ESSIS: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Tese: ESSIS: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: astrogidlo • 3/1/2014 • Tese • 1.864 Palavras (8 Páginas) • 370 Visualizações
PROTOCOLOS CLÍNICOS da COOPERCLIM – AM
SEPSE: DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO
Autor: Antonio Luiz Boechat1
1 – INTRODUÇÃO
A sepse é definida como uma síndrome de resposta inflamatória (SIRS), motivada por
um agente agressor, associado à infecção sistêmica 1. Tem alta mortalidade e representa
cerca de 24 a 32% dos custos totais de uma, UTI 2-4,8. Estudos no Brasil revelam mortalidade
variando entre 52,2% a 65,3% para o choque séptico 5-7. Apesar da alta mortalidade e
prevalência, trata-se de uma doença com curso clínico heterogêneo e ampla variação clínica.
A razão para este fato está relacionada a diferentes fatores como origem do sítio de infecção,
virulência do agente etiológico, estado de competência imunológica do paciente, entre
outros8. Alguns fatores imunogenéticos e moleculares têm sido relacionados à fisiopatologia
da sepse, tais como a hereditariedade e a expressão gênica nas diversas fases da doença. As
primeiras evidências da participação hereditariedade nas síndromes infecciosas mostraram a
maior incidência de sepse nos filhos de pais que morreram de infecções 9. Por mais de uma
década tem havido considerável interesse na possibilidade de variações genéticas
influenciarem a vulnerabilidade de indivíduos a infecções 10. Recentemente, foi observado
que o tratamento precoce com metas específicas é capaz reduzir de forma importante sua
mortalidade. Com essas novas evidências sua abordagem e recomendações de tratamento
foram atualizadas. Em 2003 foi instituída a Campanha Sobrevivendo a Sepse (Sepsis
Surviving Campaing), reunindo as melhores evidências disponíveis, sendo revisada em 2008,
com objetivo de reduzir a mortalidade da desta patologia 11. Considerando que o Brasil tem
um dos mais altos índices de morte da doença 12 em 2007 a Campanha Sobrevivendo a Sepse
foi implantada em 43 hospitais no Brasil, exceto na Região Norte, tendo por meta obter
redução no risco relativo de morte da sepse em 25% após 2,5 anos do início da campanha.
2 - DEFINIÇÕES E DIAGNÓSTICO
Desde que Schottmueller em 1914 estabeleceu pela primeira vez a relação direta entre
a presença de microrganismos na corrente sangüínea e o aparecimento de sinais e sintomas
sistêmicos, muitos termos foram aplicados para definir a sepse13. Atualmente, a sepse é
definida como uma síndrome clínica com Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica
(SIRS) associada à infecção14,15. Diversos sinais e sintomas podem estar presentes, devendo
ser lembrados em função da dificuldade diagnóstica, sobretudo em pacientes graves cujas
patologias são complexas e com freqüência já estão em uso de antimicrobianos (Tabela 1).
O quadro de sinais e sintomas de sepse sugerida pela Sepsis Definition Conference em
200115 é um guia útil ao diagnóstico, de tal forma que quando presentes sem outra explicação
possível o diagnóstico de sepse deve ser considerado (Tabela 2). Deve ser ressaltada a
necessidade de diagnóstico precoce de maneira que as intervenções de alto impacto na
morbimortalidade da sepse possam ser instituídas no tempo adequado. Sabe-se que as seis
primeiras horas após o diagnóstico constituem-se a janela de oportunidade do tratamento da
sepse e a terapia de otimização precoce de variáveis fisiológicas, quando aplicada nesta fase,
é capaz de reduzir a mortalidade da sepse grave e choque séptico em cerca de 16%16-17.
3 - ELEMENTOS DA FISIOPATOLOGIA DA SEPSE
O desenvolvimento de sepse após injúria orgânica ou infecção é determinado não só
pelo agente agressor, virulência do patógeno, mas sobretudo por caracteres genéticos do
indivíduo. O somatório destes fatores combinados desencadeia uma série de eventos
imunológicos, metabólicos e hemodinâmicos que culmina com o estado que tem sido
chamado de sepse. A quebra de barreiras anatômicas, injúria orgânica ou a simples redução
da competência imunológica de um indivíduo possibilita a invasão microbiana de tecidos.
Cada microrganismo tem um caráter molecular próprio, como os lipopolissacarídeos de
membrana das bactérias gram negativas, açúcares da parede celular de fungos, etc. Esse
caráter é denominado de Padrão Molecular Associado ao Patógeno (ou PAMPS). Uma vez
que invadem e multiplicam-se nos tecidos, esses patógenos são identificados pelas células
dendríticas e outras células do sistema imune através de receptores que reconhecem padrões
moleculares chamados Toll-Like receptors (ou TLR's)18. Uma vez identificados pelas células
dendríticas, cuja função é apresentar antígeno aos linfócitos, é disparada a resposta imune
adaptada. A secreção de citocinas como Fator de Necrose Tumoral, IL-6, IL-2 entre outras,
produzirão uma sequência de eventos genéticos, bioquímicos e clínicos. Haverá febre,
adinamia e sintomas gerais de inflamação/infecção (por ação das citocinas
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