Exercícios e síndrome metabólica
Artigo: Exercícios e síndrome metabólica. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 28/2/2015 • Artigo • 1.414 Palavras (6 Páginas) • 472 Visualizações
RESUMO
A prática regular de atividade física tem sido recomendada para
a prevenção e reabilitação de doenças cardiovasculares e outras
doenças crônicas por diferentes associações de saúde no mundo,
como o American College of Sports Medicine, os Centers for Disease
Control and Prevention, a American Heart Association, o National
Institutes of Health, o US Surgeon General, a Sociedade Brasileira
de Cardiologia, entre outras. Estudos epidemiológicos têm
demonstrado relação direta entre inatividade física e a presença
de múltiplos fatores de risco como os encontrados na síndrome
metabólica. Entretanto, tem sido demonstrado que a prática regular
de exercício físico apresenta efeitos benéficos na prevenção e
tratamento da hipertensão arterial, resistência à insulina, diabetes,
dislipidemia e obesidade. Com isso, o condicionamento físico deve
ser estimulado para todos, pessoas saudáveis e com múltiplos fatores
de risco, desde que sejam capazes de participar de um programa
de treinamento físico. Assim como a terapêutica clínica cuida
de manter a função dos órgãos, a atividade física promove
adaptações fisiológicas favoráveis, resultando em melhora da qualidade
de vida.
RESUMEN
Ejercicio físico y síndrome metabólico
La práctica regular de actividad fisica viene siendo recomendada
para la prevención y la rehabilitación de enfermedades cardiovasculares
y otras dolencias crónicas por las diferentes asociaciones
de salud del mundo, como el Colegio Americano de Medicina
del Deporte, los Centros para el Control y Prevención de Enfermedades,
la Asociación Cardiológica Americana, los Institutos Nacionales
de Salud, el US Surgeon General y la Sociedad Brasileña de
Cardiología entre otras. Estudios epidemiológicos han demostrado
que la relación directa entre la inactividad física y la presencia
de múltiples factores de riesgo como los encontrados en el síndrome
metabólico. Entretanto, se ha demostrado que la práctica regular
del ejercicio físico presenta efectos beneficiosos en la prevención
y en el tratamiento de la hipertensión arterial, la resistencia
a la insulina, la diabetes, las dislipemias y la obesidad. Por ello, el
acondicionamiento físico debe ser estimulado para todas las personas
saludables y con múltiples factores de riesgo desde que
sean capaces de participar en un programa de entrenamiento físico.
Asi como la terapéutica clínica cuida de mantener la función de
los órganos, la actividad física promove adaptaciones fisiológicas
favorables resultando en un mejoramiento de la calidad de vida.
A inatividade física e baixo nível de condicionamento físico têm
sido considerados fatores de risco para mortalidade prematura tão
importantes quanto fumo, dislipidemia e hipertensão arterial(1).
Estudos epidemiológicos têm demonstrado forte relação entre inatividade
física e presença de fatores de risco cardiovascular como
hipertensão arterial, resistência à insulina, diabetes, dislipidemia e
obesidade(2-5). Por outro lado, a prática regular de atividade física
tem sido recomendada para a prevenção e tratamento de doenças
cardiovasculares, seus fatores de risco, e outras doenças crônicas(
6-16).
A síndrome metabólica – também conhecida como síndrome X,
síndrome da resistência à insulina, quarteto mortal ou síndrome
plurimetabólica – é caracterizada pelo agrupamento de fatores de
risco cardiovascular como hipertensão arterial, resistência à insulina,
hiperinsulinemia, intolerância à glicose/diabete do tipo 2, obesidade
central e dislipidemia (LDL-colesterol alto, triglicérides alto
e HDL-colesterol baixo). E estudos epidemiológicos e clínicos têm
demonstrado que a prática regular de atividade física é um importante
fator para a prevenção e tratamento dessa doença(2-5,11-16).
O objetivo desta revisão é demonstrar o papel da prática regular
de atividade física na prevenção e tratamento da síndrome metabólica,
bem como descrever a quantidade e modalidade de exercício
necessário para esse fim.
EXERCÍCIO E OBESIDADE
Nas últimas décadas tem havido rápido e crescente aumento no
número de pessoas obesas, o que tornou a obesidade um problema
de saúde pública. Essa doença tem sido classificada como uma
desordem primariamente de alta ingestão energética. No entanto,
evidências sugerem que grande parte da obesidade é mais devida
ao baixo gasto energético que ao alto consumo de comida, enquanto
a inatividade física da vida moderna parece ser o maior fator
etiológico do crescimento dessa doença nas sociedades industrializadas(
13).
Estudos epidemiológicos e de coorte têm demonstrado forte
associação entre obesidade e inatividade física(3-5), assim como tem
sido relatada associação inversa entre atividade física, índice de
massa corpórea (IMC)*, razão cintura-quadril (RCQ)• e circunferência
da cintura(2,3,5). Esses estudos demonstram que os benefícios
da atividade física sobre a obesidade podem ser alcançados com
intensidade baixa, moderada ou alta, indicando que a manutenção
de um estilo de vida ativo, independente de qual atividade praticada,
pode evitar o desenvolvimento dessa doença.
