Questões de Embriologia do Sistema Nervoso
Por: Morfo 2 T02 • 5/3/2017 • Pesquisas Acadêmicas • 4.402 Palavras (18 Páginas) • 1.518 Visualizações
1. Quais são as semelhanças entre os nervos cranianos e espinais? Quais são as diferenças?
Os nervos cranianos e espinais são homólogos, mas eles são diferenciados pelo fato de a composição dos nervos cranianos ser muito menos consistente. Os neurônios motores de ambos se encontram nas placas basais do sistema nervoso central, e os gânglios sensoriais, derivados da crista neural, se encontram fora do sistema nervoso central. As fibras dos neurônios sensoriais formam sinapses com neurônios nas placas alares da medula espinal e do cérebro. Três nervos cranianos (I, II e VIII) são completamente sensoriais; quatro (IV, VI, XI e XII) são completamente motores; três (VII, IX e X) têm fibras motoras, sensoriais e parassimpáticas; e um (III) tem apenas componentes motores e parassimpáticos. Em contrapartida, todos os nervos espinais têm fibras motoras e sensoriais.
2. Quais componentes unidos formam o nervo espinal? Qual é a diferença entre a raiz dorsal, a raiz ventral, o ramo primário dorsal e o ramo primário ventral? Quais tipos de fibras (sensoriais ou motoras) são encontradas em cada lado dessas estruturas?
Os componentes que se aproximam para formar o nervo espinal são as raízes dorsal e ventral, que contêm fibras sensoriais (aferentes) e motoras (eferentes), respectivamente. Os corpos celulares dos neurônios motores estão localizados nos cornos ventrais da medula espinal, enquanto os dos neurônios sensoriais se localizam fora da medula espinal, nos gânglios da raiz dorsal, e são derivados das células da crista neural. Portanto, os nervos espinais contêm tanto fibras motoras quanto fibras sensoriais. Cada nervo espinal é muito curto e se divide quase imediatamente em cada forame intervertebral em um ramo primário dorsal (para os músculos do dorso) e um ramo primário ventral (para os músculos dos membros e da parede corporal). Cada um desses ramos é um nervo misto contendo fibras motoras e sensoriais.
3. Em que nível é realizada uma punção lombar? Do ponto de vista embriológico, por que isso é possível?
Uma punção espinal é realizada entre as vértebras L4 e L5 porque a medula espinal termina no nível de L2 e L3. Assim, é possível obter líquido cerebrospinal nesse nível sem danificar a medula espinal. O espaço é criado porque, após o terceiro mês, a medula espinal, que inicialmente se estendia por todo o comprimento da coluna vertebral, não se alonga tão rapidamente quanto a dura-máter e a coluna vertebral, de modo que, no adulto, a medula espinal termina no nível de L2 e L3.
4. Qual é a base embriológica para a maioria dos DTNs? Eles podem ser diagnosticados no prénatal? Há algum meio de intervenção?
A base embriológica da maioria dos defeitos do tubo neural é a inibição do fechamento das pregas neurais nos neuroporos cranial e caudal. Por sua vez, ocorrem defeitos nas estruturas circunjacentes, resultando em anencefalia, alguns tipos de encefalocele e espinha bífida cística. Déficits neurológicos graves acompanham as anomalias nessas regiões. Os defeitos no tubo neural que ocorrem em aproximadamente um a cada 1.500 nascimentos podem ser diagnosticados no prénatal por ultrassonografia e por altos níveis de α-fetoproteína no soro materno e no líquido amniótico. Evidências recentes mostraram que a suplementação diária de 400 mg de ácido fólico 3 meses antes da concepção evita até 70% desses defeitos.
5. Uma ultrassonografia pré-natal revela um feto com crânio aumentado e expansão dos ventrículos laterais. Como essa condição é chamada e o que poderia causá-la?
A hidrocefalia resulta do bloqueio do fluxo do líquido cerebrospinal dos ventrículos laterais através do forame de Monro e do aqueduto cerebral para o quarto ventrículo e dali para o espaço subaracnoide, onde ele seria reabsorvido. Na maioria dos casos, o bloqueio ocorre no aqueduto cerebral, no mesencéfalo. Ele pode ter causas genéticas (doença recessiva ligada ao X) ou infecciosas (toxoplasmose, citomegalovírus).
6. Quais são as duas partes do SNA? Onde seus respectivos neurônios pré-ganglionares estão localizados? Quais células embriologicamente originam seus neurônios pós-ganglionares?
O sistema nervoso autônomo é composto pelos sistemas simpático e parassimpático. A parte simpática tem seus neurônios pré-ganglionares localizados no corno intermediário da medula espinal de T1 até L2. A parte parassimpática tem origem craniossacral, com seus neurônios préganglionares no encéfalo e na medula espinal (S2-S4). O efluxo craniano é levado pelos nervos III, VII, IX e X. Os corpos celulares pós-ganglionares de ambos os sistemas são derivados das células da crista neural.
7. O placódio ótico tem participação importante na formação da orelha interna. O que é um placódio e onde se forma o placódio ótico? Para quais estruturas ele contribui na orelha interna?
Um placódio é uma região de ectoderma cuboide que se espessa e assume um formato colunar. Os placódios óticos se formam em ambos os lados do prosencéfalo e então invaginam, formando as vesículas óticas. Os placódios originam os órgãos sensoriais, e os placódios óticos não são exceção. Assim, formam-se evaginações tubulares a partir da vesícula ótica, e elas se diferenciam no sáculo, no utrículo, nos canais semicirculares e nos ductos endolinfático e coclear. Juntas, essas estruturas constituem o labirinto membranoso da orelha interna.
8. Qual é a origem embriológica da cavidade timpânica (orelha média), da tuba auditiva e da membrana timpânica (tímpano)?
A cavidade timpânica (orelha média) e a tuba auditiva são derivadas da primeira bolsa faríngea e são revestidas por endoderma. A bolsa se expande lateralmente e incorpora os ossículos da audição, gerando a cavidade da orelha média, enquanto a parte medial se alonga e forma a tuba auditiva, que mantém uma conexão aberta com a faringe. A membrana timpânica (tímpano) se forma a partir do tecido que separa a primeira bolsa faríngea da primeira fenda faríngea. Ela é revestida internamente por endoderma e externamente por ectoderma, com uma camada fina de mesênquima no meio.
9. Um recém-nascido tem microtia bilateral. Você deve se preocupar com outras malformações? Qual população celular poderia estar envolvida com a origem embriológica desse defeito?
A microtia envolve defeitos na orelha externa que variam desde orelhas pequenas, porém bem formadas, até a ausência de orelhas (anotia). Outros defeitos ocorrem em 20 a 40% das crianças com microtia ou anotia, incluindo o espectro oculoauriculovertebral (microssomia hemifacial), no qual os defeitos craniofaciais são assimétricos.
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