BENEFÍCIOS DO TAI CHI CHUAN NO CONTROLE EMOCIONAL E POSTURAL EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
Por: Inês Vasconcelos • 2/9/2019 • Projeto de pesquisa • 2.502 Palavras (11 Páginas) • 689 Visualizações
UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP
Instituto de Ciências da Saúde – ICS
Bacharel em Fisioterapia
DÉBORA GOMES VASCONCELOS
BENEFÍCIOS DO TAI CHI CHUAN NO CONTROLE EMOCIONAL E POSTURAL EM CRIANÇAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
BRASÍLIA – DF
2019
RESUMO
O Transtorno do Espectro Autista é considerado uma doença rara, afetando cerca de 1% da população. Dessa forma, pesquisas na área são restritas, onde se tem poucos métodos de avaliação e tratamento para esses pacientes. O Tai Chi Chuan é uma arte macial milenar da Medicina Tradicional Chinesa, utilizada para fins terapêuticos nas mais diversas patologias. O uso do Tai Chi Chuan é interessante por trazer equilíbrio corporal, proporcionando bem estar físico, mental e social. Trabalhando de forma global as áreas em desequilíbrio, sejam essas emocionais, posturais ou vicerais.
Objetivos: Verificar os efeitos do Tai Chi Chuan no controle das emoções e no controle postural em crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista.
Metodologia: Esta pesquisa trata-se de um estudo de natureza aplicada, considerada quantitativa do tipo analítica. Trata-se de um estudo explicativo/analítico analisando o fenômeno do Tai Chi Chuan e seus efeitos em crianças com TEA na idade de 5 a 10 anos.
Resultados esperados: Espera-se com essa pesquisa verificar a eficácia do Tai Chi Chuan no público citado, trazendo assim formas alternativas de avaliação e tratamento, melhorando políticas públicas na área, promovendo conscientização e melhor acesso a informação para pais e população em geral.
Palavras-Chaves: Autismo, Tai Chi Chuan. Medicina chinesa, Fisioterapia
INTRODUÇÃO
O Transtorno do Espectro Autista é considerado uma doença rara, afetando cerca de 1% da população. No ano de 2014 a OMS reconheceu a necessidade de capacitar os países para promover o bem-estar daqueles com TEA, fornecendo apoio para que campanhas sejam criadas afim de melhorar e aprimorar o diagnóstico, tratamento e inclusão social.
É evidente que o Transtorno do Espectro Autista tem um caráter excludente na sociedade, diante de uma sociedade considerada normal aqueles que agem foram dos padrões são considerados atípicos, caracterizados como irreverentes, mal-educados e com pouca capacidade de discernimento, sofrendo dessa forma uma discriminação. A palavra autismo é de origem grega: autos, definida como próprio, ou de si mesma.
Sabe-se que somente em 1943 o autismo ganhou um papel de destaque, esse se deu através de Kanner que o caracterizou como um conjunto de comportamentos distintos e considerados incomuns perante a sociedade de caráter puramente emocional, que após 20 anos ganhou outro contexto e características próprias. Atualmente o TEA ganhou papel de destaque na OMS, porém as informações e formas de conscientização são limitadas.
Em si tratando de sintomatologia, o TEA tem seu início da primeira infância e acompanhada o indivíduo por toda vida, apresentando quadros de epilepsia, ansiedade, agitação, déficit de atenção, hiperatividade. Em se tratando do nível cognitivo, esse varia de indivíduo para indivíduo, em que uns possuem comprometimento superficial e outros profundo, esses que incluem dificuldade de comunicação e comportamentos repetitivos. Quando crianças possuem dificuldade na linguagem, na interação social, possuindo níveis em variações.
Foi apenas em 1993 que o autismo foi incorporado à Classificação de Doenças da OMS. Ainda hoje, o diagnóstico da doença é incerto, não definindo de forma específica as causas genéticas. Por se tratar de uma síndrome rara e de diagnóstico inconsistente torna-se evidente a importância da fisioterapia e de um tratamento com uma equipe multidisciplinar nessa afecção, auxiliando o indivíduo desde a descoberta do TEA, até sua reinclusão da sociedade.
A busca por uma equipe que se enquadre nas exigências e expectativas do paciente e principalmente da família, torna o tratamento mais lento. Sabe-se que poucos profissionais estão capacitados e aptos para acolher e tratar esses, dessa forma destaca-se a medicina tradicional chinesa, essa que é milenar e tem características próprias de tratar as mais diversas síndromes de maneira holística, destaca-se também a terapia comportamental que possui evidência científica satisfatória, quando realizada por profissões capacitados e que fazem uma boa intervenção.
