Ativação do cerebelo
Resenha: Ativação do cerebelo. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: lucascostinhaaaa • 15/9/2014 • Resenha • 1.135 Palavras (5 Páginas) • 355 Visualizações
Classicamente considerado responsável pela coordenação motora, o cerebelo tem sido
ultimamente implicado também em funções cognitivas. Estudos anatómicos sugerem
que o cerebelo possa estar ligado a áreas associativas dos hemisférios cerebrais (regiões
pré-frontal, occipito-parietal, temporal e límbica), através de um circuito em ansa fechada.
Trabalhos com métodos funcionais mostraram activação do cerebelo (vérmis e região
posterior dos hemisférios cerebelosos) na realização de tarefas cognitivas, não
relacionadas com actos motores. Estudos de neuropatologia e estudos de imagiologia
morfológica e funcional, revelaram alterações do cerebelo em doenças cognitivas e
comportamentais do neurodesenvolvimento, como a Perturbação de Hiperactividade e
Déficite de Atenção, o Autismo e a Esquizofrenia. A avaliação neuropsicológica de
doentes com patologia degenerativa do cerebelo mostrou também defeitos cognitivos,
particularmente em funções executivas. Investigação realizada em crianças e adultos
com lesões focais do cerebelo, revelou uma constelação característica de déficites,
afectando funções executivas, visuo-espaciais, de linguagem e comportamentais,
permitindo discriminar com maior precisão a função cognitiva de áreas determinadas do
cerebelo. No entanto, muito permanece ainda por explicar no que se refere ao contributo
específico do cerebelo para as funções mentais superiores, para o que concorre a
dificuldade em encontrar um modelo de estudo adequado. Os estudos com modelos
animais fornecem informação sobre as ligações anatómicas entre o cerebelo e regiões
do córtex cerebral responsáveis pelas funções cognitivas, mas é incerta a transposição
destes dados para o modelo humano. As técnicas de imagiologia funcional, embora
permitam investigar em tempo real e directamente no cérebro humano, estão ainda em
fase de aperfeiçoamento e não são suficientemente discriminativas para resolver por
completo as dúvidas dos investigadores. As doenças degenerativas e do
neurodesenvolvimento afectam outras regiões cerebrais além do cerebelo, pelo que
não são o melhor modelo para o estudo das funções cognitivas do cerebelo. Os doentes
jovens com lesões vasculares isoladas do cerebelo constituem um modelo clínico útil
para investigar o papel do cerebelo na cognição, por permitirem isolar no tempo e no
espaço o contributo específico deste órgão para os défices cognitivos encontrados.
A caracterização dos mecanismos que regem as funções
mentais superiores (linguagem, memória, cálculo,
orientação visuo-espacial, funções executivas) permanece
como um dos maiores desafios das
neurociências. O aprofundamento da investigação
nesta área tem vindo a alargar sucessivamente o campo
de estudo. Embora classicamente o controlo das
funções cognitivas tenha sido atribuído exclusivamente
a determinadas áreas do córtex cerebral (áreas de
associação), trabalho recente tem atribuído papel a
circuitos envolvendo também estruturas subcorticais.
O conceito de rede neuronal propõe que áreas distantes
do cérebro possam participar de forma diversa, através
de vias e circuitos próprios, no controlo das mesmas
funções cognitivas, contribuindo com elementos
específicos para um resultado comportamental que é
feito da combinação de várias operações.
As ligações do cerebelo com diversas regiões do
sistema nervoso central são conhecidas desde há muito
e explicam a participação deste órgão em múltiplas
funções cerebrais. Sabe-se, desde há várias décadas,
que o cerebelo tem um papel essencial na coordenação
motora, na articulação verbal e no controlo dos
movimentos oculares, participando ainda no controlo
do equilíbrio e das funções autonómicas. As alterações
relacionadas com as lesões do cerebelo encontram-
se há muito reunidas sob a designação de síndroma
cerebeloso, o qual é constituído essencialmente por sintomas e sinais motores: desequilíbrio na marcha,
descoordenação no movimento dos membros, alteração
dos movimentos oculares, disartria. Recentemente,
o cerebelo tem sido implicado também no controlo
de diferentes funções cognitivas. Investigação
em indivíduos saudáveis e em doentes com patologia
do cerebelo, veio lançar as bases anatomo-fisiológicas
e clínicas para o conhecimento das funções cognitivas
do cerebelo.
Os autores começam por rever os dados anátomo-
-fisiológicos e os estudos funcionais realizados neste
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