Micologia no laboratório clínico
Por: Thayse Fernandes de Jesus • 20/9/2018 • Trabalho acadêmico • 1.502 Palavras (7 Páginas) • 384 Visualizações
Coleta de material
A coleta é a primeira fase do diagnóstico micológico e para evitar erros nesse diagnóstico é necessária atenção na forma como é coletado o material e ter as informações corretas do paciente. É conveniente que a coleta seja feita no próprio laboratório (caso contrário, observar os procedimentos de coleta externa ao laboratório). O laboratório de micologia requer coisas básicas para a coleta em geral, tais como: lâminas de vidro, cureta, bisturi sem fio e ponta arredondada, pinça, alça bacteriológica, tesoura e outros.
Procedimentos de coleta
a) Pele: Após a assepsia, deve-se realizar um raspado das bodas ativas da lesão, com lâmina de microscopia, cureta ou bisturi sem fio e estéril, na direção da pele sadia. Se na lesão houver vesícula, retirar com tesoura a parte superior. Existem vários tipos de lesões que afetam a pele. Nas lesões inguinais, inguinocrurais ou axilares (como são regiões de dobras, geralmente encontram-se úmidas, fazendo-se necessária a assepsia). Deixar a região secar e tentar raspar a pele. Coletar em solução salina estéril e preparar duas lâminas com fita adesiva transparente tentando obter pelos presos na fita. Na lesão anal e perianal, além de coletar a amostra, preparar duas lâminas com fita adesiva transparente.
b) Pelos: Em lesões do couro cabeludo, barba ou outros locais, arrancar o pelo com pinça e raspar as escamas com lâmina de microscopia, cureta ou bisturi sem fio estéril. Na presença de piedras, deve-se cortar os pelos que contenham os nódulos. É indicado o uso de ultravioleta na coleta de lesões micóticas que apresentam fluorescência. Conservar e acondicionar o material coletado em recipiente estéril até o processamento.
c) Unhas: Sem esmalte, cortar a unha e remover todo o excesso de material da parte espessada da unha. Raspar a pele no limite entre a unha lesada e a sadia. Em micoses de unhas que apresentam também inflamação em volta da região, deve-se coletar o raspado e também o pus, quando houver. Conservar e acondicionar o material coletado em recipiente estéril até o processamento.
d) Trato genital: A coleta da secreção vaginal ou endocervical poderá ser realizada com swab (instrumento de coleta clínica) acompanhado do meio de transporte. Para a coleta de secreção uretral, masculina ou feminina, deve-se introduzir o swab no canal uretral, em movimentos de rotação para retirar o máximo de secreção e depois devolvê-lo ao meio de transporte.
Rotina de Diagnóstico
Para um bom diagnóstico micológico é importante seguir as orientações da coleta de material que segue com várias alternativas, conforme a necessidade do diagnóstico do agente envolvido no processo de infecção.
O exame direto é o primeiro contato com o material clínico de forma microscópica. Aponta, geralmente, se o material examinado contém ou não estruturas fúngicas (em muitos casos, o diagnóstico já pode ser obtido pelo exame direto). O exame direto corresponde a preparados imediatos utilizados no diagnóstico clínico, portanto, deve ser sempre realizado por profissional qualificado. A escolha do procedimento técnico depende do espécime a ser manipulado. O manuseio correto do material para o procedimento de busca da presença do agente fúngico, através do uso do microscópio segue alguns critérios específicos.
Após o exame microscópio direto, a cultura é necessária para o isolamento e a identificação do fungo (a cultura indica o tipo de fungo – tal procedimento leva mais tempo do que o exame direto). Cada material biológico apresenta suas peculiaridades quanto ao crescimento primário, cabendo ao micologista a escolha do meio de cultura mais adequado para o isolamento dos fungos sem a perda do diagnóstico correto para cada processo infeccioso. O meio de cultura pode ser preparado tanto em placa quanto em tubo.
Pitiríase versicolor
A pitiríase versicolor faz parte do grupo de micoses superficiais e pode ser chamada também de pano branco, micose de praia e tinea versicolor. É uma das mais frequentes micoses e é facilmente identificada pelo médico. Apresenta manchas com descamação da pele localizada geralmente na parte superior do tronco, abdome, pescoço e face. Apresenta vários tons de cores nas lesões, o que leva à denominação de versicolor. A área acometida apresenta lesões e pelo com pigmentação normal. Raramente as lesões localizam-se na região cervical, braço, membros inferiores e região inguinal. É comum as pessoas afetadas apresentarem fina descamação do couro cabeludo. A micose é crônica, e o paciente geralmente costuma referir problemas estéticos ao procurar o médico.
Quanto ao diagnóstico laboratorial é importante observar os procedimentos da coleta. O material é coletado por raspagem nas bordas das lesões para obter escamas da pele. A lâmpada de Wood pode auxiliar na coleta ao revelar fluorescência verde-amarelada onde se encontra o fungo em atividade.
No exame direto, as estruturas fúngicas apresentam formas de elementos leveduriformes arredondados, ovais isolados ou agrupados em cachos e hifas curtas de parede grossa, septada, ligeiramente curvada e irregular. Essa observação define o aspecto característico do fungo, bastando para diagnosticar a micose.
A cultura não é essencial para o diagnóstico de pitiríase. Ela é recomendada para identificar a espécie do fungo. Assim, é possível conhecer a epidemiologia da micose contribuindo para o diagnóstico de reinfecção. É possível identificar, em meio de cultura, sete espécies de Malassezia, seis das quais são lipodependentes e uma lipofílica, a M. pachydermartis. O meio de cultura é incubado entre 35 e 37ºC, durante 7 a 10 dias.
É importante o paciente buscar prevenir o desenvolvimento da pitiríase versicolor cuidando dos hábitos de higiene e passando produtos oleosos na pele. Para o tratamento da micose pode ser usado tópico com agentes queratolíticos como xampu de sulfeto de selênio 2,5% ou cetoconazol 2%. A exposição ao sol acelera a repigmentação, mas só vai ocorrer definitivamente quando houver a recuperação dos melanócitos lesados.
Dermafitose
Pertence um grupo de micoses denominado tinhas, provocadas por fungos dermatófitos que atinge pelos e unhas. Os dermatófitos se assemelham taxonômica, existem cerca de 35 espécies agrupados em três gêneros: Epidermophyton, Microsporum e Trichophyton, são queratinofílicos capaz de causar doença em homens e animais. São classificas em geofílicos, zoofílicos e antropofílicos, elas podem infectar pele glabra, pelo com pêlos e unhas.
Os dermatófitos causam das chamadas tinea nos animais e homens, alguns fatores populacionais influenciam a distribuição de dermafitose:
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