Antropologia, saúde e doença: Uma introdução ao conceito de cultura aplicado às ciências da saúd

Ao longo dos anos vem sendo colocado em debate os processos de saúde e doença e como podem ser afetados por fatores externos, atitudes a base de crenças, superstições etc. Buscando apresentar uma reflexão sobre isso o artigo Antropologia, saúde e doença: uma introdução ao conceito de cultura aplicado as ciências da saúde, escrito por Esther Jean Langdon e Flavio Braune Wiik, aborda como as noções e comportamentos estão ligados aos processos saúde e doença e como é importante a compreensão dessa relação para formação do profissional de saúde. O artigo se divide em três partes, a introdução, o desenvolvimento que aborda o conceito instrumental de cultura, a cultura, sociedade e saúde, o sistema cultural de saúde e o sistema social de saúde e as considerações finais.

Na primeira parte, o artigo começa abordando o conceito de cultura em seu sentido usual e como será discutido o termo cultura no seu sentido com base antropológica e conceito instrumental, qual é a importância do seu conhecimento para os profissionais de saúde que atuam e para os que fazem pesquisas, como os pacientes agem com base na noção que os mesmos possuem sobre o processo saúde e doença não por diferenças biológicas e sim socioculturais, e como o mesmo deve ser pensado a partir dos contextos socioculturais específicos nos quais eles acontecem. E como tem se constatado que a religião tem influencia sobre a forma como o paciente age perante a doença e o tratamento e a perspectiva de cura pelo apoio que elas transmitem.

Na segunda parte, inicia se referindo ao universo que a cultura esta envolvida, como pode ser um divisor e formador de diversos campos e em razão disso o artigo irá discorrer sobre alguns aspectos e instrumentos ligados a sua definição. A cultura pode ser definida como um conjunto de elementos que mediam e qualificam qualquer evento físico ou mental, que não seja determinada pela biologia, e seja compartilhada por diferentes membros de um grupo social e a mesma inclui valores, símbolos, normas e praticas. A partir desse proposito para que haja uma compreensão é necessário ressaltar três aspectos de atividade sociocultural, a cultura e aprendida, compartilhada e padronizada. Através disso ao dizer que a cultura é aprendida, significa que não se pode definir as diferenças do comportamento humano de forma isolada através da biologia, sem reconhecer sua função. É compartilhada pelos indivíduos formadores de uma sociedade, a partir disso ser homem ou mulher, não depende de suas composições genéticas, mas sim, como esses através e em razão de sua cultura, irão se comportar ou pensar. E compartilhada e padronizada, pois se baseia em uma criação humana, compartilhada por grupos sociais específicos. Ao se afirmar que a cultura esta vinculada a qualquer atividade física ou mental, refere-se à experiência de pertencimento e consequentemente formadora e mantenedora de grupos sociais que compartilham, comunicam e replicam suas formas, instituições e os seus princípios e valores culturais. A cultura fornece uma visão de como o mundo funciona, e como se portar diante dele. Com isso, a mesma classifica, define e organiza o que pode ou não ser atribuído aquele grupo social.

 O olhar antropológico reivindica que ao se encontrar diante com diferentes culturas não se faça rotule, julgue através do sistema cultural que você esta inserido e sim passando a enxergar com os olhos através daquela cultura e se orientando as suas praticas, conhecimentos e atitudes.

No tópico sobre cultura, sociedade e saúde relata que a cultura é um fenômeno total e que, portanto prove uma visão de mundo às pessoas que compartilham, orientando dessa forma os seu conhecimento, práticas e atitudes, a questão da saúde e da doença, onde cada grupo organiza- se coletivamente através de meios materiais, pensamento e episódios de doenças, sejam elas individuais ou coletivas. Os componentes relacionados a saúde, inclui os conhecimentos sobre as origens, coisas e tratamentos das enfermidades, as técnicas terapêuticas, seus praticantes, os papeis, padrões e agentes. Deve –se pensar no sistema de atenção a saúde como uma dimensão ético-politica, isto significa afirmar que a ‘atenção a saúde ‘ se constrói a partir de uma perspectiva, múltipla, interdisciplinar e, também, participativa no qual a intervenção sobre o processo saúde-doença é resultado de interação e do protagonismo dos sujeitos envolvidos: trabalhadores e usuários que produzem e conduzem as ações de saúde.

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