TRABALHO BIOLOGIA ALELOPATIA DE EXTRATO NA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO INICIAL DE LACTUCA SATIVA
Por: Gabriele Moreira • 27/6/2021 • Relatório de pesquisa • 2.650 Palavras (11 Páginas) • 214 Visualizações
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ- UNESPAR
CAMPUS DE UNIÃO DA VITÓRIA
COLEGIADO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
Aline Fabíola Portela
Gabriele dos Santos Lima Moreira
Juliane Vieira
Rosane Martins
ALELOPATIA DE EXTRATO NA GERMINAÇÃO E CRESCIMENTO INICIAL DE LACTUCA SATIVA
União da Vitória, PR
2019
INTRODUÇÂO
Nas comunidades vegetais, as plantas podem interagir de maneira positiva, negativa ou neutra. É mais comum que plantas vizinhas interajam de maneira negativa, de modo que a emergência e ou, o crescimento de uma ou de ambas são inibidos.
As interações que se desencadeiam entre organismos vizinho, (MULLER 1969) denominou de interferência. Entretanto, por ser um termo muito amplo e englobar vários mecanismos, (SZCZEPANSKI 1977) dividiu-o em:
- Alelospolia: Mais comumente chamada de competição, é a interferência causada pelos organismos, que provoca a redução de um ou mais fatores de crescimento (luz, água, nutrientes, etc.) e prejudica o desenvolvimento normal de outros organismos na comunidade;
- Alelopatia: Definida como a interferência provocada por substâncias químicas produzidas por certos organismos e que, no ambiente, afetam os outros componentes da comunidade, e
- Alelomediaçao ou interferência indireta: São alterações provocadas por organismos no ambiente físico ou biológico, com reflexo aos seres vizinhos.
Neste trabalho será dada ênfase à alelopatia. Este termo deriva de duas palavras gregas: alleton que significa mútuo e pathos prejuízo, e foi definido por Molisch em 1937, para referir-se tanto às interações bioquímicas benéficas como às prejudiciais entre todos os tipos de plantas, incluindo microrganismos (RICE, 1984). A alelopatia é efeitos prejudiciais de plantas de uma espécie (doadora) na germinação, no crescimento ou no desenvolvimento de plantas de outras espécies (receptoras) segundo (PUTNAM E DUKE 1978).
O trabalho objetivou avaliar a atividade alelopática no experimento de extrato aquoso de folhas de pinus taeda e hortelã (mentha sp) sobre a germinação e crescimento inicial de alface (Lactuca sativa).
ALELOPATIA
A Sociedade Internacional de Alelopatia (SIA) a define como: “A ciência que estuda qualquer processo que envolva metabólitos secundários produzidos pelas plantas, algas, bactérias e fungos que influenciam no crescimento e desenvolvimento de sistemas biológicos” (ALLEM, 2010). O termo "alelopatia" foi criado em 1937, pelo pesquisador alemão Hans Molisch, com a reunião das palavras gregas "allélon" e "pathos", que significam respectivamente, mútuos e prejuízo. Segundo Molisch, “alelopatia é a capacidade das plantas produzirem substâncias químicas que, liberadas no ambiente, influenciam de forma favorável ou desfavorável o desenvolvimento de outras plantas” (SANTOS 2012).
As substâncias alelopáticas fitotoxinas, aleloquímicos ou produtos secundários provêm do metabolismo sendo atribuída a estas a função de defesa e/ou proteção, pois durante o processo de evolução destas plantas estas substâncias representam alguma vantagem contra a ação de microrganismos, vírus, insetos, e outros patógenos ou predadores, seja inibindo a ação destes ou estimulando o crescimento e desenvolvimento das plantas (MANO 2006). Todas as plantas produzem metabólitos secundários, os quais variam de acordo com sua concentração, localização e composição (ALLEM, 2010). Um dos principais questionamentos é se os aleloquímicos envolvidos são produtos sintetizados pela planta com função específica. Com base no fato de que estas substâncias se encontram, em maior quantidade, nos vacúolos das células das plantas, onde seriam depositadas a fim de evitar a sua própria autotoxidação (MULLER 1966, WHITTAKER 1970). Entretanto, esta teoria é contestada por (SWAIN 1977), segundo o qual os aleloquímicos são produzidos nas células com finalidade específica e sua síntese obedece às leis da genética.
O que difere a alelopatia da competição entre plantas é o fato de a competição reduzir ou remover do ambiente um fator de crescimento necessário para ambas às plantas, como água, luz, nutriente e outros, enquanto a alelopatia ocorre pela adição de um fator químico ao meio. Os efeitos alelopáticos podem ser resultados de uma interação complexa entre fatores genéticos e ambientais.
Os aleloquímicos são resultantes do metabolismo secundário, produzidos durante todo o ciclo de vida da planta. Estas substâncias estão presentes em todos os órgãos como folhas, flores, frutos, raízes, caules e sementes (GUSMAN et al., 2012) e sua concentração nos tecidos depende de diversos fatores, como solo, temperatura e pluviosidade (BORELLA; PASTORINI, 2009). A ação visível sobre as plantas como inibindo ou estimulando o crescimento ou até mesmo a germinação são respostas secundárias de efeitos primários que ocorrem no processo metabólico das plantas afetadas. Entre os efeitos diretos, observam-se interferências nos 5 metabolismos vegetais, englobando alterações em nível celular, fitormônio, fotossintético e respiratório, síntese proteica, metabolismo lipídico e ácidos orgânicos, inibição ou estimulação da atividade enzimática específica, efeitos sobre a relação hídrica e sobre a síntese de DNA ou RNA nas plantas-alvo. Efeitos indiretos compreendem interferência na produtividade das plantas, dos agroecossistemas e na biodiversidade local, por causar alterações na sucessão vegetal, na estrutura e composição das comunidades vegetais e na dominância de certas espécies vegetais (TUR et al., 2010). Os compostos alelopáticos podem afetar processos, tais como a germinação das sementes e o crescimento das plântulas, a assimilação de nutrientes, a fotossíntese, a respiração, a síntese de proteína, a atividade de várias enzimas e a perda de nutrientes pelos efeitos na permeabilidade da membrana celular (MANO 2006).
De acordo com Silveira (2010), a liberação dos aleloquímicos se dá por diferentes formas sendo estas: volatilização, exsudação radicular, lixiviação e decomposição de resíduos. A volatilização acontece quando compostos aromáticos são volatilizados das folhas, flores, caules, e raízes podendo assim ser absorvidos por outras plantas. Estes compostos são de difícil identificação, entre eles destacam-se os terpenos. A lixiviação pode ser definida como a remoção de substâncias químicas das plantas pela ação da água através da chuva, orvalho ou neblina e podem-se citar compostos como terpenóides e alcaloides. Outro método é exsudação radicular, onde muitos compostos alelopáticos são liberados na rizosfera e podem atuar direta ou indiretamente nas interações planta/planta e na ação de micro-organismos, entre estes compostos podem ser citados o ácido oxálico, a amidalina e a cumarina. A decomposição de resíduos acontece quando toxinas são liberadas pela decomposição das partes aéreas ou subterrâneas, direta ou indiretamente, pela ação de micro-organismos, os quais são liberados compostos como os glicosídeos cianogênicos, ácidos fenólicos e flavonóides (SANTOS 2012; FELIX, 2012).
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