Para o tratamento da obesidade é necessário que o gasto energético
seja maior que o consumo energético diário, o que nos faz
pensar que uma simples redução na quantidade de comida através
de dieta alimentar seja suficiente. No entanto, isso não é tão
simples; tem sido demonstrado que mudança no estilo de vida,
através de aumento na quantidade de atividade física praticada e
reeducação alimentar, é o melhor tratamento(16).
* IMC – razão entre peso (kg) e altura ao quadrado (m2)
• RCQ – razão entre as circunferências (cm) da cintura e quadril.
320 Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº 4 – Jul/Ago, 2004
O gasto energético diário é composto de três grandes componentes:
taxa metabólica de repouso (TMR), efeito térmico da atividade
física e efeito térmico da comida (ETC). A TMR, que é o custo
energético para manter os sistemas funcionando no repouso, é o
maior componente do gasto energético diário (60 a 80% do total).
O tratamento da obesidade apenas através de restrição calórica
pela dieta leva a uma diminuição da TMR (através de diminuição
de massa muscular) e do ETC, o que leva à redução ou manutenção
na perda de peso e tendência de retorno ao peso inicial, apesar
da restrição calórica contínua, contribuindo para uma pobre eficácia
de longo período dessa intervenção(13). No entanto, a
combinação de restrição calórica com exercício físico ajuda a manter
a TMR, melhorando os resultados de programas de redução de
peso de longo período. Isso ocorre porque o exercício físico eleva
a TMR após a sua realização, pelo aumento da oxidação de substratos,
níveis de catecolaminas e estimulação de síntese protéica(
17,18). Esse efeito do exercício na TMR pode durar de três horas
a três dias, dependendo do tipo, intensidade e duração do exercício(
19,20).
Outro motivo que incentiva a inclusão da atividade física em programas
de redução de peso está em que a atividade física é o
efeito mais variável do gasto energético diário, pelo que a maioria
das pessoas consegue gerar taxas metabólicas que são 10 vezes
maiores que os seus valores em repouso durante exercícios com
participação de grandes grupos musculares, como caminhadas rápidas,
corridas e natação(13,20). Atletas que treinam de três a quatro
horas diárias podem aumentar o gasto energético diário em quase
100%(20). Em circunstâncias normais, a atividade física é responsável
por entre 15 e 30% do gasto energético diário (fig. 1).
EXERCÍCIO E RESISTÊNCIA À INSULINA
A associação entre inatividade física e resistência à insulina foi
sugerida pela primeira vez em 1945(27). Desde então, estudos transversais
e de intervenção têm demonstrado relação direta entre
atividade física e sensibilidade à insulina(2,5,28,29).
Estudos transversais demonstram menores níveis de insulina e
maior sensibilidade à insulina em atletas, quando comparados a
seus congêneres sedentários(30-32). Atletas másteres demonstram
ser protegidos contra a deterioração da tolerância à glicose associada
ao envelhecimento(33,34). Entretanto, pouco tempo de atividade
física está associado a baixa sensibilidade à insulina e alguns
dias de repouso estão associados a aumento da resistência à insulina(
2,5,35).
Tem sido demonstrado que uma única sessão de exercício físico
aumenta a disposição de glicose mediada pela insulina em sujeitos
normais, em indivíduos com resistência à insulina parentes
de primeiro grau de diabéticos do tipo 2, em obesos com resistência
à insulina, bem como em diabéticos do tipo 2, e o exercício
físico crônico melhora a sensibilidade à insulina em indivíduos saudáveis,
em obesos não-diabéticos e em diabéticos dos tipos 1 e
2(13,36-38).
Apesar do claro benefício da prática de atividade física sobre a
sensibilidade à insulina, há situações em que o exercício agudo
não melhora a sensibilidade à insulina e pode até piorá-la. A sensibilidade
à insulina está diminuída após a corrida de maratona(39),
assim como após exercício extenuante e excêntrico, como correr
numa ladeira(40); uma provável explicação para esse fato é a utilização
aumentada e contínua de ácidos graxos como combustível
muscular. Entretanto, estas são condições extremas em que a intensidade
de exercício é maior do que a intensidade que a maioria
dos indivíduos com síndrome metabólica conseguem suportar.
O efeito do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina tem
sido demonstrado de 12 a 48 horas após a sessão de exercício,
porém volta aos níveis pré-atividade em três a cinco dias após a
última sessão de exercício físico(13), o que reforça a necessidade
de praticar atividade física com freqüência e regularidade.
O fato de que apenas uma sessão de exercício físico melhora a
sensibilidade à insulina e que o efeito proporcionado pelo treinamento
regride em poucos dias de inatividade levantam a hipótese
de que o efeito do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina é
meramente agudo. No entanto, foi demonstrado em estudo que
indivíduos com resistência à insulina melhoram a sensibilidade à
insulina em 22% após a primeira sessão de exercício e em 42%
após seis semanas de treinamento(41), o que demonstra que o exercício
físico apresenta tanto um efeito agudo como um efeito crônico
sobre a sensibilidade à insulina.
Benefício do exercício físico sobre a sensibilidade à insulina é
demonstrado tanto com o exercício aeróbio como com exercício
resistido(41-45). O mecanismo pelo qual essas modalidades de exercício
melhoram a sensibilidade à insulina parece ser diferente(42), o
que sugere que a co
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