Reprodução De Tilápias
Artigos Científicos: Reprodução De Tilápias. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: artydf • 29/3/2014 • 3.199 Palavras (13 Páginas) • 636 Visualizações
1- Introdução
Atualmente, o grupo das tilápias é o de maior potencial para a piscicultura (Stickney, 2000) em países de clima tropical e subtropical (Campos-Ramos et al., 2003; Desprez et al., 2003).
O desenvolvimento e a intensificação da piscicultura são dependentes do sucesso no controle e manipulação de algumas funções fisiológicas e, dentre elas, a reprodução. Nos últimos 15 anos, os esforços de pesquisa têm se voltado para a procura de métodos confiáveis de produção de progênies de indivíduos de um determinado sexo. Várias são as opções para se conseguir isto, incluindo os métodos genéticos, os não genéticos ou mesmo a combinação entre eles.
A técnica mais prática de se obter populações monosexo de tilápias é a manipulação do sexo fenotípico do peixe, pelo tratamento com esteróides sexuais, e esta técnica da reversão sexual passou a ser encarada como a grande solução para o problema dasuperpopulação da tilápia do Nilo, embora encontre resistência do consumidor quanto ao produto final, custo e reversão incompleta.
Em virtude da rápida taxa de crescimento, da adaptação às diversas condições de cultivo (Hayashi, 1995; Boscolo et al., 2001) e da grande aceitação pelo mercado consumidor, as espécies do gênero Oreochromis, em especial Oreochromis niloticus (Lovshin, 1998), são consideradas uma das espécies mais importantes para as condições de cultivo (Meurer et al., 2000). Isso justifica a importância desta espécie, que é a segunda mais cultivada no mundo (Lovshin, 1997; Alceste & Jorry, 1998) e a primeira no Brasil (Lovshin & Cyrino, 1998).
Na tilápia-do-Nilo (Oreochromis niloticus), os machos apresentam melhor crescimento e melhor desempenho na engorda, uma vez que as fêmeas, além de utilizarem grande parte, de suas reservas para as atividades reprodutivas, não se alimentam durante o período da incubação oral dos ovos, sendo indicada a criação de populações monossexo macho (PHELPS & POPMA, 2000; BEARDMORE et al., 2001).
A rusticidade, a produtividade, o rendimento em filé e a qualidade da carne da tilápia do Nilo, contribuíram para despertar o interesse pelo cultivo (FAO, 1987). Porém, o controle reprodutivo é o maior desafio no cultivo dessa espécie, pois a maturação precoce e a reprodução descontrolada levam ao superpovoamento dos tanques, implicando em competição por espaço e alimento, ocasionando baixo crescimento e heterogeneidade no tamanho, dificultando uma criação mais racional reprodutiva (WOHLFARTH e HULATA, 1981; MACINTOSH et al., 1985).
A reprodução acontece de forma natural nos meses quentes do ano, sendo nos meses mais frios realizada em estufas.
As tilápias apresentam desovas parceladas e baixa fecundidade, que no gênero Oreochromis pode alcançar índices de 6.000 a 13.000 ovos/kg/desova (Phelps & Popma, 2000). Esta baixa fecundidade é compensada pela característica de desovas assincrônicas, associada às altas taxas de sobrevivência das proles, em virtude do cuidado parental, do tamanho das larvas ao nascer e da incubação bucal dos ovos e/ou larvas (Turner & Robinson, 2000). Associada às características reprodutivas, as tilápias apresentam ainda maturação sexual precoce, fato que pode levar a problemas em condições de cultivo, como desvio da energia destinada ao crescimento para a reprodução, superpopulação e queda da qualidade de água (Stickney, 2000).
Apesar do grande potencial para exploração em um sistema de criação em escala industrial, a tilápia tem sido pouco utilizada, principalmente, devido à baixa disponibilidade de alevinos monossexo e de boa qualidade.
A maioria da produção é direcionada para a reversão do sexo, sendo o tamanho das larvas de fundamental importância para que haja absorção do hormônio masculino e uma boa atuação na regressão das gônadas femininas.
Dessa forma, a possibilidade de se produzir alta porcentagem de alevinos machos, com a utilização de hormônios esteróides, pode se tornar uma forma de aprimorar e disseminar o cultivo dessa espécie.
2- Reversão Sexual
A reversão sexual é possível nas tilápias, pois estas não nascem com o sexo definido, sendo induzidos a tornarem-se machos ou fêmeas através do uso de hormônios desde a data da coleta de larvas até o 28º dia.
O controle da diferenciação sexual, utilizando esteróides, tem sido realizado em diversas espécies de peixes teleósteos, em que os andrógenos levam à masculinização e estrógenos à feminilização (Yamamoto, 1969).
Respostas diferenciadas são observadas em diferentes estados ontogênicos, tanto em metodologias empregando suplementação dietética dos hormônios 17 a-metiltestosterona (Hiott & Phelps, 1993; Blázquez et al., 1995), 17 a-metildihidrotestosterona (Blázquez et al., 2001), quanto por imersão em 17 a-metiltestosterona (Billy & Liley, 1985; Piferrer & Donaldson, 1989), 11 b hydroxyandrostenodiona (Fiest et al., 1995), testosterona (Koger et al., 2000) e 17 b-estradiol (Krisfalusi & Nagler, 2000).
A combinação de alta temperatura e boa qualidade da ração pode induzir a larva a passar muito rapidamente pela estreita fase da susceptibilidade da reversão sexual.
PANDIAN & SHEELA (1995) relacionaram as vantagens e desvantagens do uso de hormônios na reversão sexual em peixes. Dentre as vantagens são citadas:
a) o tratamento hormonal assegura maximização do crescimento;
b) aumento do valor comercial de peixes destinados ao consumo e diminuição dos custos de produção de peixes ornamentais;
c) eliminação da maturidade precoce em machos;
d) a técnica por si própria (peixes vivíparos) ou em combinação com a indução de poliploidia, permite a produção de matrizes para a produção de populações 100 % machos, 100 % fêmeas ou 100 % estéreis;
e) pesquisas nesta área têm ajudado no entendimento dos mecanismos dos processos de determinação e diferenciação sexual.
Como desvantagens da técnica de reversão os dois autores relacionam:
a) os resíduos dos esteróides administrados são carcinogênicos e podem afetar a consumidores;
b) a indução hormonal da reversão sexual pode se tornar um processo estressante e resultar em baixas taxas de sobrevivência;
c) a reversão sexual pode retardar a maturidade sexual e
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