Nidificação de Camundongos em Biotério
Por: Daniela Garcia • 9/11/2015 • Abstract • 550 Palavras (3 Páginas) • 287 Visualizações
RESUMO
Há mais de cem anos, camundongos (Mus musculus) de diversas linhagens são utilizados como modelos experimentais em dezenas de vertentes da pesquisa científica. Porém, considerando trabalhos recém-publicados, os conceitos de condições ideais de vida desses animais dentro de biotérios estão mudando. Atualmente, a tendência mundial é a de buscar por outros métodos de experimentação que substituam modelos animais vivos, porém, camundongos, ratos e coelhos ainda são vastamente utilizados. Neste trabalho, trataremos sobre uma das variáveis envolvidas na qualidade de vida desses animais: a influência da construção de ninhos no comportamento e desenvolvimento de camundongos em biotérios.
INTRODUÇÃO
Com base em um trabalho de Bruce K. Alexander, publicado em 1980 direcionado à pesquisa do uso de drogas, descobriu-se que roedores mantidos sem contato social, confinados sozinhos em gaiolas convencionais e sem distrações, acabavam invariavelmente, por abusar espontaneamente de substâncias analgésicas disponíveis em bebedouros e morriam, na maioria das vezes por overdose. Enquanto isso, outro grupo de roedores foi colocado no que era popularmente chamado de ‘Rat Park’, uma área 200 vezes maior do que as jaulas convencionais, com brinquedos, áreas próprias para nidificação e, principalmente contato social. O grupo colocado no ‘Rat Park’ também tinha acesso livre a bebedouros com analgésicos, (nesse caso, a Morfina), porém, não se interessava pela droga, mesmo quando essa era misturada a substâncias açucaradas, que são altamente atrativas para os ratos, ou quando já haviam sido previamente viciados no analgésico. Essas informações nos levam a crer que o real problema não é o poder atrativo da Morfina e seus efeitos, mas sim, um ambiente restritivo no qual os animais são expostos a níveis de stress muito mais altos do que gostaríamos de acreditar depois de décadas de uso de roedores como modelos experimentais. Exatamente como argumenta Morikawa H. (2013) “um cérebro que sofre privações pode interpretar exageradamente qualquer recompensa que encontrar”.
Aparentemente, uma maneira de minimizar os efeitos estressantes deste ambiente, seria permitir que os roedores construíssem ninhos com algum tipo que substrato extra, que não apenas a maravalha, o que acarretaria em matrizes e filhotes mais saudáveis e em pesquisas mais precisas, considerando que o desconforto dos animais pode inevitavelmente interferir nos resultados de diversos tipos de experimentação, invalidando anos de trabalho de pesquisa. Dessa forma, os animais tem a possibilidade de construir abrigos naturalmente e sem interferir em qualquer experimento, desde que o substrato extra a ser fornecido possa ser autoclavado e que o experimento não exija imobilidade, já que, para a construção do ninho, é necessário que o animal gaste mais energia do que seria normal em biotérios.
HIPÓTESES
As crias de matrizes que tiveram a possibilidade de construir ninhos se desenvolvem melhor até a idade adulta.
O comportamento do casal com filhotes em relação à higiene da gaiola é alterado para manter o ninho sempre em boas condições, sem umidade nem contato com fezes ou urina.
Camundongos que tem a possibilidade de construir ninhos demonstram menos comportamentos de stress em biotérios.
OBJETIVO
O objetivo desse trabalho é observar se a construção de ninhos com substrato extra interfere no cuidado parental, no comportamento de higiene e no desenvolvimento dos filhotes de camundongos criados em biotérios. Considerando que o substrato extra fornecido aos animais pode ser autoclavado e facilmente encontrado, é certamente uma fonte viável de relaxamento e tranquilidade oferecida a esses animais que se mostraram tão importantes para história da humanidade.
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