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Ressonância magnética funcional

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Por:   •  23/8/2013  •  Tese  •  953 Palavras (4 Páginas)  •  594 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O tema que iremos discorrer é sobre as várias faces entre música e

neurociência, principalmente no que tange à importância dos estudos em relação

à organização cerebral das chamadas funções musicais. O interesse crescente

nas pesquisas da relação música e cérebro, a meu ver, são reflexo de dois

fatores. O primeiro relaciona-se à introdução recente de novas técnicas de

neuroimagem, como a tomografia com emissão de pósitrons (TEP) e a

ressonância magnética funcional (RMF), que permitem “visualizar” as

mudanças funcionais e topográficas da atividade cerebral durante a realização

de funções mentais complexas1,2,3,4. Assim, já é possível estudar as mudanças

regionais do fluxo sangüíneo do metabolismo e da atividade elétrica cerebral

durante tarefas de natureza cognitiva, como, por exemplo, enquanto um

indivíduo processa estímulos sonoros, sejam estes meros sons puros senoidais,

ruídos, padrões rítmicos ou mesmo “música”, em sua acepção ampla. O

interesse pela música relaciona-se ou reflete uma mudança de paradigma, que

está ocorrendo tanto nas ciências humanas como nas ciências biológicas, e

insere-se no terreno da interdisciplinaridade, no qual as especializações dão

lugar às fronteiras e à unificação de áreas, antes seccionadas do conhecimento

como as ciências e as artes. Neste contexto, não é de surpreender o crescente

interesse na pesquisa das intricadas relações entre a “música” e a medicina,

com ênfase à fisiologia, à neurologia e à psiquiatria.

MÚSICA E CÉREBRO

Inicialmente, é importante ressaltar aquilo que nós chamaremos de música

em nossa exposição. Consideramos como música, independentemente de toda

conotação estético-cultural que esta envolve, todo o processo relacionado à

organização e à estruturação de unidades sonoras, seja em seus aspectos temporais

(ritmo), seja na sucessão de alturas (melodia) ou na organização vertical

harmônica e tímbrica dos sons. Entendemos por funções musicais o conjunto de

atividades motoras e cognitivas envolvidas no processamento da música5

. A

música não resulta apenas da disposição de vibrações sonoras, mas sim da estruturação dessas vibrações em padrões temporais

organizados de signos, cuja forma, sintaxe e métrica

constitui-se em um verdadeiro “sistema” independente e

complexo, no qual significante e significado irão

remeter-se à estrutura da própria música, isto é, à forma e

ao estilo musical. Assim, falar sobre as relações

fisiológicas, comportamentais, psíquicas e afetivas entre a

música e o cérebro humano é remetermo-nos ao diálogo

entre esses dois sistemas cibernéticos complexos

autônomos e interdependentes – a música e o cérebro.

Assim, o processamento musical envolve a integração

bidirecional entre os componentes da estrutura e da sintaxe

musicais (ritmo, estrutura, intencionalidade) e os

componentes funcionais do próprio cérebro6,7. O

reconhecimento de alterações fisiológicas, acompanhando

o processamento musical, pode auxiliar o desenvolvimento,

em bases funcionais, de procedimentos para intervenção

musical adequados. Assim, as alterações fisiológicas da

estimulação sonora podem refletir-se nas mudanças dos

padrões, no reflexo de orientação, na variabilidade das

respostas fisiológicas envolvidas em processos de atenção

e expectativa musicais ou na mudança de freqüência,

topografia e amplitude dos ritmos elétricos cerebrais6,7,8,9

.

É importante ressaltar que o interesse pela relação

música-cérebro não reside somente no fato de a estimulação

sonora envolver funções neuropsicológicas bastante

complexas com ativação de áreas corticais multimodais, mas

pelo fato de a música estar, historicamente, inserida no campo

das artes, com toda a conotação cultural e simbólica que

isso acarreta. O fazer musical encerra e integra as funções

do sentir, do processar, do perceber em estruturas ou em

uma estética de comunicação que é, por si só, forma e conteúdo, corpo e espírito, mensageiro e mensagem.

A música, nas suas várias manifestações enquanto

estética, terapia ou ritual, evoca o humano e sua

contradição. Seus elementos de lógica, proporção e

simetria estão intimamente relacionados e imbricados

aos elementos de tensão, de relaxamento, que são

sentidos, ou conceitualmente interpretados somente em

bases

...

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