Dissociação Da Hemoglobina

Ligação CO com a hemoglobina

Quando presente no sangue, o monóxido de carbono (CO) tem a capacidade de alterar o comportamento ideal da hemoglobina, formando-se a chamada carboxihemoglobina (HbCO), de cor rosa-escarlate.

Hb + CO ⇒ HbCO (carboxihemoglobina)

HbO2(aq) + CO (g) ⇄ HbCO (aq) + O2 (g)

A ligação da Hb com o CO é muito semelhante á que ocorre com o O2, diferindo, por exemplo, na afinidade, sendo que a afinidade da Hb com o CO é cerca de 200 a 240 vezes superior á afinidade desta com o O2. A molécula de oxigénio sofre uma profunda mudança na sua estrutura eletrónica quando se liga à hemoglobina, o que diminui a sua estabilidade em comparação com a carboxihemoglobina.

Existindo monóxido de carbono no ar inspirado, haverá no sangue uma “competição” entre CO e O2 pelas moléculas de hemoglobina. O problema causado por essa competição é o fato dos iões Fe2+ se ligarem mais fortemente ao CO do que ao O2. Com isso, as moléculas de hemoglobina que reagem com CO, dificilmente se tornam livres. Assim a dissociação deste gás é muito difícil, o que explica a sua toxicidade. Tudo isto leva a que a capacidade de transporte de oxigénio seja alterada havendo uma redução da oxigenação das células. Bastam assim pequenas quantidades de CO para reduzir dramaticamente a capacidade de transporte do oxigénio, até porque o sistema nervoso central vai responder a estas alterações com um maior esforço respiratório, aumentando ainda mais a quantidade de CO.

Para além disto quando se dá a ligação com o CO, a um dos quatro grupos heme, as propriedades alostéricas da hemoglobina são modificadas. A estrutura desta, em tetrâmero, sofre uma alteração na sua conformação continuando a permitir não só a ligação do O2 aos restantes grupos heme como também aumenta a sua afinidade para com estes. A afinidade entre eles é de tal modo que, mesmo às baixas pressões de O2 sanguíneo ao nível dos tecidos não-alveolares, o oxigénio não se desliga da carboxihemoglobina, comprometendo assim seriamente a passagem deste para os tecidos e, consequentemente, a oxigenação destes. Este efeito traduz-se numa deslocação para a esquerda da curva de dissociação do oxigénio. A competitividade entre o CO e O2 provoca também um achatamento da curva, diminuindo o seu limite superior, uma vez que a saturação de oxigénio no sangue atinge valores inferiores aos normais.