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Hipertensão Em Idosos

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Por:   •  18/5/2013  •  2.185 Palavras (9 Páginas)  •  737 Visualizações

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Hipertensão em idosos

Dr. Alberto de Macedo Soares é médico geriatra do Hospital das Clínicas de São Paulo e professor de Geriatria da Faculdade de Medicina de Santos (SP).

Pressão alta é doença traiçoeira e democrática. Traiçoeira, porque não dá sintomas. Democrática, porque se manifesta em qualquer idade (crianças, adultos e idosos), nos dois sexos e em qualquer etnia (branca, negra, amarela).

Muita gente pensa que a hipertensão provoca dor na nuca, dor de cabeça e pontos luminosos que perturbam a visão. Não é verdade. É frequente descobrir que a pressão arterial está alta, quando a pessoa vai ao médico por qualquer motivo e custa a crer no diagnóstico, uma vez que os sintomas só aparecem nos casos de aumento brusco da pressão.

Ninguém mais discute, porém, que a incidência dessa doença aumenta com a idade. Mais ou menos 50% dos homens e mulheres acima dos 50 anos apresentam hipertensão. Aos 60 anos, essa porcentagem sobe para 60% e, daí em diante, não pára de crescer. São tão comuns os casos de hipertensão em idosos que não seria exagero dizer que, depois de certa idade, é quase normal ter pressão alta.

CAUSAS

Drauzio – Por que a pressão arterial sobe com a idade?

Alberto de Macedo Soares – Vamos estabelecer uma analogia entre o corpo humano e o sistema hidráulico. Os canos seriam os vasos sanguíneos; os rins, o ladrão por onde sairia o excesso de líquido; o coração, a bomba que faria circular esse líquido e o cérebro, o computador que regeria todas essas funções. Assim como, com o passar dos anos os resíduos aderem aos canos, há depósito de cálcio nos vasos sanguíneos, que vão enrijecendo e tornando mais estreita sua luz , o que obrigatoriamente aumenta a pressão do sangue no seu interior. Pressão arterial elevada acaba prejudicando não só os rins, mas o coração e principalmente o cérebro.

Drauzio – A pressão arterial aumenta obrigatoriamente com a idade?

Alberto de Macedo Soares – A incidência de hipertensão está nitidamente relacionada com a idade. Aos 20 anos, 20% dos indivíduos têm pressão alta; aos 30 anos, 30% e, aos 80 anos, 80% têm hipertensão.

Drauzio – Quem tem pai e mãe hipertensos corre maior risco de desenvolver a doença?

Alberto de Macedo Soares – As manifestações genéticas são mais frequentes na população mais jovem. A partir do momento em que a alteração é induzida pelo depósito de cálcio responsável pela resistência dos vasos, o componente genético é menor.

Drauzio – Existem outras causas que explicam a hipertensão nos idosos?

Alberto de Macedo Soares – Especialmente nos estados pré-diabéticos, os idosos podem ter descarga maior da insulina que o próprio organismo produz. Essa hiperinsulemia libera substâncias que agem no cérebro e aumentam a absorção de sal pelos rins, o que acaba acarretando hipertensão. Lesões no endotélio (camada interna que reveste os vasos) provocadas por diabetes, menopausa, alcoolismo também predispõem à hipertensão e são prevalentes na população mais idosa.

Drauzio – A partir da menopausa, as mulheres estão mais sujeitas a doenças cardiovasculares de modo geral e, mais especificamente, à hipertensão. Existe relação entre pressão arterial alta e os hormônios femininos?

Alberto de Macedo Soares – Na menopausa, há uma liberação menor de estrógeno, hormônio diretamente relacionado com o endotélio, órgão que sintetiza proteínas e hormônios e é responsável pela dilatação e contrição dos vasos sanguíneos. Menor produção de estrógeno torna vulnerável essa camada interna dos vasos que deixa de liberar substâncias vasoconstritoras e provoca o aumento da pressão arterial.

Drauzio – No passado, imaginava-se que o endotélio era apenas o revestimento interno de todos os vasos…

Alberto de Macedo Soares – Achava-se que era o revestimento interno dos vasos ou uma barreira para trocar água e macromoléculas. Hoje se sabe que o endotélio é um órgão essencial e pode ser lesado em várias doenças.

DIAGNÓSTICO

Drauzio – Os médicos sempre se referem à hipertensão como uma doença traiçoeira, porque não dá sintomas. De acordo com sua experiência, como as pessoas mais idosas descobrem que a pressão arterial está alta?

Alberto de Macedo Soares – Hipertensão é uma doença realmente traiçoeira. Quem pensa que dá dor de cabeça, tontura, zumbido no ouvido, sangramento nasal ou deixa ver estrelinhas durante o dia, está redondamente enganado. A grande maioria dos idosos não apresenta sintoma nenhum e vai ao médico para uma consulta de rotina, porque o filho mandou, porque está com dor no joelho ou sente um cansaço inexplicável. Aí, quando medimos sua pressão, descobrimos que está muito alta, 21/14, 20/12. Esses valores têm de ser revertidos para os padrões normais a fim de evitar complicações graves. No entanto, isso tem de ser feito aos poucos, principalmente nos idosos.

Na verdade, é muito raro um idoso normotenso apresentar hipertensão de uma hora para outra. Em geral, a pressão começou a aumentar devagarinho, quando tinha 50 anos, e o problema só foi diagnosticado bem mais tarde. Os sintomas não apareceram porque, de certa forma, seu organismo foi-se acostumando com a elevação. Reverter o quadro abruptamente provoca sintomas deletérios, como tontura, sonolência e fraqueza, que induzirão o paciente a interromper o tratamento. Por isso, as doses são ajustadas devagar.

VALORES NUMÉRICOS

Drauzio – Quais são os valores numéricos indicativos da pressão alta?

Alberto de Macedo Soares – Até o final da década de 1990, considerava-se um idoso hipertenso, quando apresentava 16/9,5 de pressão, ou seja, 160mm/95mm de mercúrio. Depois, descobriu-se que valores de pressão arterial sistólica (máxima) entre 14 e 16 aumentam o risco de complicações. Por isso, o limite aceitável tornou-se mais rigoroso e considera-se hipertenso o idoso com pressão igual ou acima de 14/9.

Drauzio – Vamos lembrar que, hoje, a pressão considerada ótima é 11/7, e 12/7 é considerada normal. Máxima de 13 e mínima entre 8 e 9 são valores limítrofes. Quando fiz faculdade, os limites eram mais flexíveis. Aceitava-se, como normal, o aumento de 1cm de mercúrio por década de vida. Portanto, uma pessoa que tivesse 14/9 aos 50 anos, poderia ter 15/10 aos 60 anos, 16/11 ou 17/11 aos setenta.

Alberto de Macedo Soares – Antigamente, a pressão alta era vista como

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