Doeça de chagas
Por: tiegooo • 19/7/2015 • Trabalho acadêmico • 1.728 Palavras (7 Páginas) • 805 Visualizações
DOENÇA DE CHAGAS: POSSÍVEIS CASOS DE TRANSMISSÃO POR VIA ORAL ATRAVÉS DO SUCO DO AÇAÍ NO MUNICÍPIO DE PARAGOMINAS-PA
Tiego dos Santos Silva ( tiegosilva_@hotmail.com)
Lílian Natália Ferreira de Lima
Maria Aparecida Melo da Costa
Introdução
A doença de Chagas, assim como várias doenças parasitárias, vem sendo uma questão de preocupação à população de Paragominas. A doença é uma das consequências da infecção humana pelo protozoário Trypanosoma cruzi (agente etiológico da Doença de Chagas), que tem o triatomíneo como o vetor principal, conhecido popularmente como “barbeiro” o qual coabita em área silvestre, com mata fechada. A modificação ou destruição deste ambiente, o desenvolvimento de plantação em áreas de mata e a proximidade do homem com as áreas de transmissão silvestre propiciam a transmissão para o mesmo. Por esses fatores, o triatomíneo sente-se ameaçado e obrigado a buscar novas moradias, restando apenas uma saída que é o deslocamento das matas para as áreas urbanas, tendo um contato mais intenso com o homem e animais domésticos.
“São encontrados em áreas de condições precárias de higiene associadas a pobreza, e somente atacam à noite. Durante o dia, escondem-se nas fendas, tão freqüentemente nas paredes de habitações rurais primitivas (Rojas, 1982, p. 423).”
Atualmente outra forma de transmissão da doença que afeta o ser humano é a por via oral, através do consumo do suco do açaí, quando não se tem uma boa higienização da fruta, sujeiras e insetos acabam fazendo parte do processamento de trituração e, consequentemente o açaí será contaminado, isso acontece devido o vetor da doença usar as pencas da fruta como abrigo e acabam deslocando-se juntos com o açaí e, desde 2006, é considerada como um grande risco para a saúde pública no Brasil. Os principais sintomas da doença são: febre diarréia, anorexia, cefaléia, calafrios, evoluindo com palidez, e aumento progressivo do volume abdominal.
Na década de 90, no Brasil, a estimativa estava em torno de 2 a 3 milhões de pessoas infectadas, com uma incidência de 100 novos casos por ano (Dias & Coura, 1997). Estudos mostram que só no ano de 2009, o Estado do Pará obteve o maior número de surto da doença por via oral, chegando a 100 casos confirmado e, em Paragominas, foram 10 casos notificados sendo dois confirmados. Diante desses acontecimentos este trabalho torna-se relevante para conhecimento dos índices e motivos de casos de contaminação de Doença de Chagas por via oral no Município de Paragominas, junto aos órgãos de saúde e como vem sendo feito o manuseio do produto pelos vendedores no mercado municipal.
Metodologia
Para a realização deste trabalho foi feito uma pesquisa quantitativa, com levantamento de dados junto à Secretaria Municipal de Saúde. Estes dados contêm informações do percentual da população infectada pelo protozoário; verificaram-se possíveis registros nos anos de 2008 à 2010 os casos de contaminação da doença. A coleta de dados prosseguiu, utilizando entrevistas com os vendedores de açaí na feira livre do mercado municipal da cidade e em alguns bairros com pontos específicos de venda, foram distribuídos alguns questionários. A abordagem da entrevista foi fundamentada na forma do manuseio, higiene e processamento da fruta. Os entrevistados colaboraram com a pesquisa, respondendo e preenchendo os questionários, visando assim os resultados desse estudo. A pesquisa desenvolveu-se a partir de um estudo qualitativo junto à Vigilância Sanitária, verificando as medidas tomadas com relação aos estabelecimentos de venda do açaí, sua fiscalização e orientação correta para os vendedores. Isso se tornou importante devido a grande quantidade do surto da doença por via oral na região Amazônica nos últimos três anos. A pesquisa foi realizada em Paragominas, no período de julho a agosto de 2010.
Resultados e discussão
Para se ter a compreensão e a dimensão dos casos da doença no Município, foi-se necessário observar junto à Secretaria de Saúde através da coleta de dados, verificando quantos indivíduos tinham se contaminado entre os anos de 2008 à 2010, período limitado para a realização da pesquisa. Tais dados revelaram um número expressivo de casos, totalizando dez casos notificados. Entre os dados, dois e seis foram descartados em 2008 e 2009, respectivamente, e uma confirmação da doença em cada ano. Nenhum caso foi registrado até o momento da pesquisa no ano 2010, como mostra a tabela I.
Tabela I: Casos de doença de chagas registrados no período de 2008 à 2010, em Paragominas-PA.
Anos | Casos notificados | Casos descartados | Casos confirmados |
2008 | 3 | 2 | 1 |
2009 | 7 | 6 | 1 |
2010 | - | - | - |
Total | 10 | 8 | 2 |
Apesar do expressivo número de casos, totalizando dez notificados, apenas dois casos foram confirmados, sem levar em consideração os pacientes que contraíram a doença por transmissão direta na pele, através das fezes do triatomíneo. No ano de 2008, houveram três casos notificados, apesar de a região se mostrar bastante vulnerável a doença por via oral, confirmada apenas um caso. Já no ano de 2009 esse índice aumentou, tendo sete casos notificados, subindo mais que 50% se comparado com o ano anterior, porém igualando-se nos casos confirmados, totalizando um paciente infectado no ano, sem levar em consideração o ano de 2010, que não apresentou nenhum caso da doença. Segundo a Secretaria, as vítimas da doença, não foram contaminadas com a doença no município; uma foi proveniente da Cidade de Belém-Pará e a outra do Estado do Maranhão, ambas tinham chegado de viagem quando os sintomas começaram a aparecer. A comprovação foi possível após os exames médicos e realização do cálculo do estágio de incubação do Trypanosoma cruzi, que é em torno de 20 a 40 dias, período em que as vítimas estavam ausentes da cidade, comprovando assim que a contaminação dos mesmos pelo protozoário foi no período da viagem realizada antes do diagnostico medico feito em Paragominas.
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