Em se tratando da medicina tradicional chinesa, pode-se se citar o Tai Chi Chuan, considerada uma arte marcial, não usada como defesa e sim priorizando a saúde de quem pratica, essa trabalha a meditação associada ao movimento, esses que são suaves, requerem atenção, concentração e são cíclicos. Trabalhando assim o equilíbrio da mente e corpo, que são leis regidas pelo Yin e Yang, sendo utilizado para fins terapêuticos e de cura. Estudos comprovam que o Tai Chi Chuan pode ser mais eficaz que caminhadas promovendo vaso dilatação e por conseguinte aumento do fluxo sanguíneo, foram constatados também que essa técnica age diretamente no sistema nervoso, agindo diretamente no cérebro, combatendo o estresse, a ansiedade e melhorando a concentração, sintomas comuns no Transtorno do Espectro Autista.
Destarte, esse trabalho busca compreender como os pacientes com TEA são vistos pela sociedade, como esses podem ter uma ressocialização e como o Tai Chi Chuan pode contribuir para uma melhora da sintomatologia no indivíduo de forma holística. Respondendo a seguinte pergunta: Quais os benefícios do Tai Chi Chuan no controle emocional e postural em crianças com Transtorno do Espectro Autista.
OBJETIVO GERAL
- Verificar os efeitos do Tai Chi Chuan no controle das emoções e no controle postural em crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista.
OBJETIVO ESPECÍFICO
- Observar o comportamento de crianças portadoras do Transtorno do Espectro Autista por meio visual e por formulários pedagógicos e comportamentais aplicados com o auxílio dos pais;
- Identificar e avaliar as principais disfunções posturais presentes, por meio de uma anamnese;
- Analisar as mudanças emocionais presentes, antes, durante e após o tratamento por meio de questionários elaborados e realizados junto com os pais ou responsável;
- Avaliar a evolução postural sofrida após a aplicação de técnicas do Tai Chi Chuan reaplicando os testes aplicados no início do estudo;
- Analisar as melhorias advindas do tratamento e sua relação com as atividades de vida diária e convívio social e familiar, por meio da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF);
JUSTIFICATIVA
É indubitável os benefícios da medicina chinesa no equilíbrio da mente e corpo. Estudos comprovam que essa busca alcançar o equilíbrio entre ambos, tendo um diferencial no completo bem-estar do indivíduo, combatendo sintomas como estresse, ansiedade, depressão, falta de concentração e dores em geral. No Tai Chi Chuan utiliza-se de todos os mecanismos corporais, trabalhando a respiração, os batimentos cardíacos, a concentração, o recrutamento muscular, melhorando assim a saúde como um todo, que segundo a OMS, não é apenas a ausência de doenças, mas um completo bem-estar físico, mental e social. Em se tratando do Tai Chi Chuan, sabe-se que esse se expandiu por todo o mundo tendo sua prática em sua maioria em adultos jovens, com uma abordagem única e global. Há poucos estudos sobre seus benefícios em crianças com TEA, dessa forma torna-se valoroso os estudos nesse público afim de comprovar sua eficácia, pois sabe-se que uma em cada 160 crianças possui o Transtorno do Espectro Autista. Em 2013 a OMS contabilizou 70 milhões de pessoas com essa condição. Em 2014 houve um aumento de 15% de crianças autistas nos Estados Unidos. Estima-se que no Brasil com seus 200 milhões de habitantes 2 milhões são autistas, desses 95% não possuem assistência, com diagnósticos equivocados e tratamentos ineficazes. Apesar dos altos números de autistas no mundo e no Brasil, as políticas públicas ainda são ineficazes, em se tratando do caráter social, o TEA define esses indivíduos, que muitas vezes são mal vistos e compreendidos pela sociedade. Apenas no ano de 2012 é que se teve uma lei (N°12.764 – 27 de dezembro) que caracteriza o autismo como deficiência. E no ano de 2018 entrou uma nova proposta de lei que trazem mais benefícios e inclusão social para o portador do transtorno, como o uso de carteiras de identificação, porém essa ainda não entrou em vigor, demonstrando que socialmente esses indivíduos são invisíveis, e por a síndrome não ter características físicas, esses são vistos de maneira errônea e preconceituosa pela sociedade. Dessa forma torna-se valoroso os estudos nesse público afim de comprovar os benefícios do Tai Chi Chuan no controle emocional e postural em crianças com Espectro Autista.
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