Recomendações para diagnóstico e Tratamento da leptospirose
Projeto de pesquisa: Recomendações para diagnóstico e Tratamento da leptospirose. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: tikanobre • 6/6/2014 • Projeto de pesquisa • 1.974 Palavras (8 Páginas) • 550 Visualizações
Serviço de Doenças Infecciosas e Parasitárias do
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Diretrizes para Diagnóstico e
Tratamento de Leptospirose
Tiago Ferreira
Valéria Carvalho Costa
Nelson Gonçalves Pereira
Introdução
A leptospirose é uma zoonose causada por bactérias do gênero
leptospira que compreende duas espécies: L. biflexa, de vida livre e L.
interrogans, patogênica. Esta última é subdividida em sorovares, de acordo
com diferenças antigênicas.
O ciclo de transmissão é iniciado e mantido através da eliminação
prolongada de leptospiras na urina de reservatórios animais, sendo o rato o
principal, além de outros animais como cães, bovinos e suínos. Em ambiente
com condições adequadas, a leptospira pode permanecer infectante durante
semanas.
A infecção ocorre, na maioria das vezes, de maneira indireta, através do
contato com água ou solo úmido contaminado e subseqüente penetração da
leptospira em abrasões na pele e mucosas, intactas ou não. O contato direto
com urina e tecidos de animais é responsável por uma proporção menor das
infecções, sendo mais comum em algumas profissões como veterinários e
açougueiros.
Em nosso meio, o paciente típico da forma ictérica é um indivíduo adulto
(20-45anos) do sexo masculino (6-10 homens:1 mulher) com história de
exposição à água de enchente ou esgoto. A incidência aumenta na época das
grandes chuvas de verão, acometendo, principalmente, indivíduos com
condições precárias de moradia e trabalho.
Quadro Clínico
A apresentação clínica pode variar desde os casos assintomáticos e
oligossintomáticos até formas graves e fatais. Dentre os sintomáticos, cerca de
90-95% apresentarão a forma anictérica da doença e 5-10% a forma ictérica,
considerada mais grave.
A doença é classicamente descrita como bifásica, sendo a primeira fase
caracterizada pela disseminação da leptospira pelo organismo, com duração de
4 a 7 dias, conhecida como fase septicêmica. A segunda inicia-se com o
aparecimento de anticorpos e tem duração de 10 a 30 dias. É a fase imune.
Embora possa haver um período de remissão dos sintomas entre as
duas fases (de 1 a 3 dias de intervalo), esta distinção nem sempre é clara,
ocorrendo em menos de 50% dos casos.
Forma anictérica:
O início do quadro é súbito com febre alta, calafrios, mialgia e cefaléia. A
dor muscular é mais acentuada nas panturrilhas e a cefaléia, frontal ou retroorbitária,
algumas vezes com fotofobia associada. São freqüentes também:
hiperemia conjuntival, dor abdominal, náuseas, vômitos e diarréia. Pode haver
acometimento pulmonar, manifestado por tosse e dor torácica.
Após cerca de sete dias há resolução dos sintomas, que coincide com a
fase imune, quando os anticorpos são produzidos. Posteriormente, os sintomas
recorrem, podendo somar-se ao quadro rigidez de nuca e sinais de irritação
meníngea, caracterizando meningite asséptica. Ocasionalmente podem surgir
artralgias e exantema.
Desse modo, na avaliação de paciente com febre, sintomas gripais,
mialgias importantes ou meningite asséptica, deve-se considerar o diagnóstico
de leptospirose, principalmente se há dados epidemiológicos sugestivos. Nesta
forma clínica não há faixa etária predominante e ocorre igualmente em ambos
os sexos.
Forma ictérica:
O início do quadro é semelhante à forma anictérica, podendo
desenvolver-se após a fase aguda, representando a segunda fase de uma
doença bifásica ou simplesmente como doença progressiva única. Assim, três
a sete dias após o início dos sintomas sobrevém icterícia, insuficiência renal e
hemorragias, caracterizando a síndrome de Weil. Devido à hiperemia
conjuntival e cutânea como pano de fundo, a icterícia possui tom amareloavermelhado
(icterícia rubínica), sendo característica marcante da leptospirose.
A insuficiência renal geralmente manifesta-se como oligúria, mas comumente
pode existir com volume urinário normal e até aumentado. Dentre as
manifestações hemorrágicas destacam-se: petéquias, púrpura, hematomas,
epistaxe e hemorragia conjuntival. Hemorragia digestiva e em sistema nervoso
central são mais raras. Além disso, discreta hepatomegalia dolorosa pode estar
presente, enquanto o baço, em geral, é impalpável. Queixas respiratórias são
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