Caravaggio
Bibliografia: Caravaggio. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: carolsotana • 6/6/2014 • Bibliografia • 1.633 Palavras (7 Páginas) • 595 Visualizações
Caravaggio - Biografia -(1571-1610)
Caravaggio, pintura de Ottavio Leoni.
Luzes e sombras, na vida e na obra
Michelangelo, seu primeiro nome, é igual ao de outro mestre. Michelangelo Merisi da Caravaggio nasceu em 1571, e o nome Caravaggio é referente à cidade em que viveu. Por muitos anos acreditou-se que o artista teria nascido nesta cidade, mas hoje muitos historiadores trabalham com a hipótese de sua cidade natal ser Milão. Foi somente em 1576 que a família se mudou para a vila de Caravaggio, com a intenção de fugir da peste que assolava Milão. Conhecido como um artista "tenebrista", cujo estilo de pintar mesclava fundos negros com focos de luz intensa, ficou famoso, também, por seu gênio tempestuoso.
Arte que reflete a vida de seu criador, os quadros de Caravaggio contêm traços dessa existência intensa e turbulenta, apresentando cenas religiosas com violência e crueldade, como em "A Decapitação de São João Batista". O forte contraste entre os fundos escuros (as "trevas") e os personagens banhados por uma luz que incide forte e dramática, típico da técnica do "claro-escuro", é a principal característica das obras do artista, marcadas também por um forte realismo na caracterização dos personagens, suas vestes e objetos que os cercam.
Seu pai morreu quando ele tinha apenas seis anos; a mãe, quando tinha 18. Alguns anos antes, aos 12, o então jovem artista ingressava como aprendiz no estúdio do pintor milanês Simone Peterzano. Após a morte da mãe, Caravaggio herdou parte da propriedade da família. Foi com o dinheiro da venda dessas terras que ele partiu para Roma. Lá, passou a conviver com artistas plásticos e arquitetos vindos de toda a Itália, numa época em que a Contra-Reforma católica incentivava a construção de novas igrejas e os trabalhos de decoração nos templos eram fartos.
Caravaggio teve uma vida curta: não chegou aos 40 anos e viveu a maior parte desse tempo em Roma. Após um período inicial de miséria, quando chegou a fazer pinturas em série para vender nas ruas, passou a trabalhar para o Cardeal Del Monte, clérigo sofisticado e rico, patrono da escola de pintores de Roma, a "Academia de São Lucas". Com um aposento no "palazzo" do Cardeal e uma pensão regular, Caravaggio passou a pintar vários quadros de rapazes com traços femininos, já que Del Monte, secretamente, apreciava jovens desse tipo.
Até fugir de Roma devido a uma briga, Caravaggio realizaria uma série de importantes quadros de temática religiosa, muitas vezes feitos diretamente nas paredes das novas capelas que eram erguidas. Ao recusar-se a pagar uma aposta perdida, o genioso pintor brigou com um certo Ranuccio Tommasoni, que não resistiu aos ferimentos. Começaria então o período final de sua vida, quando viveu em Nápoles, Malta, Siracusa, Messina e Palermo, geralmente fugindo de um lugar para o outro devido a desavenças e perseguições.
Morreu aos 39 anos, a poucos quilômetros de Roma, mas sem ter retornado à cidade, já que não havia conseguido o perdão papal para voltar. O artista Giovanni Baglione, que anos antes o havia processado por ofensa, narrou seus últimos momentos: "Foi colocado numa cama, com febre muito forte, e ali, sem ajuda de Deus ou de amigos, morreu depois de alguns dias, tão miseravelmente quanto viveu"
Técnica e Personalidade
Caravaggio usava sua técnica para impressionar o espectador: temática do cotidiano italiano de sua época; formato “ao natural” das figuras, à semelhança do espectador; a cena toda retratada em primeiro plano, para envolver emocionalmente quem a olha; fundo neutro ou escuro, destacando o tema representado, contrastando com o forte feixe de luz que iluminava o objeto principal da obra, evidenciando sua técnica do claro-escuro, que tornava tudo mais “real”, mais vivo.
Caravaggio tinha um temperamento explosivo. Encrenqueiro, envolveu-se em uma série de brigas e processos jurídicos ao longo de sua vida, tendo que fugir de diversas cidades, inclusive Roma, onde sua cabeça tinha sido posta a prêmio. A despeito de sua vida conturbada, sua técnica ímpar e a maestria com que retratava as cenas e os personagens de suas obras preservam até hoje o encantamento e emoção que causavam no século XVII.
Caravaggio foi um dos mais destacados expoentes da escola naturalista, que surgiu na Itália em oposição ao Maneirismo, triunfante durante o Século 16.
Em seus quadros, tanto os profanos quanto os religiosos, não utilizou outro modelo além da crua realidade, pintando seus personagens sem qualquer processo de idealização. Esta forma de tratar as composições religiosas acabou por atrair a atenção da Contra-Reforma, já que, por seu caráter devocional, facilitava a identificação dos fiéis com os modelos de santidade, embora, a vulgarização de alguns desses personagens acabou criando problemas com a Igreja. Foi, ainda assim, muito importante sua utilização do claro-escuro para imprimir maior dramaticidade a suas obras.
Principais Obras
Andrea Solario – Salomé com a cabeça de João Batista
Michelangelo Caravaggio – Salomé com a cabeca de João Batista
Dois quadros, mesma cena, duas expressões diferentes. O primeiro pertence ao pintor renascentista italiano Andrea Solario (ou Solari). Sendo da Escola de Milão, sua obra apresenta muitas influências de Leonardo da Vinci, o maior representante da cidade italiana. O segundo é obra de Michelangelo Caravaggio, um dos maiores expoentes da pintura barroca italiana. Observe as diferenças principais entre as duas obras:
1 – No quadro renascentista, as expressões dos personagens que compõem a cena (Salomé, recebendo uma cabeça humano numa bandeja, e a expressão da própria cabeça de João Batista) é extremamente serena. O rosto da moça não apresenta nenhuma expressão de repulsa ao que recebe e a coloração da pele de João Batista não é condizente com a de um cadáver, mantendo a harmonia das cores pastéis típicas da época. A cena, que deveria ser dramática e repugnante, nos seus aspectos visuais não busca estes elementos, tornando-se até agradável aos olhos. Já no quadro barroco, Salomé não se atreve a olhar para a cabeça
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