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Artigo Esquizofrenia 2

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Por:   •  12/11/2014  •  6.846 Palavras (28 Páginas)  •  629 Visualizações

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Psicologia USP, 2006, 17(4), 263-285. 263

ESQUIZOFRENIA: UMAREVISÃO

Regina Cláudia Barbosa da Silva1

Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP

A definição atual de esquizofrenia indica uma psicose crônica idiopática,

aparentando ser um conjunto de diferentes doenças com sintomas que se

assemelham e se sobrepõem. A esquizofrenia é de origem multifatorial

onde os fatores genéticos e ambientais parecem estar associados a

um aumento no risco de desenvolver a doença. Esse artigo tem como

objetivo fazer uma revisão de alguns aspectos englobando: história,

sintomatologia, tratamentos e modelos experimentais da esquizofrenia.

Descritores: Esquizofrenia. Neurotransmissores. Neuropsicologia.

Histórico

O

histórico conceitual da esquizofrenia data do final do século XIX e da

descrição da demência precoce por Emil Kraepelin. Outro cientista que

teve importante infl uência sobre o conceito atual de esquizofrenia foi Eugen

Bleuler.

Kraepelin (1856-1926) estabeleceu uma classificação de transtornos

mentais que se baseava no modelo médico. Seu objetivo era delinear a existência de doenças com etiologia, sintomatologia, curso e resultados comuns.

Ele chamou uma dessas entidades de demência precoce, porque começava

no início da vida e quase invariavelmente levava a problemas psíquicos. Seus

sintomas característicos incluíam alucinações, perturbações em atenção, compreensão e fluxo de pensamento, esvaziamento afetivo e sintomas catatônicos.

A etiologia era endógena, ou seja, o transtorno surgia devido a causas internas.

1 Docente do Laboratório de Psicologia Experimental e Estudos da Cognição do Departamento de Ciências da Saúde da Escola Paulista de Medicina - UNIFESP. Endereço

eletrônico: newstein@hotmail.com

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Regina Cláudia Barbosa da Silva

A demência precoce foi separada do transtorno maníaco-depressivo e da paranóia com base em critérios relacionados aos seus sintomas e curso. Kraepelin

distinguiu três formas do transtorno: hebefrênica, catatônica e paranóide.

Bleuler (1857-1939) criou o termo “esquizofrenia” (esquizo = divisão, phrenia = mente) que substituiu o termo demência precoce na literatura. Bleuler conceitualizou o termo para indicar a presença de um cisma entre

pensamento, emoção e comportamento nos pacientes afetados. Para explicar

melhor sua teoria relativa aos cismas mentais internos nesses pacientes, Bleuler descreveu sintomas fundamentais(ou primários) específicos da esquizofrenia que se tornaram conhecidos como os quatro “As”: associação frouxa de

idéias, ambivalência, autismo e alterações de afeto. Bleuler também descreveu

os sintomas acessórios, (ou secundários), que incluíam alucinações e delírios

(Ey, Bernard, & Brisset, 1985).

Subtipos

Os três primeiros subtipos clássicos (demência paranóide, hebefrenia e

catatonia) eram descritos como doenças separadas até que Kraepelin as reuniu

sob o nome de demência precoce. Juntamente com a esquizofrenia simples,

introduzida por Bleuler, os subtipos paranóide, hebefrênico e catatônico de

Kraepelin formaram o grupo de esquizofrenias de Bleuler.

Diversos avanços, incluindo: a definição objetiva e uniformização dos

sintomas e critérios diagnósticos para esquizofrenia; o advento das drogas

antipsicóticas e a caracterização de seus mecanismos de ação e padrões de

respostas; e, por fim, a identificação de anormalidades biológicas na doença,

tem em conjunto, tornado possível o surgimento de classifi cações mais precisas de subtipos esquizofrênicos, que levam em conta, características de curso,

resposta a tratamento, prognóstico e substrato patogênico. Dentre estas, a dicotomização da esquizofrenia em subtipos I e II ou positivo/negativo proposta

por Crow (1980) é talvez a classificação mais conhecida. Segundo ele, os dois

tipos podem refl etir dois processos patológicos etiológica e prognosticamente

distintos. Os principais sintomas da síndrome positiva (ou tipo I) são alucinações e delírios e da síndrome negativa (ou tipo II) são o embotamento afetivo

e a pobreza do discurso.

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Esquizofrenia: uma Revisão

Sintomas característicos

Os primeiros sinais e sintomas da doença aparecem mais comumente

durante a adolescência ou início da idade adulta. Apesar de poder surgir de forma abrupta, o quadro mais freqüente se inicia de maneira insidiosa. Sintomas

prodrômicos pouco específicos, incluindo perda de energia, iniciativa e interesses, humor depressivo, isolamento, comportamento inadequado, negligência com a aparência pessoal e higiene, podem surgir e permanecer por algumas

semanas ou até meses antes do aparecimento de sintomas mais característicos

da doença. Familiares e amigos em geral percebem mudanças no comportamento do paciente, nas suas atividades pessoais, contato social e desempenho

no trabalho e/ou escola (Vallada Filho & Busatto Fillho, 1996).

Os aspectos mais característicos da esquizofrenia

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