Historia De Angola
Artigo: Historia De Angola. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Ricardoluciano • 6/5/2013 • 5.921 Palavras (24 Páginas) • 934 Visualizações
INTRODUÇÃO
A vida e a história de qualquer país começam com o conhecimento da história cultural do seu povo. Assim é para quem investiga os problemas complexos da jovem nação angolana, que está, na atualidade, perante o seu maior desafio como país independente. São muitas as questões enfrentadas, entre elas a de estabilizar a economia, pacificar os espíritos marcados por mais de trinta anos de guerra civil, encontrar os rumos da democracia norteada pelas reformas sociais para diminuir o estado de pobreza absoluta que tem assolado todo o país, melhorar suas péssimas condições sanitárias e ambientais.
Entre todas as dificuldades a maior delas está em instituir um ponto final na situação político-militar do país. Sem capacidade para resolução destas variáveis estruturais, o povo angolano segue a sua trajetória histórica marcada por longos retrocessos e pouquíssimos avanços na sua afirmação como nação soberana.
A presente dissertação teve origem no trabalho que realizamos naquele país, como voluntário das Nações Unidas, durante os anos 1995 a 1997. Angola encontra-se atualmente com péssimos índices sanitários, conseqüência dos longos conflitos bélicos ocorridos no país. Para melhorar esses índices foi desenhado o Projeto de Reabilitação Urbana e Ambiental de Lobito e Benguela, com o objetivo de dar estrutura sanitária e ambiental às duas cidades que, em função do Porto de Lobito, desempenham papel importante de corredor de exportação para os países vizinhos e toda a porção central de Angola.
Financiado por: Banco Mundial, Agência Sueca de Desenvolvimento, Agência Norueguesa de Desenvolvimento e Governo Angolano, o Projeto saiu do papel trabalhando com comunidades e beneficiando os mais carentes da Província de Benguela.
Nosso objetivo nesta dissertação foi descrever e analisar o projeto, uma vez que ele apresenta aspectos inovadores: financia diretamente as ações do poder local e da comunidade sem interferência do Governo Central; privilegia tecnologias e ações de baixo custo; forma recursos humanos nas comunidades locais.
Uma avaliação de seus resultados pareceu-nos importante para identificar seu potencial de reprodução em outras regiões africanas.
Para melhor entendimento do projeto, consideramos necessário descrever primeiramente o contexto histórico, geográfico e sócio econômico em que ele se desenvolve. Desse modo, no Capítulo 1 dissertamos sobre a história de Angola. (...)
HISTÓRIA DE ANGOLA
A República de Angola é, depois do Congo (Ex-Zaire), a maior nação ao sul do Saara. Com uma área de 1.246.700 Km2, foi durante quinhentos anos uma grande colônia portuguesa. Angola está situada na costa ocidental da África, em frente ao Brasil e tem fronteiras ao norte com a República Popular do Congo; a nordeste, com a República Democrática do Congo ou Ex-Zaire; a leste com a Zâmbia; e ao sul, com a Namíbia.
O território tem um comprimento máximo de 1.277 Km no sentido norte/sul e 1.236 Km de leste a oeste. Em fronteira marítima tem 1.680 Km e terrestre 4.928 Km.
A formação étnica de Angola iniciou-se a partir da migração dos bantos, povos que falam as línguas bantu, comum na África Oriental, Central e Meridional cujo termo singular é muntu, que significa "homem", "pessoa". Segundo o historiador Ralph Delgado, em 1482, quando os portugueses chegaram ao estuário do Rio Congo, os povos bantos já se encontravam ali em diversos reinos. Segundo Vansina (1985:556), "a expansão das línguas bantu pode refletir a ocorrência de grandes migrações que terminaram bem antes do ano 1100".
No entanto, a história desta população primitiva da África Negra só começou a ser decifrada a partir do século XIX, quando o mapa do continente negro foi discutido intensamente na Conferência de Berlim de 1884.
De acordo com os etnólogos especialistas em África, a etnia Banto, compreendia vários grupos como: Bakongos, Lunda-Cokwel, Mbundu, Ovimbundu, Ambós e outros pequenos subgrupos, que se expandiram pela África a partir da zona equatorial.
A penetração dos portugueses nos seus territórios teve início no reino dos bakongos, atual Zaire, província de Angola ao norte do país. Dentro da visão expansionista dos portugueses já havia uma consciência de que a conquista deste território não seria fácil, porque os bakongos, antes da chegada do colonizador, já dominavam técnicas da metalurgia, transformando ferro em instrumentos de guerra, conseguindo assim hegemonia territorial sobre os outros reinos próximos ao seu Estado.
Em volta do reino bakongo havia outros Estados menores. Em virtude da distância do centro, eram considerados independentes teoricamente, na prática respeitavam a supremacia do "manicongo". (Manicongo: o mesmo que reino do Congo. Compreendia Matamba e Angola).
"Entre estes reinos distantes destaque para três: Ngoyo; Kakongo e Luango na costa do Atlântico a norte do estuário do Congo, área conhecida como Matamba atravessado pelo vale do Cuango a sudeste, e a região de Ndongo, que incluía quase toda a parte central de Angola, de ambos os lados do Rio Kuanza. Quando houve os primeiros contatos com os portugueses, o mais importante dos muitos pequenos chefes da região de Ndongo era um que possuía o título hereditário de Ngola, que os colonizadores deturparam dando mais tarde o nome de Angola à Colonia" (Oliver. R. E. Fage, 1980:139).
Em 3 de maio de 1560, o navegador português Paulo Dias Novaes chegou à barra do Cuanza, apesar de Diogo Cão ter sido o descobridor. A ocupação Lusa em Angola se deu efetivamente no século XVI. Favorecido pela diversidade étnica dos Bantos, Paulo Dias Novaes iniciou sussessivas guerras contra os sobas que resistiam à ocupação. Segundo historiadores "do ano de 1579 até hoje, Angola não teve mais do que 20 anos consecutivos de paz" (Folha de São Paulo, 1996:1-12). Apesar da resistência, o avanço do colonizador era incontestável, pois era uma luta extremamente desigual, valendo apenas a bravura daqueles pioneiros na batalha contra a expansão ultra-marítima. Um outro lado a considerar é que diversidade não cria unidade, desta forma a estratégia utilizada pelo colonizador foi de criar desentendimento entre as diferentes etnias, apoiados por outros reinos de seu interesse.
"Às surriadas de tiros das armas européias e luso-angolanas, ripostavam verdadeiros chuvadas de flechas e pedradas nustras, despedidas pelos indígenas. Por fim, a defesa cedeu, caindo na mão do exército grande número de prisioneiros, entre os quais Ngunza-a-Mbambe e seus macotas, imediatamente
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