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Trabalho de Conclusão de Curso

Por:   •  4/6/2022  •  Artigo  •  4.654 Palavras (19 Páginas)  •  149 Visualizações

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Perfil de uso da Azitromicina na pandemia da Covid-19: uma revisão da literatura

Profile of the use of azithromycin in the Covid-19 pandemic: a review of the literature

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Sara Moreira Franco1, Vanusa Pereira Gomes1, Valquíria Camin de Bortoli1

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1Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Ciências da Saúde, São Mateus, Espírito Santo, Brasil

Autora para correspondência: Valquíria Camin de Bortoli

Universidade Federal do Espírito Santo, Departamento de Ciências da Saúde Rodovia Governador Mário Covas Km 60, s/n, Litorâneo, CEP 29.932-540 São Mateus, Espírito Santo, Brasil

Tel: +55 (27) 3312-1561

Email: valquiria.bortoli@ufes.br

RESUMO

No cenário pandêmico da Covid-19, devido as informações que foram amplamente divulgadas acerca das dife- rentes formas de tratamento, notou-se um aumento no hábito de automedicação pela população em geral, mesmo sem evidências científicas conclusivas. Neste sentido, a azitromicina foi um dos fármacos que mais se destacou, sendo amplamente prescrita e utilizada para tratar ou prevenir a Covid-19. Assim, este estudo teve como objetivo analisar o perfil de utilização da azitromicina no tratamento e profilaxia da Covid-19. Para tal, foi realizada uma revisão da literatura por meio de buscas nas bases de dados Google Acadêmico, Lilacs e Periódico CAPES, selecionando 11 artigos para leitura na íntegra, compreendidos no período de 2020 a 2022. Os estudos mostram que apesar do fato da azitromicina não tratar ou prevenir a Covid-19, ainda assim, foi altamente prescrita e utili- zada, aumentando consideravelmente seu número de vendas de forma exponencial. Com base nos resultados dos estudos, pode-se considerar que o uso indiscriminado deste medicamento pode ocasionar consequências graves como por exemplo, na resistência bacteriana e em Reações Adversas a Medicamentos (RAM). Desse modo, faz- se necessário um maior controle referente ao uso deste medicamento, limitando-o somente para pacientes que realmente apresentem sinais de infecção relevante, adotando uma conduta mais cautelosa e rigorosa dos profissi- onais de saúde em relação a prescrição, dispensação e utilização deste medicamento.

Palavras-chave: Azitromicina. Antibióticos. Covid-19. Uso de Medicamentos. Brasil.

ABSTRACT

In the Covid-19 pandemic scenario, due to the information that was widely disseminated about the different forms of treatment, there was an increase in the habit of self-medication by the general population, even without conclusive scientific evidence. In this sense, azithromycin was one of the most outstanding drugs, being widely prescribed and used to treat or prevent Covid-19. Thus, this study aimed to analyze the profile of use of azi- thromycin in the treatment and prophylaxis of Covid-19. To this end, a literature review was carried out through searches in the Google Scholar, Lilacs and CAPES Periodical databases, selecting 11 articles for full reading, from 2020 to 2022. Studies show that despite the fact that azithromycin not treat or prevent Covid-19, yet it was highly prescribed and used, considerably increasing its number of sales exponentially. Based on the results of the studies, it can be considered that the indiscriminate use of this drug can cause serious consequences, such as bacterial resistance and Adverse Drug Reactions (ADR). Thus, it is necessary a greater control regarding the use of this medication, limiting it only to patients who really show signs of relevant infection, adopting a more cauti- ous and rigorous conduct of health professionals in relation to the prescription, dispensing and use of this medi- cation.

Keywords: Azithromycin. Antibiotics. Covid-19. Use of Medicines. Brazil

INTRODUÇÃO

Em dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China, a COVID-19, uma doença infectocontagiosa causada pelo novo coronavírus (SARS-CoV-2), disseminou-se cada vez mais para vários países ao redor do mundo, ocasionando altos índices de morbimortalidade em escala global (LEAL et al., 2021).

Por ser uma doença viral e do trato respiratório, sua transmissão ocorre por meio de aerossóis e gotículas salivares emitidas pela fala e tosse, de indivíduos infectados sintomáticos ou assintomáticos. O período de incubação da Covid-19 é de 2 a 14 dias, e os sintomas podem variar de leves, moderados, a graves. Nos casos de leve a moderado, os sintomas incluem cefaleia, odinofagia, anosmia, disgeusia, febre, tosse e astenia, e em casos mais graves, dispneia e insuficiência respiratória (DE MACEDO et al., 2021).

Em 30 de janeiro de 2020, com a rápida disseminação e agravamento da Covid-19, a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou o surto do novo coronavírus como uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional. Em 11 de março de 2020, a Covid-19 foi então, declarada oficialmente pela OMS, como uma pandemia (OPAS & OMS, 2020).

Diante desse cenário, a relevante letalidade, a facilidade de contágio e a ausência de medicamentos específicos contra a Covid-19 provocaram uma grande preocupação na população brasileira (COSTA; CARVALHO; COELHO, 2021). A fim de reduzir o número de infectados e mortos decorrentes da doença, muitos cientistas no mundo começaram a procurar alternativas na tentativa de encontrar medicamentos e vacinas eficazes. Tendo em vista, o tempo e os custos para pesquisas e desenvolvimento de novos fármacos, o chamado reposicionamento de fármacos surgiu como uma interessante alternativa, onde alguns medicamentos antimicrobianos passaram a ser testados, medicamentos estes, com eficácia comprovada para tratamentos de outras doenças, os quais incluem a azitromicina, hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, nitazoxanida, entre outros. Neste contexto, vários estudos e testes em fases iniciais foram publicados, trazendo à população uma perspectiva de cura rápida, no entanto, é importante ressaltar que muitos desses medicamentos, promissores em análises in vitro, mostraram-se ineficazes (DE MACEDO et al., 2022).

As informações que foram amplamente divulgadas em mídias sociais, noticiários, por autoridades políticas e alguns profissionais de saúde, os quais defenderam o uso off

label destes medicamentos para o tratamento da fase inicial da doença, mesmo sem evidências científicas da segurança e eficácia resultaram em uma busca desenfreada, com uma corrida sem precedentes para os balcões das farmácias, aumentando consideravelmente a utilização desses medicamentos, seja por prescrição médica ou por automedicação. Nestas circunstâncias, o uso indiscriminado desses medicamentos vem intensificando-se, o que pode acarretar em consequências graves, como por exemplo, na resistência antimicrobiana, Reações Adversas a Medicamentos (RAM) e a intoxicação medicamentosa (MELO et al., 2021; SILVA & PAIVA, 2021).

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