KENDO: COMO ABORDAR ESTE CONTEÚDO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA?
Por: Beatriz Rodrigues • 1/5/2017 • Trabalho acadêmico • 1.757 Palavras (8 Páginas) • 1.041 Visualizações
KENDO: COMO ABORDAR ESTE CONTEÚDO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA?
HISTORICIDADE DO KENDO
O kendo em japonês significa ‘’caminho da espada’’, e é considerada uma arte marcial moderna desenvolvida a partir das técnicas do Kenjutsu. No Japão, a espada foi reverenciada desde os seus primórdios, pois era ofertada como um tesouro divino para os templos religiosos e recebidas como símbolo de nomeação para os generais.
No período Muromachi, por volta de 1350 d.C a espada passou a dar um grande salto. A partir de 1647 d.C, por volta de cem anos, o Japão passou por um momento de guerras civis e como consequência disso, as técnicas do kendo foram sistematizadas e foi neste período que esta arte marcial foi nomeada com este nome. Nos treinamentos desse período, a espada não era utilizada, e, portanto, os treinos eram feitos em forma de kata, que é uma sequência lógica de técnicas, pois acreditava-se que o acúmulo de horas de treinamento fazia com que o praticante pudesse parar o golpe mais próximo à pele do oponente.
No período Edo, por volta de 1615 d.C, com o sistema feudal (divisão das classes) e com a influência de algumas religiões como o zen-budismo e o confucionismo, o kendo começou a ganhar alguns aspectos morais e espirituais na sua prática. Por volta de 1712 d.C, algumas escolas começaram a utilizar a espada de bambu em seus treinos e estes, por sua vez, era voltado para os elementos espirituais e da natureza para nortear as técnicas.
O período Meiji, foi o período em que foi introduzido no Japão muitos elementos da civilização europeia, e a cultura tradicional japonesa foi deixada para segundo plano. Em 1876, a prática foi abolida na escola e ameaçada de extinção por todo país e só em 1890, o kendo volta a ser praticado nas escolas como atividade extracurricular.
No período Showa, devido à derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, o kendo foi proibido e só a partir de 1952 esta arte marcial voltou a ser praticada e a partir disso, foi criada a Liga Nacional do Kendo.
O KENDO NO BRASIL
O kendo tem grande tradição no Brasil devido ao número de imigrantes japoneses que termos em nosso território. O Brasil reúne o maior número de imigrantes japoneses em todo o mundo.
No inicio o kendo era praticado apenas pelos imigrantes e seus familiares, principalmente no interior de São Paulo. Em 1933 na comemoração de 25 anos da imigração japonesa, os praticantes de judô e kendo, fundaram a primeira associação brasileira de judô e kendo a Hakoku Ju-Ken Do Ren-Mei. O kendo também era ensinado nas escolas de língua japonesas existentes nas colônias.
Com a derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, as escolas japonesas foram fechadas e qualquer manifestação da cultura japonesa foi proibida, com isso o kendo só volta a ser praticado no Brasil depois do final da Segunda Guerra Mundial. Com a volta do kendo foi fundada a Associação Brasileira de Kendo: Zen Haku Kendo Ren-Mei, em 1959. Em São Paulo os primeiros treinos foram empreendidos no núcleo central da metrópole, passando a ser realizada nos anos 60, na Associação Cultural e Esportiva Piratininga (ACEP), até hoje a principal sede dos torneios oficias e eventos relacionados ao kendo.
A PRÁTICA DO KENDO
TREINO
Bokuto Ni Yoru Kendo Kihon Waza Keiko Ho / Kihon Kendo Gata
Esse método de treino básico com Bokutô foi desenvolvido pelos mestres da FIK a partir de 1970, sendo uma série de Kata com Bokutô, com o propósito de:
• Ajudar o praticante a aprender os conceitos de que o Shinai é a representação da Katana;
• Desenvolver uma técnica e base sólidas, que podem ser diretamente utilizadas na prática com Bogu;
• Desenvolver no praticante habilidades e conhecimento para a prática do Nihon Kendo Gata;
• Desenvolver Reihō (etiqueta).
De uma maneira geral, o objetivo é treinar o ângulo correto da lâmina da Katana quando o golpe é aplicado. Dessa maneira diminui-se a diferença entre o treino e aplicação dos golpes com Shinai e com Bokuto, ou Katana.
Os exercícios são os seguintes:
• Kihon Ichi: Ippon-uchi no waza: Men, Kote, Do, Tsuki.
• Kihon Ni: Nidan no waza: Kote-Men.
• Kinon San: Harai waza: Harai-Men.
• Kihon Yon: Hiki waza: Men Tsubazeriai kara no Hiki-Do.
• Kinon Go: Nuki waza: Men Nuki-Do.
• Kihon Roku: Suriage waza: Kote Suriage-Men.
• Kihon Shichi: Debana waza: Men Debana-Kote.
• Kihon Hachi: Kaeshi waza: Men Kaeshi-Migi-Do.
• Kihon Kyu: Uchiotoshi waza: Do Uchiotoshi-Men.
Ao praticante que executa as técnicas, dá-se o nome de Kakaritê; ao outro, o que recebe, dá-se a designação de Motodachi. Comparando ao Nihon Kendo Gata, Kakaritê seria Shidachi e Motodachi seria Uchidachi.
Em 2010, foi definido, pela FIK, que este Kata também passará a ser exigido nos exames de graduação. No Brasil, está prevista a introdução nos exames a partir de 2013.
LUTA (SHIAI) E VESTIMENTA
Devido à existência de lutas e campeonatos em âmbitos regionais, nacionais e internacionais, o kendo possui um aspecto competitivo bastante relevante, mas preservando sempre suas características marciais e a etiqueta (Reigi), destacando-se entre as artes marciais japonesas. No kendo, o critério de golpe válido/letal (yûkô-datotsu) é bastante subjetivo e está diretamente relacionado às origens marciais da arte, que prega a sincronia perfeita entre a energia do praticante ("Ki"), a trajetória e a precisão da espada (técnica, "ken") e a "postura" (necessária para a correta aplicação da força e a correta movimentação) ("tai"). Essa sincronia é denominada de Ki-Ken-Tai Icchi, e é um dos ensinamentos fundamentais do kendo.
No kendo, as lutas são realizadas com uma espada de bambu, chamada de shinai, e são usados protetores para todas as regiões de ataque, além de uma vestimenta especial: hakama (calça), dogi ou keiko-gi (camisa/blusa) e bogu (armadura). Alguns praticantes usam ainda o obi (faixa).
São executados cortes no centro e nas laterais da cabeça (men-uchi), no antebraço (kote-uchi), na lateral do abdome (dô-uchi) e na garganta (estocada) (tsuki), e cada golpe deve ser anunciado com o Kiai, um grito que demonstre o espírito e a vontade do kenshi. As lutas duram de três a cinco minutos e são disputadas na forma de melhor de três, e o vencedor é aquele que aplicar primeiro dois ippons, ou seja, golpe considerado letal. Existe a possibilidade de haver enchô ou prorrogação em caso de empate no tempo regulamentar, e o vencedor é aquele que aplicar primeiro um ippon.
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