O corpo em movimento

O corpo em movimento é um tema que vem sendo alvo de interesses e pesquisas em várias áreas do conhecimento e parte significativa deste avanço ocorreu no último século. Os interesses mercadológicos de uma sociedade que ocupa seu tempo em atrair clientes para suas vendas, interferem no direito de uma visão mais ampla sobre o corpo. 

Podemos dizer que ao passar dos anos, o corpo é uma ferramenta de um mercado cada vez mais globalizado. Diariamente surgem diversas técnicas e campanhas de treinamento, emagrecimento e embelezamento corporal que sustentam o comércio dos artefatos "do" e "para" o corpo. A mídia divulga este comércio dos artefatos indicando o tipo de corpo perfeito: o atlético, magro, alto e de preferência branco. Este mesmo comércio faz com que as pessoas se tornem cada vez mais críticas quanto ao seu próprio corpo, que visa atrair e ampliar o tipo de corpo perfeito na sociedade atual. 

O tema corpo e movimento na infância iniciam-se já no útero, onde a mãe já sente os movimentos do feto. Ao nascer a criança faz movimentos com o corpo, os quais, aos poucos, vão se estruturando. No decorrer da vida, assumem significação e exercem grande influência no seu comportamento. 

A educação utiliza a criança como um indivíduo no qual cada tipo de atividade tem uma contribuição para o autodesenvolvimento, mas de certa forma deixamos de pensar no que a criança irá precisar no futuro e passamos a nos preocupar como podemos ajudá-las no presente. 

Convivendo com crianças é possível notar que quando elas brincam, elas o fazem para satisfazer uma necessidade básica que é viver a brincadeira. No entanto a insistência de que tal brincadeira precisa ter uma função pedagógica (forma correta), inserindo uma lógica produtivista, onde limita suas possibilidades e impede que as crianças criem técnicas ousadas e inovadoras de brincar e se expressar.

É muito comum perceber em um ambiente escolar que existem educadores que não se preocupam com a ordem de uma aula e apenas liberam as crianças para correrem, pularem de qualquer forma. 

Em um ambiente escolar que visa garantir um clima de ordem e harmonia, algumas práticas educativas são simplesmente suprimir o movimento, impondo às crianças de diferentes idades e rígidas restrições posturais. Contudo, o movimento humano é mais que um simples deslocamento do corpo no espaço físico, atribui-se em uma linguagem que permite as crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo. 

O tema de crianças e adultos refere-se a uma integração e o importante nessa hora não é só o "falar", é preciso que conheçam as possibilidades de nossos corpos: gestos, movimentos. Com uma experiência que agrupe esses públicos, as crianças experimentam diferentes objetos e os transformam em brinquedos, e os adultos experimentam os objetos que as crianças utilizam como brinquedos.

Em uma experiência feita pelo grupo do NDI (Núcleo de Desenvolvimento Infantil) foi observado que algumas crianças pedem ajuda pelos adultos e outras pelas próprias crianças, e foi observado que os adultos têm o corpo duro e acabam se soltando com as crianças.

Objetos e espaços físicos são importantes entre interações que são estabelecidas com as crianças, onde possibilita que estas também criam brinquedos. A reutilização de materiais permite uma riqueza de criação que, às vezes, é surpreendente para os adultos.