Artigo Sobre Presídios

Largados a própria sorte

Falar sobre a justiça e a segurança do nosso país não é tarefa fácil. Basta ligarmos a televisão e observar o BOMBARDEIO de notícias que os jornais levam as nossas casas ou onde quer que estejamos. Crimes cada vez mais inimagináveis e horríveis chegam ao nosso conhecimento e nos fazem pensar onde estão os valores das pessoas, como podem ser tão frias e calculistas a ponto de cometer crimes tão cruéis.

E como fica a situação das pessoas que cometem estes crimes? Não apenas os crimes bárbaros e de grande repercussão, mas também aqueles crimes cometidos por “iniciantes”, como no caso de um pai que rouba para poder dar de comer ao filho, ou uma pessoa que perde o controle em uma discussão e acaba indo as últimas consequências.

Pois bem, estes culpados, em sua grande maioria, são jogados em um presídio. Jogados? Sim, jogados.

Buscar informações sobre o Presidio Central de Porto Alegre é chocante. Muitos brasileiros não se preocupam com a situação destes ambientes, pois sustentam o pensamento de que ali apenas estão pessoas que fizeram mal a sociedade e por consequência disso não merecem uma vida digna.

Manter as pessoas em um sistema onde é necessária a convivência com o esgoto, com ratos e toda a imundície de um ambiente sem nenhuma higienização, convenhamos, é desumano. O preso se quer tem direito a uma alimentação adequada, são obrigados a fazer as refeições nas celas, junto aos seus dejetos, ratos e demais animais atraídos pela sujeira do local.

Quando criança tinha a ideia de que as pessoas que cometessem crimes seriam levadas ao presidio para pensar sobre seus atos, como aquele castigo que os pais davam quando fazíamos alguma travessura. Mas hoje vejo que a situação é bem diferente. As pessoas são jogadas em um prédio, e querem que de lá elas saiam reabilitadas. E onde está o suporte para esta reabilitação? O que explica o alto índice de crimes cometidos por ex-detentos. As condições em que eles são largados os tornam cada vez mais perversos e quando saem do sistema prisional, na maioria dos casos, acabam voltando a ele por motivos muitos piores que os da primeira vez. É isso, um sentimento de vingança, como se a sociedade fosse culpada por eles terem de passar por aquela situação, e o povo acaba pagando muito caro por esta falha no sistema.

Por que não seguir o exemplo da Penitenciária Industrial e Regional do Cariri, no Ceará, e na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG), no Paraná. Ambas foram construídas com recursos dos Governos Federal e Estadual, porém são privadas, ou seja, o prédio é construído com dinheiro público, porém todo o restante é feito por empresa privada que é contratada através de licitação. Todo o sistema é administrado pela empresa privada. Ela é responsável desde a alimentação, higienização do ambiente, infra-estrutura de pessoal, medicamentos, uniformes, material de higiene pessoal, roupa de cama, e tudo mais que for necessário para o funcionamento do presídio.

Nestes presídios que funcionam com o sistema de privatização os presos são tratados como pessoas e não como bichos. Porém para serem transferidos para lá os presos passam por um processo de triagem, onde apenas os que tiverem bom comportamento entram no eficiente modelo, e os que não se adaptarem

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