de néctar e cores chamativas que se destacam no fundo verde da floresta como o vermeho e laranjado, sem necessidade de odor forte pois eles não possuem o olfato muito desenvolvido. O formato e horário de abertura das flores também influencia na polinização, como para as polinizadas por morcegos e mariposas.

Nem todos os animais que visitam uma flor necessariamente serão polinizadores, por isso existem tantas adaptações para maximizar a troca de pólen já que flores são estruturas caras para a planta que gasta muita energia na produção dos atrativos.

Exemplos locais:

Embiriçu: A polinização é feita principalmente por morcegos e eventualmente Mariposas. É uma flor grande que sustenta o peso de um morcego, possui odor forte e muito néctar.

Cana-do-brejo: A cor vermelha atrai beija-flores e borboletas da família hesperiidae, além de ser polinizada por algumas poucas abelhas atraídas pelas pétalas brancas.

Castanha-do-pará: Depende exclusivamente de abelhas para se reproduzir. As abelhas nativas e solitárias, como a mamangava, são os principais polinizadores da castanheira pois as estruturas da flor estão escondidas em uma câmara que seleciona insetos grandes e fortes o suficiente para conseguirem forçar a entrada e terem acesso ao pólen e néctar da flor.

• Palmeiras, seus usos e características

Principais palmeiras da região: Açaí, paxiúba, tucumã, Buriti, Sete pernas, inajá

Entre os povos tupis-guaranis o Brasil era conhecido como Pindorama, palavra que significa “terra das palmeiras”.  A abundância, utilidade e a beleza dos detalhes conferiram a elas um lugar de importância na cultura dos povos pré-coloniais que continua forte nas populações tradicionais. São espécies chaves para humanos e para os animais da floresta pois muitas possuem frutos comestíveis, estipes, raízes, folhas e outras partes passíveis de algum tipo de aproveitamento. Além disso, elas estão amplamente distribuídas e geralmente são muito abundantes, provendo grande quantidade de alimento e facilitando a colheita. A Amazônia abriga a maior diversidade de palmeiras do território brasileiro. Nela são encontrados 35 dos 42 gêneros e cerca de 150 das 193-208 espécies reconhecidas para o Brasil.

Inajá: É tolerante a inundações e a condições de baixa fertilidade do solo. Embora tolere áreas alagadiças, é mais adaptado aos lugares com solos bem drenados. tolerante a queimadas, pois as plantas jovens, ao serem queimadas para o cultivo de pastagens, rebrotam e as sementes, que estavam dormentes germinam rapidamente. Os frutos possuem casca fina e polpa suculenta e comestível, amarelada, pastosa e muito oleosa e da amêndoa, extrai-se um óleo amarelo, também comestível. A dispersão das sementes é feita por mamíferos, o fruto é muito apreciado pela cutia, paca, catitu, queixadas, veado, tatu, quati, macacos, mucura e esquilos enquanto a semente é predada por araras. Muitos caçadores utilizam o fruto como “ceva”.  As folhas eram utilizadas para cobertura de casas e o palmito é de boa qualidade.