Declaração Rio e pós-mundo no século XXI
Seminário: Declaração Rio e pós-mundo no século XXI. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: LauraCristine • 18/10/2014 • Seminário • 4.694 Palavras (19 Páginas) • 428 Visualizações
Protection Agency (EPA), e o Brasil, em 1973, cria a Secretaria Especial do Meio
Ambiente (Sema).
A avaliação dos resultados da reunião de Estocolmo pela ONU, dez anos
depois, mostrou que os esforços empreendidos ficaram muito aquém do necessário
(Le Prestre, 2000). A consequência foi a formação da Comissão Mundial
sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD), dirigida pela ex-primeira-
ministra norueguesa Gro Harlen Brundtland, cujo relatório de 1987 (our
common future) tinha como missão propor uma agenda global para a mudança.
Constituiu o maior esforço então conhecido para conciliar a preservação do meio
ambiente com o desenvolvimento econômico, cujo porto de chegada denominou-
se Desenvolvimento Sustentável. Sua definição tornou-se clássica e objeto
de um grande debate mundial (Lenzi, 2006): “Desenvolvimento sustentável é
o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer
a capacidade das gerações futuras em satisfazer suas próprias necessidades”. A
força e a fraqueza dessa definição encontram-se justamente nessa fórmula vaga,
pois deixam-se em aberto quais seriam as necessidades humanas atuais, e mais
ainda as das gerações futuras. Introduz-se a noção da intergeracionalidade no
conceito de sustentabilidade, associando-a à noção de justiça social (redução das
desigualdades sociais e direito de acesso aos bens necessários a uma vida digna)
e aos valores éticos (compromisso com as gerações futuras).
our common future coloca-se contra os efeitos do liberalismo, que naquela
época provocava o aumento das desigualdades sociais entre os países, e consagra
a dimensão social como parte integrante da questão ambiental: “A pobreza é
uma das principais causas e um dos principais efeitos dos problemas ambientais
do mundo. Portanto, é inútil tentar abordar esses problemas sem uma perspectiva
mais ampla, que englobe os fatores subjacentes à pobreza mundial e à
desigualdade internacional” (Brundtland, 1987, p.4).
Em 1989, a Assembleia das Nações Unidas aprovou a convocação da Conferência
das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Cnu
mad) para 1992, conhecida como Rio-92. O mérito de seus resultados é até
hoje discutido, ora louvado, ora denegrido (Bursztyn & Bursztyn, 2006, p.62).
Os efeitos mais visíveis foram a criação da Convenção da Biodiversidade e das
Mudanças Climáticas – que resultou no Protocolo de Kyoto –, a Declaração do
Rio e a Agenda 21.
A Declaração do Rio segue a mesma linha das decisões da reunião de Estocolmo,
relacionando meio ambiente e desenvolvimento, por meio da boa gestão
dos recursos naturais, sem comprometimento do modelo econômico vigente.
O documento vai ao encontro, portanto, da expansão econômica que o mundo
começa a conhecer, e em contraponto ao que anunciava a literatura mais crítica
da época, como o relatório preparatório da reunião da Comissão de Desenvolvimento
e Meio Ambiente da América Latina e Caribe (CDMAALC, 1991, p.2):
Os modelos de desenvolvimento que prevalecem no mundo e que produziram
ganhos importantes para o desenvolvimento humano por várias décadas demonstram
sinais irrefutáveis de crise. [...] a configuração dos problemas ambientais
ameaça a capacidade de manter este processo de desenvolvimento humano
em médio e longo prazos.
As contradições entre os países desenvolvidos e os restantes ficaram ainda
mais claras quando os Estados Unidos não assinaram o Protocolo de Kyoto,
mesmo após o Intergovernmental Panel for Climate Change (IPCC), em 2007,
lançar um comovente alerta sobre os riscos prementes do aquecimento global
e a contribuição nesse processo da ação antrópica. O mundo ficou tocado, o
governo americano, nem tanto.
Em meio ao debate na mídia, um consenso se estabeleceu – o desenvolvimento
sustentável compõe-se essencialmente de três dimensões, embora muitos
autores, como Ignacy Sachs (2007), considerem a relevância de várias outras
dimensões.
As dimensões do desenvolvimento sustentável
É pertinente nos perguntarmos se as três dimensões (econômica, ambiental
e social) da sustentabilidade são suficientes, e qual o seu significado.
A primeira dimensão do desenvolvimento sustentável normalmente citada
é a ambiental. Ela supõe que o modelo de produção e consumo seja compatível
com a base material em que se assenta a economia, como subsistema do meio
natural. Trata-se,
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