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Rastreamento Dos Fatores De Risco Para Síndrome Metabólica Em Adolescentes Eutróficos

Por:   •  10/6/2024  •  Dissertação  •  9.541 Palavras (39 Páginas)  •  51 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O acúmulo de tecido adiposo na região abdominal é comumente associado à resistência à insulina e com a hiperinsulinemia compensatória, condições consideradas essenciais para o desencadeamento das alterações metabólicas e hemodinâmicas que constituem a síndrome metabólica (DESPRÉS et al., 2008; LEE et al., 2008; ZIMMET et al., 2007; ECKEL et al., 2005).

A síndrome metabólica é definida como a agregação de fatores de risco para doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2, caracterizada por hipertrigliceridemia, baixo HDL-colesterol (HDL-c), intolerância à glicose de jejum, hipertensão arterial e obesidade, particularmente a obesidade abdominal (ALBERTI et al., 2009; GRUNDY et al., 2005; KAHN et al., 2005; ECKEL et al., 2005). A presença de resistência à insulina é considerada a base fisiopatológica para o desenvolvimento dos componentes da síndrome (REAVEN, 1988).

Nesse contexto, a persistência de hábitos alimentares inadequados e estilo de vida sedentário representam fatores associados ao acúmulo de gordura corporal e, consequentemente, às alterações que configuram a síndrome metabólica (ZIMMET et al., 2007).

OBJETIVOS

Este trabalho tem como objetivo discorrer acerca da síndrome metabólica, seus sintomas e forma de diagnóstico, assim como os componetens deste estado. Será, também, apresentada a metodologia possível para prevenção e tratamento da síndorme utilizando-se de métodos medicamentosos e não-medicamentosos.

SÍNDROME METABÓLICA – DEFINIÇÃO

O principal marco na compreensão da síndrome metabólica ocorreu em 1988, quando Gerald Reaven constatou a frequente associação entre resistência à insulina e distúrbios da homeostase da glicose, dislipidemias, hipertensão arterial e doença aterosclerótica, quadro inicialmente intitulado de síndrome X. Reaven não considerou a presença de obesidade como característica por ter constatado a presença de resistência à insulina em indivíduos não obesos (REAVEN, 1988).

Somente em 1999, a World Health Organization (WHO, 1999) apresentou a primeira definição oficial para o referido quadro clínico descrito por Reaven, o qual passou a ser denominado de síndrome metabólica. Nesta definição, a presença de intolerância à glicose em jejum ou resistência à insulina ou diabetes tipo 2 é considerada indispensável para o diagnóstico e a obesidade passa a ser reconhecida como um dos fatores de risco para a síndrome metabólica.

A partir daí outras definições foram propostas, com importantes diferenças em relação aos componentes essenciais, à combinação de critérios e aos pontos de corte para cada componente (American Heart Association and the National Heart, Lung, and Blood Institute Statement on the Diagnosis and Management of the MetS, 2005; International Diabetes Federation, 2005; American Association of Clinical Endocrinologists and the American College of Endocrinology, 2003; National Cholesterol Education Program – Adult Treatment Panel III, 2001; European Group for the Study of Insulin Resistence, 1999). Destas, a definição proposta pelo National Cholesterol Education Program – Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III, 2001), direcionada a indivíduos adultos, tem sido extensivamente utilizada tanto na prática clínica quanto em estudos epidemiológicos (LEVESQUE & LAMARCHE, 2008).

Segundo a definição do NCEP-ATP III, seriam diagnosticados portadores de síndrome metabólica indivíduos com pelo menos três dos seguintes fatores de risco: obesidade abdominal, constatada por meio da circunferência da cintura (> 102 cm nos homens e > 88 cm nas mulheres), triglicerídeos igual ou superior a 150 mg/dL, baixo HDL-c (< 40 mg/dL nos homens e < 50 mg/dL nas mulheres), pressão arterial sistólica ≥ 130 / diastólica ≥ 85 mmHg e glicemia de jejum ≥ 110 mg/dL (NCEP-ATP III, 2001). No Brasil, a I Diretriz de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica, publicada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC, 2005), recomenda para indivíduos adultos a definição proposta pelo NCEP-ATP III.

IMPACTO DA SÍNDROME METABÓLICA

A relevância clínica da síndrome metabólica ganha destaque em virtude de seu impacto no aumento do risco para o diabetes tipo 2 e para as doenças cardiovasculares. A presença de síndrome metabólica na infância e adolescência prediz sua manutenção na vida adulta e o desenvolvimento de diabetes tipo 2. Além disso, aumenta o risco de eventos cardiovasculares prematuros, o que ressalta a importância de estratégias de detecção e prevenção das anormalidades que a constituem (MORRISON et al., 2008).

Em princípio, a obesidade precoce se mostra previsível da síndrome metabólica na vida adulta (SRINIVASAN et al., 2002).

Em relação ao diabetes, a obesidade na infância é considerada a principal causa da resistência à insulina, que por sua vez associa-se ao desenvolvimento do diabetes tipo 2 (CALI & CAPRIO, 2008; ALBERTI et al., 2005). A hiperinsulinemia de jejum, como indicador da resistência à insulina, associa-se às alterações lipídicas que podem conduzir a aterosclerose (STEINBERGER et al., 2009).

COMPONENTES DA SÍNDROME METABÓLICA

O tecido adiposo tem sido considerado o responsável pelo estado de resistência à insulina, estado este associado ao desenvolvimento da síndrome metabólica. A lipotoxicidade produzida pelos ácidos graxos liberados pelos adipócitos intra-abdominais determina uma resposta inflamatória e protrombótica e a perpetuação do estado de insulino-resistência. Este fenótipo alterado explica a aparição dos componentes da síndrome metabólica (MARTÍNEZ et al., 2009).

Embora não incluída diretamente entre os critérios diagnósticos da síndrome metabólica, a resistência à insulina se destaca como condição essencial para a instalação de cada um dos componentes da síndrome (REAVEN, 1988). Desta forma, torna-se inevitável discutir síndrome metabólica sem considerar o papel da resistência à insulina, a qual é definida como uma resposta subnormal na captação de glicose pelas células, levando a uma maior produção de insulina pelo pâncreas para a manutenção dos níveis glicêmicos normais (TEN et al., 2004). Em consequência, há um aumento dos níveis circulantes de insulina (hiperinsulinemia), condição que levará ao desenvolvimento das alterações lipídicas, glicêmica e de pressão arterial que integram o conjunto de anormalidades da síndrome metabólica (ECKEL et al., 2005).

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