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O COMPORTAMENTO SUICIDA: REVISÃO DAS ESTRATÉGIAS DE APOIO AO ESTUDANTE DE MEDICINA

Por:   •  29/6/2020  •  Trabalho acadêmico  •  3.229 Palavras (13 Páginas)  •  230 Visualizações

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COMPORTAMENTO SUICIDA: REVISÃO DAS ESTRATÉGIAS DE APOIO AO ESTUDANTE DE MEDICINA

Caio Bechtold¹

Marco Serapião²

Lilian Adriana Borges³

RESUMO

        Segundo dados da Organização Mundial da Saúde, quase 1 milhão de pessoas tiram suas vidas anualmente, o que torna o suicídio um sério problema de saúde pública. Entre os estudantes de medicina, um dos grupos mais afetados, o suicídio representa a segunda maior causa de morte. Esta revisão literária busca compreender a eficácia das estratégias de combate ao suicídio entre os graduandos de medicina, bem como, a partir de literatura técnica específica sobre o assunto, identificar fatores desencadeantes. Discutem-se algumas das metodologias aplicadas no enfrentamento do problema nas universidades e as potencialidades dos fatores de risco, visando melhor entendimento acerca dos grupos mais vulneráveis.

Palavras-chave: Saúde mental; Suicídio; Depressão; Acadêmicos de medicina.

1 INTRODUÇÃO

        O suicídio é considerado um problema de saúde pública pela Organização Mundial da Saúde (OMS), Cerca de 800 mil pessoas acabam com suas vidas todos os anos no mundo, o que equivale a uma morte a cada 40 segundos. Dentre estas vidas interrompidas, uma boa quantidade destas pessoas é de idade pouco avançada. Segundo dados da OMS, suicídio é a segunda maior causa de morte em jovens entre 15 e 24 anos, uma boa parte destes jovens estudantes universitários. Quando se faz um comparativo das taxas de suicídios entre os estudantes de diferentes cursos, observa-se que os cursos de medicina apresentam números elevados. As taxas deste nos acadêmicos de medicina são maiores do que as da população geral e de outros grupos acadêmicos.

Diversos são os fatores que acarretam prejuízo para a saúde mental do estudante e que podem levar a atentados contra a própria vida, tais como, sentir-se sobrecarregado, alterações no padrão de sono, avaliação ruim sobre desempenho escolar, dificuldades para socializar-se, incertezas sobre a vida acadêmica e falta de apoio emocional. A soma de um mais destes diversos fatores preditivos podem desencadear  nos estudantes  uma série de problemas que envolvem saúde mental, que podem evoluir para doenças mais graves e eventualmente a morte.

 Diante desse contexto, a adoção de estratégias que tenham por objetivo auxiliar no bem estar psicológico dos estudantes durante a formação médica mostra-se essencial hodiernamente. Diversas medidas podem ser citadas como por exemplo, instituições de ensino superior  fornecerem aos alunos um espaço para reflexão sobre seus sentimentos e emoções, diante de uma conversa aberta e sincera sobre as vulnerabilidades, limitações e patologias dos estudantes. Além disso, a valorização dos relacionamentos interpessoais e de fenômenos do cotidiano, a organização do tempo e os cuidados com a saúde como alimentação e sono também devem fazer parte destas estratégias.

 Devido a importância do tema, bem como o movimento crescente nos índices de suicídios entre os futuros profissionais da saúde, este artigo tem como intuito revisar e explorar profundamente tais estratégias com a finalidade de frear comportamentos suicida nos alunos, bem como identificar e mapear fatores de risco.

  1. REFERENCIAL TEÓRICO

        

Apesar de se tratar de um tema recorrente e de extrema importância, a literatura acerca dos estudos sobre os fatores que podem desencadear comportamento suicida nos estudantes é extremamente limitada, o que faz com que o tema se torne, de certa forma, um tabu. Nesta revisão literária não se busca pela identificação de fator único prevalente que seja responsável pelo aumento dos números destes casos, mas sim, entender a mecânica por trás da associação de fatores que desencadeiam tais comportamentos suicidas.

 Os principais fatores estudados nas literaturas utilizadas na construção deste artigo por muitas vezes coincidem e são encabeçados por depressão, excesso de carga horária e abuso de substâncias, fatores estes que, somados com a habitual ansiedade gerada pela formação acadêmica, a dificuldade em habituar-se a lidar com situações que envolvem aspectos relacionados à morte, e a insegurança de boa colocação profissional no mercado de trabalho ao final do curso fazem com que a situação psicológica vivida por estudantes de medicina se torne gatilho para estes comportamentos. Os altos valores financeiros envolvidos na formação acadêmica do profissional médico contribuem para o desenvolvimento de quadro de ansiedade e depressão. O investimento realizado pelas famílias nestes alunos, principalmente em alunos da rede privada de ensino, que é consideravelmente elevado, especialmente, quando comparado a outros cursos de ensino superior, gera uma autocobrança nos alunos, que buscam garantir o retorno do investimento feito.

Durante o processo de formação acadêmica do médico, em diversos momentos de atividades práticas e rotinas de visitas a pacientes e ambientes hospitalares, os acadêmicos estão constantemente expostos a uma série de agentes agressores que implicam risco à saúde. O contato com pacientes e ambientes contaminados com diversas doenças é fator agravante na evolução de quadros de depressão e ansiedade. A sensação de exposição a tais agentes faz com que a carga de estresse carregada por estes alunos aumente ainda mais devido ao medo iminente de uma contaminação. Embora os protocolos de segurança existam e sejam amplamente aplicados com boa efetividade, a simples proximidade com algumas doenças ataca o psicológico dos acadêmicos em questão. A soma destes fatores leva a uma evolução em quadros de estresse e ansiedade.  Estudos comprovam que apesar do alto nível de aflição apenas de 8% a 15% dos estudantes de medicina procuram atenção psicológica ou psiquiátrica durante a formação, e muitas vezes esbarram em um sistema de saúde despreparado para receber e devidamente orientar pacientes com potencial de comportamento suicida, o que torna mais dificultosa a identificação e todo o processo terapêutico.

Dentro da literatura explorada, é constante o apontamento de que tanto estudantes de medicina, quanto profissionais médicos e até professores recebem pouco treinamento acerca de identificação e prevenção de suicídios. Escolas médicas e hospitais de treinamento ainda não atingiram o patamar necessário de conscientização e o tema é pouco discutido embora o quadro possa ser revertido ao longo da formação médica.

A prevenção do suicídios é função dos médicos, e o reconhecimento da depressão, bem como a identificação de fatores que agravam a ansiedade nos alunos é fundamental para se iniciar qualquer tratamento. O papel das instituições de ensino é fundamental na prevenção. Desde os momentos iniciais da formação os tutores e professores devem estar atentos a sinais que indiquem um possível comportamento suicida, e também, outro  papel fundamental das escolas médicas oferecer um canal seguro, personalizado e confidencial ao aluno para que este encontre espaço confortável para discutir temas pessoais e principalmente as dificuldades enfrentadas ao longo da formação.

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