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Lista Quimica Estrutura Eletronica Dos Atomos

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Por:   •  26/2/2015  •  2.924 Palavras (12 Páginas)  •  539 Visualizações

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Dos modos de re-existência:

Um outro mundo possível, a secalharidade

Texto “manifesto” que sustenta e enquadra o projeto “Anthropology and Dance Laboratory” de João Fiadeiro e Fernanda Eugénio a ser desenvolvido a partir de Setembro 2011.

1. O regime do “é”: a Modernidade e a existência como cisão entitária

Com frequência imaginamos a existência como algo que se desenrola dentro dos contornos que separam e permitem distinguir o eu do mundo e inauguram-na – ela própria, a existência – como mobilização infinita  empenhada na inesgotável tarefa de extrair o significado da “realidade”.

Este modo de operação – o do sujeito moderno em busca da explicação da realidade-objeto, ou o do sujeito-artista a “inventar realidade” para espectadores-objeto – está todo ele assente sobre um pressuposto entitário, segundo o qual a substância ou o ser (o “é” unívoco de cada coisa, dada por sujeito ou por objeto) antecedem as relações e as determinam.)

O pressuposto de que a “realidade” é um objeto “de verdade”, com leis de funcionamento e sentidos intrínsecos, e o pressuposto de que nós próprios, seres humanos, também temos um motivo (ainda que oculto) para estarmos vivos nesta “realidade”.

Sem dúvida, este é um modo de existir. Mas miserável e resignado, pois esquece-se voluntariamente e à partida, em troca de uma sensação qualquer de segurança (“Há uma razão para tudo isto, tem que haver”), que esta é uma imagem de mundo, e toma-a pelo mundo em si.

Fixa os termos em relação como cindidos e complementares – o sujeito e o objeto – e ocupa-se em reproduzi-los ad nauseum em séries de oposições binárias, mutuamente exclusivas e ao mesmo tempo perversamente simbióticas: a única forma concebível de relação é, então, aquela em que o outro fica a ser mais outro e o eu, mais eu, a cada vez em que se defrontam.

Desenha-se a certeza da existência como cisão, não como relação. Cisão entre sujeito e objeto, mas também entre verdade e ficção, forma e conteúdo, razão e emoção, pensamento e ação, corpo e mente, cientista e artista, artista e espectador, mestre e aprendiz, etc. 

2. O regime do “ou”: a Pós-Modernidade e a resistência como cisão cambiante

Este regime de operação da existência, embora dominante no Ocidente moderno, nunca esteve em marcha sozinho: viu-se perturbado à partida com a concorrência disrruptiva de um outro funcionamento. Pois com frequência resistimos a essa imagem do mundo e duvidamos (“Haverá mesmo uma razão para tudo isto? Não serão muitas as razões? Ou nenhuma?”).

Os contra-discursos que injetam alternâncias interpretativas sobre as explicações – estas que supostamente apenas traduzem ou descobrem o “é” de conteúdo apriorístico de todos os entes e coisas da partilha sensível moderna – se inauguram praticamente ao mesmo tempo do que ela. Apoiados no mesmo pressuposto entitário de que os termos da relação têm contornos que a antecedem, eles insurgem-se, entretanto, contra a hierarquização e o estancamento dos conteúdos “envelopados” por cada contorno: sugerem a possibilidade de alternância, sugerem a simetrização dos termos ao tornar pensável a cambialidade dos seus conteúdos.

Contra a prisão viciosa da complementaridade que embala em sono dogmático aquilo a que chamamos de Modernidade, imaginamos diversas vezes e em muitas esferas da própria Modernidade, um mundo no qual o “é” convicto foi pensado em termos de “ou” oscilante.

Amplo movimento que despontou aqui e ali, outrora e hoje, nas artes e nas ciências, discurso que conviveu com o “Planeta Logos” moderno desde a sua fundação, na condição de sua “Lua Romântica”, e se tornou visível com contundência (porque se nominou: a Pós-Modernidade) a partir de meados do século passado. Um mundo em que a existência é experimentada como “resistência”, que, no entanto, não faz senão proliferar os disciplinados binarismos “conteudistas” do regime moderno em um batalhão de certezas incertas. Proliferação de “Eus”, proliferação de “artistas”, resultante da pretensão de cancelar a relação hierárquica “sujeito versus objeto” através da proclamação – e mesmo, às vezes, da ordenação mandatária – de sua simetrização.

Julga-se assim superar a cisão “sujeito versus objeto”, não através da supressão da própria cisão, mas da deliberação de que esta separa, isso sim, “sujeitos versus sujeitos”. Há, então, tão somente uma troca dos elementos divididos pela cisão – ela própria, no entanto, é conservada. O objeto, o dado ou a realidade são aí suprimidos como certezas, substituídos pela interpretação e pela aleatoriedade cambiante dos conteúdos, pelo jogo com sentidos liberados, pelo igualitarismo também ad nauseum que se prolifera em ou, ou, ou.

Se no regime sensível moderno, a agência, a intencionalidade, a existência, são encerradas na lista de atributos exclusivos do sujeito, no regime do “ou” todo objeto ou ente é elevado à condição de agente identitário “igual”.

Mas condenamo-nos, nesta partilha do sensível, à arbitrariedade de intencionalidades, que concedem na existência equiparável das demais apenas sob a condição inevitável de fazerem-se surdas umas às outras. “Tudo pode”, festejo triste da suposta morte dos binarismos e das hierarquias, assentado no entanto no binarismo inalterado que só enxerga as alternativas opostas da rigidez ou da “liberdade” espontaneísta e sem bússola dos mil pequenos tiranos que seriam cada um de nós – as pessoas “comuns” agora “autor-izadas” a intervir cada qual com sua opinião, zelosamente sacralizada pelo relativismo reinante.  

Troca-se assim a rigidez de uma existência segura porém miserável pelo liberalismo da resistência, não menos miserável, do desejo de alternativas, que por fim não instaura outra coisa senão um generalizado “tanto faz”.  Se no primeiro regime zela-se pela certeza das “condições iniciais” (a realidade que “já é” desde o princípio), no segundo zela-se por sua conspurcação em realidade qualquer. Algum ganho de mobilidade, de fato, na medida em que a explicação unívoca se fragmenta na polifonia da “diversidade” interpretativa das visões de mundo.

Mas a brecha na representação não tarda em se suturar: a interpretação entra com ainda mais pressão no ralo da autoria que a explicação por ela criticada.

Essa existência

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