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Por:   •  24/3/2015  •  1.214 Palavras (5 Páginas)  •  450 Visualizações

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Quem estuda a loucura desde os tempos da antiguidade sabe que ela já foi explicada das mais variadas formas, uma delas é como forma do humano manifestar-se. Explicações construídas na mitologia, religião, sociedade e pela comunidade científica. A loucura já foi tida como manifestação dos deuses na Grécia antiga, como expressão da força da natureza na Idade Média, como possesão de maus espíritos, marcada por práticas severas, como transgressão da moral,e nesse contexto surge a associação com a periculosidade, uma vez que representa o não controle, a ameaça e, consequentemente o perigo, e por último o saber médico com possibilidades de cuidados e tratamentos.

A loucura passa a ter um caráter moral, transformando-se em algo que desqualifique. As pessoas que não se enquadravam no padrão normal estabelecido, eram considerados loucos e logo não poderiam ficar nas ruas, pois seriam extremanente perigosos. Velhos, crianças abandonadas, aleijados, mendigos, portadores de doenças venéreas e os loucos passaram a ser agregados e enviados a lugares onde não atrapalhariam o restante da população, passaram a ocupar verdadeiros depósitos humanos.

A preocupação dos governantes em encontrar solução para abrigar e alimentar um grande número de pessoas que eles alegavam ser incapazes, mendigos, criminosos, e loucos seria devido ao fato de que eles não poderiam contribuir para a movimentação de produção, do comércio e consumo. Essa ociosidade deveria ser combatida a qualquer custo, não havia objetivo de tratamento, mas sim de punição.

Foram criados os primeiros hospitais psiquiátricos, também chamados de manicomios e hospícios. Caracteriza-se como um lugar onde são confinados, na maioria das vezes sem o direito de escolher, um lugar de segregação. O modelo manicomial era considerado uma forma de tratamento psiquiátrico autêntico para a organização social na era moderna. Os primeiros hospícios europeus foram criados no século XV, mas se expandiram no século XVII, já no Brasil, em 1952, é inaugurado no Rio de Janeiro, o Hospício D. Pedro II.

A institucionalização da loucura, que tem no manicômio o seu maior representante, através de uma cultura asilar de isolamento, cujo tratamento moral, com seus ideais de punição, promove o surgimento de verdadeiras ‘fábrica de loucos’, que discrimina, isola, vigia e tem, na doença, o seu único e absoluto objeto. A doença era sempre colocada em evidência, não havia uma atenção ao sujeito, não era considerado sua totalidade, mas resumida à sua doença.

O filme “Bicho de Sete Cabeças”, mostra a realidade por de trás dos murros e dos belos jardins das instituições manicomiais. É um filme duro, chocante e cruel porque apresenta a realidade dos hospícios, a medicina manicomial e a crueldade dos profissionais que trabalham nessas instituições, com cenas de violência e extremo descaso pelo ser humano.

Assim como no filme, onde um jovem é deixado no hospício pelo pai, por ter atitudes que o pai reprova e não considera normal. Muitas famílias agem da mesma forma, cheios de boas intenções, e acabam se tornando cúmplices do hospício e de suas cruéis torturas. Familias que preferem se livrar do ‘problema’ por ser mais fácil e cômodo, e pensam que enviando o doente para um lugar que julgam estar preparado para acomodá-lo e curá-lo estão contribuindo muito para o tratamento dessas pessoas. O que essas famílias não sabem que o manicômio que deveria curar o paciente, acaba deixando louco e mais alienado do que nunca.

Os pacientes dos manicômio, são efetivamente destituído de razão, perdem o direito de ser considerado sujeito igual aos demais, não lhes é permitido nenhum tipo de escolha, nem liberdade, restando-lhes a alienação e separação da vida social. Tudo por que a sociedade é cruel, e não permite o erro e nem acredita no perdão, apenas julga e despreza quem mais precisa ser acolhido.

O filme também mostra que a assistência desses hospitais estava baseada somente na internação, ou na exclusão do paciente da sociedade, não há uma preocupação diária com a higiene e com a privacidade dos pacientes, e o médico não estava presente todos os dias e quando estava mostrava um desprezo e descaso com os pacientes, nem sequer parando para ouvi-los. E o filme mostra ainda a mercantilização da loucura, outra denúncia feita pelo filme, onde é dado um incentivo a instituição pelo número de pacientes existentes no local, o que fazia com que pacientes sem problema nenhum fossem internados. É a institucionalização do lucro, como mediador entre as relações de cuidado em saúde mental.

A reforma psiquiátrica, surge no Brasil na década de 70, onde são registradas várias denúncias quanto à política brasileira de saúde mental

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