Cogumelos
Relatório de pesquisa: Cogumelos. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: ffernadezs • 1/11/2014 • Relatório de pesquisa • 1.637 Palavras (7 Páginas) • 499 Visualizações
No dia-a-dia convivemos com numerosos fungos ou com seus produtos e nem damos conta! Os vinhos, queijos, podridões dos frutos ou a doença vulgarmente chamada "pé-de-atleta" parecem, à primeira vista, ter pouco em comum, contudo todos resultam da actividade de fungos. Os fungos estão presentes em quase todos os nichos ecológicos, são um grupo muito diversificado e numeroso (figura 1). Estão descritas cerca de 69000 espécies de fungos embora estejam estimadas 1500000 espécies diferentes por todo o mundo!
O maior fungo conhecido, talvez também o maior e mais velho organismo vivo, é Armillaria ostoyae. Um exemplar descoberto no ano 2000, na Floresta Nacional de Malheur (Oregon, Estados Unidos), ocupa uma área subterrânea de 900 hectares. Este fungo vive enterrado e só se torna visível com as chuvas de Outono. Nessa época, surge à superfície na forma de cogumelos, junto a árvores que o fungo ataca e mata.
Figura 1- Diversos aspectos que os fungos podem ter: a-e) cogumelos; f) leveduras; g-h) bolores.
Os primeiros registos de fungos datam de 300 a 200 a.C., são estatuetas representativas de cogumelos. Os fungos, principalmente os cogumelos, sempre desempenharam um papel importante nas mitologias das civilizações primitivas, a sua associação com o mundo sobrenatural ainda hoje está presente nas culturas e tradições de muitos povos. O uso de cogumelos alucinogénicos ou a mística dos fungos bioluminescentes ilustram exactamente esse tipo de situações. Os fungos bioluminescentes são vulgares nas florestas tropicais, onde crescem nas árvores em decomposição, mas também se encontram com frequência nos bosques das regiões temperadas (figura 2). A sua luminosidade é provavelmente uma adaptação que ficou do tempo em que os fungos tinham que se livrar do oxigénio em excesso existente na atmosfera, que não podiam utilizar. Alguns cientistas, contudo, pensam também que a sua luminosidade atrai insectos à noite, o que ajuda na dispersão dos esporos. As jovens de alguns povos das regiões tropicais utilizam cogumelos brilhantes como pintura do corpo, na esperança que ela atraia potenciais parceiros.
Embora nem sempre nos apercebamos, podemos afirmar que dificilmente passa um dia em que todos nós não somos beneficiados ou prejudicados directa ou indirectamente pelos fungos! Eles são fontes extremamente valiosas de compostos químicos, como os antibióticos, mas também possuem um grande potencial no controlo biológico de muitas pragas e doenças consideradas graves. O exemplo mais famoso é o antibiótico descoberto por Alexander Fleming em 1928, a Penicilina. Este antibiótico, ainda hoje muito utilizado, foi inicialmente produzido comercialmente a partir do Penicillium chrysogenum. O uso da penicilina foi generalizado com a II Guerra Mundial, em que desempenhou um papel determinante, salvando muitas vidas.
Figura 2 - Cogumelos bioluminescentes na Costa Rica (O grande livro da Natureza, 1995).
Os fungos são também muito utilizados na nossa alimentação (figura 3).O cogumelo que comemos mais frequentemente é o Agaricus brunnescens, mas são várias as espécies cultivadas para consumo. Para além do seu sabor, os cogumelos têm um elevado valor nutricional e alguns têm ainda propriedades medicinais e até afrodisíacas. No entanto, é importante não esquecer que nem todos os cogumelos são comestíveis, muitos deles são extremamente venenosos! Vários fungos são utilizados na produção de alguns dos nossos alimentos, como o queijo Roquefort produzido pelo Penicillium roquefortii, o pão ou a cerveja que resultam da fermentação de açucares pela levedura Saccharomyces cerevisae.
Os fungos conseguem utilizar muitos substratos diferentes como fonte de alimento, incluindo tecidos, madeiras, vários produtos derivados de petróleo e, claro, a grande maioria dos nossos alimentos. Apesar de todos os esforços para proteger e conservar os alimentos, alguns fungos podem causar estragos por apodrecimento mas também produzir substâncias muito tóxicas, as micotoxinas, em produtos vegetais que consumimos directamente ou para consumo animal. Estas substâncias podem causar graves doenças a nível renal, respiratório, neurológico ou hepático e mesmo vários tipos de cancro.
Figura 3 - Os fungos são muito utilizados na nossa alimentação: a-b) cogumelos que comemos vulgarmente; c) o pão e o vinho resultam de fermentações realizadas por leveduras.
Uma grande variedade de fungos pode infectar directamente os animais, inclusive os humanos, causando micoses. Estas doenças vão desde irritações superficiais na pele a infecções mais graves que podem envolver os músculos, ossos e órgãos internos. Algumas destas doenças podem ser fatais, especialmente para pessoas com o sistema imunitário debilitado. Contudo, são vários os fungos que vivem associados a animais sem lhes causar quaisquer problemas em condições normais, por exemplo, as leveduras das mucosas humanas ou os fungos que vivem em simbiose com insectos.
Outro grave problema provocado por fungos são as doenças de plantas que causam graves prejuízos na agricultura (figura 4). A maioria das plantas estão sujeitas ao ataque de diferentes fungos patogénicos cujas consequências vão desde o desenvolvimento de sintomas quase insignificantes à morte das plantas atacadas. No entanto, nem todos os fungos associados a plantas são prejudiciais: as micorrizas resultam da associação de um fungo com as raízes de plantas em que ambos são beneficiados: o fungo usa a planta como fonte de alimento mas em contrapartida fornece nutrientes e protecção contra algumas doenças e poluição. Os líquenes são outro exemplo da associação de fungos com algas que é boa para os dois organismos.
Figura 4 - Problemas causados por fungos: a) micoses; b-c) doenças em plantas; d) apodrecimento de um fruto.
Os cogumelos desde sempre chamaram a atenção dos naturalistas mas foi com a invenção do microscópio, no século XVII, que teve início o estudo sistemático dos fungos. Foi o Padre Antonio Micheli, um botânico italiano, que em 1729 incluiu pela primeira vez observações sobre fungos no seu livro Nova Plantarum Genera. Nasceu, então, a Micologia como a ciência que estuda os fungos, sua forma, estrutura, processos vitais, modo de vida, ecologia, origem, classificação e distribuição. A micologia tem muitas aplicações, que vão desde o combate de doenças provocadas por fungos até à biotecnologia, incluindo o desenvolvimento de antibióticos, a fermentação do vinho e da cerveja, a cozedura e a produção de corantes.
Tradicionalmente
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