Termoterapia em dermatite funcional

Termoterapia em dermato funcional

O corpo humano necessita que a temperatura central ronde o intervalo térmico de 36,7 a 37,1ºC, para conservação das funções vitais. O hipotálamo é o principal regulador central da temperatura corporal, tendo capacidade de integrar impulsos térmicos provenientes de quase todos os tecidos.

Sempre que a temperatura corporal se encontra fora do intervalo térmico ideal, são desencadeados mecanismos autónomos de termorregulação (termólise/termogénese) que permitem ao corpo retomar a temperatura adequada.

Crioterapia

A crioterapia consiste na utilização do frio com fins terapêuticos. Ao alcance do fisioterapeuta existem diversos métodos de aplicação de frio, nomeadamente, compressas, gelo dinâmico e com utilização específica pela dermato-funcional a bandagem crioterápica.

Aquando aplicação local de uma estimulação fria numa primeira fase desencadeia-se um reflexo vasoconstritor acompanhado de piloerecção com diminuição do metabolismo a fim de diminuir as necessidades de oxigénio dos tecidos. Baseado neste efeito é utilizado em fases agudas de lesões, com vista a controlo da hemorragia, redução da resposta inflamatória, do edema e da dor.

O frio promove redução da dor por aumento do limiar de dor e por inibição das terminações nervosas periféricas. Alvo de controvérsias por provocar redução do fluxo circulatório. Esta promove diminuição do metabolismo e diminuição da ação da histamina sobre as células endoteliais.

Numa fase aguda de pós-operatório a utilização do frio revela-se muito eficaz na redução das complicações tardias, uma vez que o controle do extravasamento sanguíneo conduz a um menor depósito de fibrina, minimizando as aderências tão frequentes na cirurgia estética.

Embora com pouco suporte científico a crioterapia é muito utilizada na terapêutica de gordura localizada.

A sua aplicação na área estética através de bandagem fria consiste na aplicação de um gel crioterápico à base de cânfora e mentol, com enfaixamento a fim de manter o arrefecimento por um maior período de tempo, tendo como base o mecanismo de termogénese do organismo. Quando a estimulação fria é mantida por um período de tempo prolongado e a vasoconstrição não é suficiente para manter a temperatura central, o hipotálamo envia de estímulos para produção de calor.

A produção de calor é mediada por dois mecanismos: mecânico e químico. O mecanismo mecânico é o primeiro atuar através da estimulação da contração muscular (tremor), para tal terá que transformar gorduras de reserva em energia, para que estas funcionem com substrato pelas mitocôndrias. Um segundo mecanismo mais lento que consiste na estimulação, do sistema nervoso simpático sobre os recetores b-adrenérgicos do adipócito, com aumento da conversão das reservas energéticas em calor, e consequentemente aumento do metabolismo.

Embora a crioterapia seja muito usada pela área da estética na terapêutica flacidez cutânea, não foi encontrado nenhum artigo científico que suporte a sua utilização com benefícios a longo prazo. É aceite um efeito tensor, resultante da diminuição da extensibilidade do tecido conjuntivo mas tal efeito tem uma ação temporária. Este recurso também é utilizado como finalizador de tratamentos, com o objetivo de provocar vasoconstrição e impedir a eliminação dos princípios ativos administrados via transdérmica, por evaporação. Contudo tal efeito é discutível, uma vez que a aplicação do frio também poderá limitar a penetração do produto. São necessários mais estudos para avaliar a eficácia do frio no tratamento da flacidez.

Criolipólise: O termo “criolipólise” tem marca registada pela Zeltiq Aesthetic, Inc. e consiste num novo método de redução da lipodistrofia de forma não invasiva, mais conhecido por Coolsculping, foi um equipamento aprovado em 2010 pela FDA, que utiliza o frio para promover destruição do adipócito e consequentemente redução da lipodistrofia. Baseia-se na capacidade de a aplicação localizada e prolongada do adipócito exposto a baixas temperaturas induzir apoptose do mesmo, sem comprometer a função da pele. Para além disso, após o tratamento é desencadeada um resposta inflamatória, podendo causar dano aos adipócitos que não foram afetados imediatamente, daí que os efeitos lipolíticos do tratamento por criolipólise se mantenha por vários meses.

Indicações da crioterapia na Fisioterapia Dermato-funcional:

• Redução resposta inflamatória e da dor em pós-operatórios;

• Queimaduras – diminui a severidade das queimaduras, revertendo a vasodilatação e diminuindo a permeabilidade capilar, contribuindo para a limitação do extravasamento de plasma e prevenção da hipóxia secundária.

• Hiperlipodistrofia.

Contra-indicações da bandagem crioterápica:

• Sobre abdómen em patologias gástricas e/ou após refeições;

• Afeções dermatológicas;

• Cardiopatias;

• Hiper ou hipotensão;

• Febre;