USO DE BIOPILES PARA RESTAURAÇÃO DE ÁREAS DE PETRÓLEO POLUIDAS

UTILIZAÇÃO DE BIOPILHAS PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS CONTAMINADAS POR PETRÓLEO

Antonia Michelle Araújo Lopes

Kely Gomes de Souza

RESUMO

O petróleo é responsável por fornecer boa parte da energia usada pela humanidade, mas também é responsável por contaminar o meio ambiente. A biorremediação consiste no uso de organismos para recuperar ambientes degradados. Uma técnica de biorremediação aplicada “ex situ” é a biopilha que é bastante empregada na atualidade em áreas contaminadas por petróleo para evitar que o mesmo polua as águas subterrâneas. O presente artigo mostra o estudo realizado em escala piloto por Santos et al, 2007 que avaliou a eficiência da remoção de petróleo em um solo contaminado, aplicando a tecnologia de biopilhas. No estudo foram utilizados duas fontes de nitrogênio como bioestímulo (nitratato de sódio e ureia na relação C:N=100:10) e foi adicionado pó de coco verde como material estruturante nas concentrações de 5 e 10% (p/p). Os resultados do estudo mostraram que a melhor condição em biopilha foi aquela na qual a correção de nitrogênio foi realizada pela adição de ureia e adição do material estruturante numa concentração de 5% p/p com uma remoção de 44% de hidrocarbonetos de petróleo.

PALAVRAS-CHAVES: Biorremediação, Biopilhas, Petróleo, Contaminação.

1. INTRODUÇÃO

A população atual do planeta terra ultrapassa 7 bilhões de pessoas, que consomem recursos naturais e geram resíduos e rejeitos que são lançados no meio ambiente podendo alterar as suas propriedades físicas, químicas, estéticas e sanitárias. Não há crescimento econômico sem uso de energia, por isso, a humanidade vem ao longo do tempo explorando diferentes fontes de energia para suprir suas necessidades, por exemplo, utilizando a água, o vento, a luz solar e os combustíveis fósseis para gerar energia.

Os derivados do petróleo são importantes fontes de energia utilizadas na atualidade e são responsáveis por provocar muitos problemas ambientais que afetam os recursos hídricos, o solo e o ar. Por isso faz-se necessário o desenvolvimento de tecnologias que objetivem minimizar os impactos provocados ao meio ambiente e recuperar áreas contaminadas. Nesse aspecto a biorremediação é uma técnica eficiente para recuperação de solos e corpos hídricos afetados por derramamento de petróleo. Essa tecnologia consiste na utilização de seres vivos, geralmente bactérias e fungos, que vão atuar no controle da contaminação através da decomposição dos compostos orgânicos presentes no petróleo. A biopilha é uma técnica de biorremediação que vem sendo adotada com grande sucesso por ser uma alternativa menos onerosa e mais efetiva que as técnicas convencionais para reduzir principalmente a poluição subterrânea gerada por contaminantes orgânicos.

A tecnologia de biopilhas envolve a construção de células ou pilhas de solo contaminado de forma a estimular a atividade microbiana aeróbica dentro da pilha através de uma aeração muito eficiente. A atividade microbiana pode ser aumentada pela adição de umidade e nutrientes como nitrogênio e fósforo. As bactérias degradam os hidrocarbonetos adsorvidos nas partículas de solo, reduzindo assim suas concentrações (SANTOS, 2004).

Tipicamente, as biopilhas são construídas sobre uma base impermeável para reduzir o potencial de migração dos lixiviados para o ambiente subsuperficial. Uma malha de dutos perfurados instalados na base da pilha e conectados a um compressor garante a perfeita aeração do conjunto. Em alguns casos, constrói-se um sistema de coleta para o lixiviado, principalmente quando do uso de sistema de adição de umidade. As pilhas são, geralmente, recobertas por plástico para evitar a liberação de contaminantes para a atmosfera, bem como para protegê-la das intempéries (SEABRA, 2005).

2. OBJETIVO

O objetivo do presente trabalho é fornecer informações sobre a tecnologia de biopilhas, mostrando o princípio básico de funcionamento e apresentar um estudo de caso relacionado à aplicação desta tecnologia.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a produção de petróleo no Brasil totalizou 2,146 milhões de barris por dia em abril de 2014. O petróleo é uma das principais fontes de energia empregadas no mundo. É um composto orgânico formado predominantemente por carbono e hidrogênio, originado pela decomposição de seres vivos que viveram a milhões de anos. É um recurso natural não renovável e causa diversas contaminações durante a sua exploração, produção e tratamento.

O petróleo tornou-se um recurso energético indispensável ao crescimento econômico das sociedades modernas, mas ao longo do seu processamento, a indústria petrolífera tem o potencial de degradar o meio ambiente em diferentes níveis como o solo, água, ar, e os seres vivos; uma forma de contaminação por petróleo ocorre devido a derramamentos que se não forem controlados e cessados rapidamente causam grandes perdas ao ecossistema.

Diante de tais acontecimentos e a preocupação com o meio ambiente, os frequentes derramamentos de petróleo e seus derivados registrados em solos brasileiros vêm motivando o desenvolvimento de novas técnicas que visam, principalmente, a descontaminação dessas matrizes para a redução de seus efeitos sobre o ecossistema.

Uma técnica que é utilizada para remediar ou reduzir poluentes ambientais é a biorremediação que consiste no uso de organismos vivos geralmente plantas ou micro-organismos para recuperar águas superficiais e subterrâneas, solos e para o tratamento de efluentes e resíduos em áreas de contenção ou aterros. A biorremediação atua na redução da concentração do poluente, diminuindo a sua toxicidade, imobilizando ou convertendo em elementos menos prejudiciais ao meio. Nesse sentido a biorremediação com micro-organismos é bastante empregada para tratar áreas poluídas com derramamento de petróleo (GAYLARDE, 2005).

A biorremediação pode ser executada através da bioestimulação ou bioenriquecimento. A bioestimulação consiste no favorecimento da biota nativa do solo. E o bioenriquecimento se fundamenta na adição de novos consórcios microbianos ao ambiente contaminado a fim de que estes executem a degradação que os microrganismos nativos não foram capazes de realizar (SANTOS, 2004).

A biorremediação pode ser utilizada tanto “in-situ”, onde a biorremediação é realizada no próprio local