Alterações Farmacocinéticas associadas ao idoso
Por: Daniela sena • 29/10/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 3.114 Palavras (13 Páginas) • 670 Visualizações
1.Alterações farmacocinéticas associadas ao idoso
- Alterações na Absorção, Distribuição, Metabolização e Excreção
1.1 Absorção
O processo de absorção de um fármaco consiste na sua passagem desde o local onde é depositado até atingir a circulação sanguínea. A absorção acontece na sua maioria por difusão passiva e é influenciada especialmente pela área de absorção, tempo de contacto, intimidade do contacto, intensidade de irrigação e espessura da estrutura absorvente.
A absorção de fármacos pode ser condicionada por alterações decorrentes da idade, nomeadamente na fisiologia gástrica e intestinal onde pode ocorrer uma mudança na permeabilidade da membrana e na perfusão sanguínea do intestino.
O pH gástrico pode aumentar com a idade devido a uma intenção crescente de acloridria, podendo levar a adulterações na biodisponibilidade dos fármacos sensíveis a alterações de pH Interações Medicamentosas entre os fármacos mais utilizados pelo paciente geriátrico e a prescrição. Os fármacos administrados por via oral podem também sofrer alterações na absorção como consequência das alterações ao nível do trato gastrointestinal.
De todos os quatro processos, a absorção parece ser a que tem menos impacto na escolha de fármacos para o paciente geriátrico e apesar das alterações supracitadas não há evidências que as alterações na absorção sejam consequência do envelhecimento.
1.2 Distribuição
“A distribuição corresponde à passagem reversível de moléculas do espaço intravascular para o espaço extravascular incluindo as mais variadas estruturas corporais (órgãos, tecidos e fluidos corporais)”.
Diversos fatores fisiológicos, como a idade, sexo, peso, e fatores patológicos como a alteração do fluxo sanguíneo, são passíveis de influenciar a distribuição de um fármaco após a absorção.
O volume de distribuição, que representa a quantidade de fármaco distribuída no plasma sanguíneo pode ser afectado pelas modificações fisiológicas associadas ao envelhecimento, uma vez que está dependente de vários fatores: O transporte de medicamentos para o seu local de ação ou de eliminação é frequentemente modificado pela redução de massa muscular e protéica, levando a uma diminuição da sua ação; . Os fármacos lipossolúveis vêem a sua eficácia diminuída uma vez que são armazenados na gordura corporal, aumentada nesta população. Vai portanto diminuir o seu tempo de ação ; Desenvolvimento .
Os fármacos hidrossolúveis, pelo contrário, vêem o seu tempo de ação aumentado pela diminuição da água corporal. Os fármacos dependentes da ligação a proteínas plasmáticas podem ter a sua ação modificada pelo decréscimo dos níveis de albumina sérica e de proteínas plasmáticas.
1.3 Metabolismo/Biotransformação
O processo de metabolismo ou biotransformação implica qualquer alteração na
estrutura química dos fármacos no organismo, normalmente com o objetivo de os tornar mais facilmente excretáveis.
As alterações moleculares da estrutura dos fármacos vão dar origem a metabolitos, regra geral mais hidrossolúveis, apresentam maior polaridade e tamanho que as moléculas que os precedem, o que dificulta a sua passagem pelas membranas vasculares, aumentando a duração da sua permanência no espaço intravascular (o que corresponde à distribuição) e facilitando a sua excreção (processo de eliminação).
Com o envelhecimento há duas grandes alterações passíveis de alterar o metabolismo. Por um lado, há uma alteração na perfusão sanguínea hepática, por essa razão, fármacos que dependam do aporte sanguíneo, podem ver a sua taxa de metabolização alterada, como por exemplo a lidocaína, tornando-se por isso necessário iniciar a administração em doses baixas e ir aumentando com segurança por forma a atingir-se o efeito terapêutico pretendido.
Por outro lado, também se podem verificar alterações nas reações de biotransformação, como na oxidação, redução e hidrólise, todas elas associadas ao envelhecimento.
A reação de oxidação é a mais importante no processo de biotransformação, principalmente quando ocorre pelo sistema microssómico hepático, pela diversidade de reações que origina e pelo número elevado de fármacos que o Interações Medicamentosas entre os fármacos mais utilizados pelo paciente geriátrico e a prescrição em Medicina Dentária 24 utilizam. Dois tipos de enzimas, o citocromo P450 (também conhecido com CYP) e NADPH-citocromo P450 redutase, são essenciais no contributo que dão a este sistema.
O metabolismo hepático de fármacos utilizando o sistema CYP tem sido amplamente estudado em diversas faixas etárias, tendo-se verificado, que a partir dos 40 anos ocorre um declínio neste metabolismo, embora sem diferenças significativas na taxa de metabolização dos fármacos. No entanto, dos 50 aos 60 anos os níveis de CYP baixam significativamente, estabilizando logo depois desta queda. Resumindo, as reações de fase I (oxidação/redução/hidrólise) são as que mais mudanças sofrem, enquanto que as reações de fase II (conjugacão), são muitas vezes apenas retardadas. Fármacos que utilizem estes processos podem ver os seus efeitos alterados no paciente geriátrico, sendo recomendada precaução aquando da prescrição.
1.4 Excreção
A eliminação de fármacos é o processo, ou processos, necessários à sua saída para o exterior, sendo a excreção renal a forma mais importante de excreção da maioria dos fármacos.
A eliminação de fármacos pelo rim é afetada de diferentes formas como conseqüência do envelhecimento, e sabe-se que por volta dos 75 anos a função renal (filtração glomerular, secreção tubular) tenha sofrido um decréscimo na ordem dos 50%.
Se a secreção tubular e filtração glomerular estão comprometidas, os metabolitos que o rim não consegue eliminar mantêm-se na circulação sanguínea, aumentando exponencialmente o risco de toxicidade e de reações de acumulação de fármacos, por Desenvolvimento 25 vezes mesmo em doses mínimas. Estes fatores devem ser tidos em consideração na altura de prescrever, tendo em atenção os fármacos de excreção exclusivamente renal, nomeadamente na dosagem em que são prescritos, por exemplo, as tetracíclicas, aminoglicosídeos e a digoxina.
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