Hipnose * Revisão de Literatura

Hipnose – Revisão de Literatura

1. Conceitos e definições

A hipnose é um conceito que gera muitos equívocos desde sua idealização há tempos atrás. A palavra de origem grega, onde o termo “Hypnos” significa sono, estabeleceu e até hoje mantem uma relação direta de significância com o ato de dormir enquanto o paciente se encontra em estado de transe, sendo este o momento em que o indivíduo se encontra em máximo relaxamento e foco, sem alterar suas relações de contato sensorial com o ambiente em que está. Entretanto, o estado hipnótico vai muito além desta definição, uma vez que está relacionado a um momento mais complexo de relaxamento semiconsciente. 

Milton Erickson, apontado como um dos principais nomes da hipnose no mundo, define a hipnose ao longo de sua extensa literatura de diversas maneiras possíveis ao entendimento.

Em uma de suas definições, Erickson descreve a hipnose como um estado alterado de consciência, ou um estado de consciência no qual o conhecimento que você adquiriu durante toda sua vida e que você usa automaticamente torna-se, de repente, disponível. (ERICKSON; HERSHMAN; SECTER, 1994). Hilgard e Weitzenholffer completam o conceito de hipnose como sendo a vontade de ser receptivo a ideias, muitas vezes chamadas de sugestões, de modo que estas agem de acordo com comandos.

A sociedade brasileira de hipnose traz outro conceito, explorando a hipnose como um estado alterado em que o indivíduo pode se tornar sugestionável, porém, sem ultrapassar seus valores éticos e morais em momento algum. Além disso, cita que o ato hipnótico é, na realidade, uma ação comandada pelo próprio paciente, sendo ele o quem controla todo o tempo que passa em transe.

Para o terapeuta alcançar o estado de transe no indivíduo desejado, ele dispõe de vários modelos hipnóticos existentes, que vão desde os mais tradicionais até os modelos padronizados. Dentre esses, o modelo da hipnose Ericksoniana surge como um conceito realmente funcional voltado para a utilização em diferentes métodos (INSTITUTO MILTON H. ERICKSON DE JUIZ DE FORA,2015).

Com a utilização de diferentes técnicas e métodos de hipnose, o terapeuta dá ao paciente a chance de escutar realmente os conceitos mentais, de modo que este se torna receptivo aos padrões, às associações e aos modelos de funcionamento que conduzem à solução de problemas (ERICKSON, HERSHMAN & SECTER, 2003; FERREIRA, 2006)

Portanto, é de grande relevância pensar a hipnose como uma ferramenta de terapia que ajuda a treinar a mente do indivíduo. Uma vez que o contexto hipnótico é geralmente estabelecido por um procedimento de indução, onde a maioria inclui sugestões de relaxamento, calma e bem-estar. Nesse sentido, o terapeuta trabalha como um guia, transmitindo instruções para pensar sobre experiências agradáveis durante as induções hipnóticas (TIBÉRIO, de MARCO & PETEAN, 2004).

1. Aplicações

A hipnose moderna tem sido muita utilizada e apresenta sucesso em diversas áreas, como melhoria de memória, interrupção do ato de fumar, preparação do sujeito para cirurgias, construção de autoestima, performance esportiva, eliminação da ansiedade, tratamento de fobias, depressão, etc. (REFERÊNCIA) O uso da hipnoterapia pode ser feito para acelerar o processo terapêutico e encurtar o tempo de tratamento, uma vez que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, 90% da população mundial pode ser hipnotizada.

Um benefício é o estado de calma proporcionado nos dias que antecedem eventos estressantes, como, por exemplo, cirurgias, de modo a contribuir para maior serenidade e segurança no momento da realização do procedimento e proporcionando uma rápida recuperação e um pós-cirúrgico tranquilo. Em outras situações, como a extrema ansiedade e nervoso nos períodos que antecedem as provas, testes e concursos públicos, a hipnose também pode prestar ajuda efetiva.

Outra aplicação bem-sucedida da hipnose se dá em exames psicológicos em candidatos a emprego. Não extinguindo a importância dos demais exames, como as provas de conhecimentos gerais e referências anteriores, a hipnose pode, juntamente com a aplicação do exame psicológico individual e analise de testes adequados a cada pergunta, entrar como ferramenta de auxilio na investigação das características individuais do candidato e auxiliar a responder algumas questões, como se o candidato tem ou não equilíbrio e controle mental, se tem controle sobre sua agressividade ou até mesmo se é ou não usuário de drogas.

Devido aos avanços em diferentes métodos, a hipnose vem se tornando cada vez mais eficiente entre os mais diferentes contextos em que é aplicada, entretanto não oferece nenhum tipo de garantia, pois é um trabalho que deve ser realizado em conjunto.

1. Hipnose no contexto esportivo

Pensando na hipnose como instrumento de uma terapia extremamente abrangente ela pode ser desenvolvida em diferentes áreas, inclusive na sua atuação junto ao esporte.

Como já mencionado anteriormente, a hipnose não é algo novo, entretanto, com os avanços da psicologia, a imagem que antes era passada sobre algo místico ficou para traz e deu espaço a novas visões sobre a hipnose, entre elas no contexto esportivo. Existem diversos relatos sobre técnicas de visualização que eram utilizadas por atletas ha tempos atrás, mesmo sem o mínimo conhecimento cientifico. Podemos citar a ginasta Nádia Comaneti como um exemplo de atleta que utilizava a hipnose em suas preparações de acordo com as instruções do hipnólogo Paulo Paixão, que realizava um trabalho específico.

Mendo (2001) desvenda a hipnose no contexto esportivo citando várias técnicas que podem ser utilizadas procurando uma melhora nos resultados obtidos por atletas profissionais. O autor revela a hipnose como uma estratégia de intervenção dentro da psicologia do esporte.

Ainda sobre o conceito da hipnose sendo um instrumento parte de uma terapia, Feijó (1998) cita a hipnose Ericksoniana ressaltando seu modelo como algo simples e eficiente.

Para Feijó (1998), a hipnose apresenta melhoras na capacidade de relaxamento, concentração e potência, aspectos extremamente importantes para pratica e desenvolvimento de qualquer esporte. Afirma também que esta pode ser trabalhada tanto individualmente ou em grupos específicos apresentando ótimos resultados na melhora do desempenho e rendimento dos atletas.