PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA “MENINO RETO”: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Por: Theda Suter • 7/3/2019 • Artigo • 4.421 Palavras (18 Páginas) • 368 Visualizações
PROJETO DE EXTENSÃO UNIVERSITÁRIA “MENINO RETO”: RELATO DE EXPERIÊNCIA
RESUMO
O presente trabalho relata as experiências vivenciadas durante execução do Projeto de Extensão Universitária “Menino Reto” realizado na Escola Estadual “Ataliba Leonel” na cidade de Piraju, interior de São Paulo. Foi realizado um levantamento de dados dos alunos voluntários, os quais envolviam altura e peso tanto dos alunos quanto de suas bolsas escolares. O objeto deste estudo foi identificar problemas posturais causados pelo excesso de peso em suas bolsas de modo conscientizar as crianças dos agraves destas alterações. Como resultado foram observados alguns casos de escoliose, hiperlordose e hipercifose, tanto em combinação entre si quanto isolados. Desta forma os alunos que apresentaram estas disfunções foram instruídos quanto ao tratamento e os outros alertados e orientados à prevenção dos mesmos.
Palavras chave: Fisioterapia. Postura. Escola.
UNIVERSITY EXTENSION PROJECT "STRAIGHT BOY": EXPERIENCE REPORT
ABSTRACT
This paper reports the experiences during execution University Extension Project " Menino Reto " held at State School "Ataliba Leonel" in Piraju, São Paulo. A survey of data from student volunteers, which involved height and weight both students and their scholarship was performed. The object of this study was to identify postural problems caused by excess weight in their bags so children from agraves aware of these changes. As a result some cases scoliosis, lordosis and kyphosis have been observed, both in combination with each other as isolated. Thus students who had these disorders were instructed as to treatment and others alerted and directed to the prevention of the same.
Keywords: Physiotherapy. Posture. School.
INTRODUÇÃO
As variações da atitude postural são comumente encontradas no período do crescimento e desenvolvimento infantil e são decorrentes dos vários ajustes, adaptações e mudanças corporais e psicossociais que marcam essa fase. Assim, fatores como hereditariedade, ambiente e condições físicas nas quais o indivíduo vive, bem como por fatores emocionais, socioeconômicos e alterações consequentes do crescimento podem alterar a postura da criança (PENHA et al, 2005)
Quanto ao ambiente escolar, este pode se foco de disfunções nessa área, tanto por parte dos alunos, quanto dos professores e funcionários. Isto ocorre devido ao tempo em que estes ficam expostos a situações que não colaboram com a boa postura (REGO et al., 2006). Exemplificando: os alunos passam cerca de 5 horas e 45 minutos sentados, e quando se trata de crianças, fazê-los manter-se em uma posição adequada é uma missão quase impossível, devido à grande atividade pertinente à idade. Não bastando este tempo em que o corpo fica totalmente fora de seu padrão ergométrico, ainda existem fatores adicionais que agem contra a boa postura. Por exemplo, mochilas enormes e com excesso de materiais, barreiras arquitetônicas encontradas tanto dentro quanto fora da escola, alem do mobiliário escolar inadequado. Quanto a este último, Moro (2005) relata:
No ambiente escolar tem-se observado uma grande lacuna de aplicações e adequações ergonômicas. A atividade escolar por não tratar-se de uma situação de trabalho, muitas vezes fica a mercê da "causalidade", ou seja, ainda não existe um critério que lhes atenda nos requisitos de saúde e segurança para a concepção do mobiliário escolar. Portanto, informar-se e conhecer o assunto é uma necessidade urgente para que cresça a consciência social sobre este tema (MORO, 2005).
Muitas são as injúrias que podem ser sofridas pelos profissionais da área da educação. Kendall, Mccreary (1995) destacam algumas destas injúrias como por exemplo; desnível e protusão de ombro, escápula alada, valgo de joelho, hiperlordose lombar, escoliose, inclinação e protusão cervical e hipercifose torácica, e ainda afirma:
Na postura padrão, a coluna apresenta curvaturas normais e os ossos dos membros inferiores ficam em alinhamento ideal para a sustentação de peso. A posição neutra da pelve conduz ao bom alinhamento do abdome, do tronco e dos membros inferiores. O tórax e a coluna superior se posicionam de forma que a função ideal dos órgãos respiratórios seja favorecida. A cabeça fica ereta, bem equilibrada, minimizando a sobrecarga sobre a musculatura cervical (KENDALL, 1995).
Vê-se então a importância da monitoração postural durante a fase escolar, principalmente no período que abrande o crescimento e desenvolvimento da criança, ou seja, em geral entre os 8 e 12 anos (RODRIGUES, et.al., 2003), período no qual o corpo começa a passar por grandes modificações estruturais devido à descarga de hormônios gerada nessa idade.
Além desses fatores, vale destacar que algumas crianças “herdam” hábitos posturais das pessoas que a cercam, uma espécie de transmissão de geração a geração, independentemente se estão corretas ou não. Outros fatores de suma relevância, são os intrínsecos, como sedentarismo e obesidade, que juntos acarretam em uma serie de problemas posturais, principalmente no que se refere à sustentação corpórea.
Na postura padrão, a coluna apresenta curvaturas normais, ossos e membros inferiores alinhados promovendo a sustentação ideal do peso, conduzindo a posição neutra do abdome, do tronco e dos membros inferiores. O tórax e a coluna superior se posicionam de forma ideal favorecendo o bom funcionamento do aparelho cardiorrespiratório. A cabeça fica ereta, equilibrada, minimizando a sobrecarga sobre a musculatura cervical (KENDALL, et al., 1995)
Segundo a Academia Americana de Ortopedia, postura é um estado de equilíbrio entre músculos e ossos que proporcionam capacidade para proteger o corpo humano de traumatismos independente da posição em se encontra, ou seja, na posição em pé, sentada ou deitada. Além disso, pode indicar a posição relativa dos segmentos corporais tanto em repouso quanto em atividade. Sendo assim, uma boa postura durante determinada atividade será determinada pela interação entre as funções biomecânicas e neuromusculares (BRACCIALI; VILARTA, 2000).
O ato de sentar-se não deve ser visto apenas como uma condição estática, mas sim como um comportamento que deve ser observado para evitar problemas graves. Apesar de não haver uma determinada postura indicada para o sentar, algumas merecem destaque, como por exemplo a postura sentada ereta, na qual os pés apoiam-se no chão e a coluna mantém-se apoiada no encosto da cadeira; e a postura lordótica que ocorre com a manutenção da curvatura lombar normal. Além disso, outro fator de importância é o tempo no qual o indivíduo permanece sentado, onde o tempo de manutenção da postura excede quatro horas, representa riscos para o sistema musculoesquelético (MARQUES, HALLAL e GONÇALVES, 2010).
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