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VALORES DE REFERÊNCIA PARA O VOLUME PLAQUETÁRIO MÉDIO EM UMA POPULAÇÃO DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL1

Por:   •  22/8/2018  •  Artigo  •  2.738 Palavras (11 Páginas)  •  1.135 Visualizações

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VALORES DE REFERÊNCIA PARA O VOLUME PLAQUETÁRIO MÉDIO EM UMA POPULAÇÃO DA REGIÃO CENTRAL DO RIO GRANDE DO SUL1

REFERENCE VALUES FOR MEDIUM PLATELET VOLUME IN A POPULATION OF CENTRAL REGION OF RIO GRANDE DO SUL

Da Silva, Maicon Siqueira2; Pereira, Karla Nunes3; Paniz, Clóvis3; De Carvalho, José Antonio Mainardi3,4

RESUMO

O emprego de novas tecnologias utilizadas nos analisadores hematológicos, proporcionou o surgimento de novos índices hematimétricos. Destes, pode-se destacar o volume plaquetário médio (VPM), que vem sendo relacionado com a função e atividade plaquetária. Assim, o objetivo deste estudo é determinar os valores de referência para o VPM em indivíduos saudáveis da região central do Rio Grande do Sul. Foram recrutados 260 voluntários de ambos os sexos, com idade entre 18 e 65 anos, que compareceram voluntariamente ao Hemocentro Regional de Santa Maria, no período de fevereiro a março de 2017 e que foram aprovados para a doação. Foram colhidas amostras de sangue utilizando tubos com anticoagulante K3EDTA (sangue total) e sem anticoagulante (soro). Estas foram utilizadas para a determinação dos índices hematimétricos e para dosagens bioquímicas, respectivamente. Para determinação do valor de referência, foi  utilizado o intervalo interquartil de 2,5 a 97,5 com o intervalo de confiança de 95%. O valor de referência obtido para o índice VPM foi de 10,1 fL (8,8 – 12,1) e quando a população de estudo foi estratificada pelo sexo não foi observada diferença entre os grupos. Os resultados obtidos em nosso estudo vem de encontro aos resultados de outros estudos. As diferenças encontradas  podem estar relacionadas as características e número de indivíduos avaliados, aos diferentes métodos e analisadores empregados e os fatores pré-analíticos.  A determinação de valores de referência próprios é de grande importância, uma vez que reflete a condição da população para a qual os testes serão aplicados.

PALAVRAS-CHAVES: Valores de referência, plaquetas, volume plaquetário médio.

 ABSTRACT

The use of new technologies used in hematological analyzers has given rise to new hematimetric indices. Of these, we can highlight the mean platelet volume, which has been related to platelet function and activity. Thus, the aim of this study is to determine the reference values ​​for VPM in healthy individuals in the central region of Rio Grande do Sul. We included 260 volunteers of both sexes, aged between 18 and 65 years, who voluntarily attended the Regional Blood Center of Santa Maria, from February to March 2017 and who was approved for donation. Blood samples were taken using K3EDTA anticoagulant tubes (whole blood) and no anticoagulant (serum). These were used for the determination of hematimetric indices and for biochemical measurements, respectively. For the determination of the reference value, the interquartile range of 2.5 to 97.5 was used with the 95% confidence interval. The reference value obtained for the VPM index was 10.1 fL (8.8 - 12.1) and when the study population was stratifying by sex, no difference was observed between the groups. The results obtained in our study are in agreement with the results of other studies. The differences found may be related to the characteristics and number of individuals evaluated and the different methods and analyzers used, and the pre-analytical factors. The determination of own reference values ​​is of great importance, since it reflects the condition of the population to which the tests will be applied.

KEY-WORDS: Reference values, platelets, mean platelet volume.

INTRODUÇÃO

Os recentes avanços nos analisadores hematológicos, tornou possível a mensuração de vários novos parâmetros ou índices hematimétricos, fornecendo informações úteis tanto para o diagnóstico como para o tratamento de uma série de doenças (MALUF, 2011; MORKIS; FARIAS; SCOTTI, 2016). Dentre os novos indices hematimétricos, pode-se destacar o desenvolvimento de novos parâmetros relacionados a contagem de leucócitos (leucograma), contagem de eritrócitos (eritrograma) e contagem de plaquetas (plaquetograma).

A simples contagem de plaquetas disponível até meados da década de 1980, passou a chamar-se plaquetograma devido a incorporação de vários índices, tais como o plaquetócrito (PCT), coeficiente de variação do volume plaquetário (PDW), volume plaquetário médio (VPM), porcentagem de macroplaquetas (P-LCR) e a fração de plaquetas imaturas (IPF) (FERREIRA et al., 2017). É bem aceito que as plaquetas são heterogênias, em relação ao volume e à densidade. Entre os novos índices plaquetários, vem merecendo destaque o volume plaquetário médio (MPV), por se tratar de variável biológica relacionada a função e atividade plaquetária (SANTOS; FILHO, 2004).

Para que os laboratórios clínicos possam disponibilizar, em seu rol de exames, um novo marcador, o mesmo deve ter sido suficientemente avaliado em diferentes populações. Da mesma forma, o intervalo de referência ou, mais genericamente, os intervalos de significância devem estar estabelecidos, com a maior segurança possível. A partir desses intervalos a interpretação dos resultados se tornará possível e útil (FERREIRA; ANDRIOLO, 2008).

O conceito de valor de referência foi formulado por um grupo de especialistas da International Federation of Clinical Chemistry – IFCC (PETITCLERC; SOLBERG, 1987), definindo-o como o resultado analítico obtido com um individuo de referência. Todos os indivíduos que satisfaçam as condições de inclusão, definidos pelo pesquisador, constituem a população de referência. Utiliza-se a teoria de amostragem estatística definindo a amostra como um grupo representativo da população (FRIEDBERG et al., 2007). De acordo com a IFCC, foi estabelecido um mínimo de 120 indivíduos para obter estimativas confiáveis (PETITCLERC; SOLBERG, 1987). O intervalo de referência, é então determinado levando-se em consideração um intervalo central de 95%,  limitado pelos percentis 2,5 e 97,5, isto é 2,5% dos valores são cortados em ambas as caudas da distribuição de referências de forma arbitrária (SOLBERG, 2008).

        A frequência de estudos que associam o uso de parâmetros de volume plaquetário com estados protrombóticos e outras patologias, como doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, está crescendo na literatura mundial. Dessa forma, a padronização dos fatores pré-analíticos, analíticos e a determinação de intervalos de referência é fundamental para o uso clínico destes parâmetros. Assim, dada a importância do valor de referência, que muitas vezes influência a decisão dos clínicos, este estudo busca estabelecer valores de referência para o volume plaquetário médio, para uma população individuos saudáveis da região central do Rio Grande do Sul.

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